Lislaine Gonçalves Newmann, de 22 anos, diz que irá guardar a foto para mostrar ao seu filho quando for maior.| Foto: Caio Zanotto / Arquivo pessoal

Entre os tantos momentos de emoção que envolvem a gestação, um dos mais especiais é o registro fotográfico da barriga. Para muitas mães, porém, um book não faz parte das prioridades da gravidez. Pensando nisso, a Unidade de Saúde Osternack, em Curitiba, passou a oferecer um ensaio fotográfico gratuito para as gestantes que fazem o pré-natal na unidade.

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A oportunidade é única na vida dessas mulheres, segundo a organizadora do projeto, a dentista Cleide Alice Zanotto da Silva, que faz o tratamento pré-natal odontológico dessas mães no posto de saúde e tem a fotografia como hobby. Ela idealizou a ação para oferecer às pacientes um momento especial e aproximar ainda mais mães e bebês. “Essas mulheres vivem em situação de vulnerabilidade social e muitas vezes não têm uma conexão com a gravidez. Um ensaio como esse ajuda a mudar isso”, explica a dentista.

Para participar, a grávida precisa fazer o pré-natal na US Osternack. Não há periodicidade para a realização dos ensaios, já que o tempo precisa colaborar, as mães devem ter disponibilidade na data e contar com o apoio da kombi da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, que as transporta. “Nós reservamos o uso da kombi para a data do ensaio. Mas pode ser que haja uma emergência e tenhamos que desmarcar”, explica a dentista.

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O convite é feito durante a consulta e também por meio de uma convocação, feita na casa das mães por agentes comunitários de saúde. A organização de quais mães serão convidadas depende da data do parto de cada uma, já que a prioridade é para as que estão com mais semanas de gestação e próximas a dar à luz.

Desde que o projeto começou, em junho de 2019, já foram feitos quatro ensaios com 17 grávidas. O cenário escolhido para todos os encontros foi o Parque Lago Azul, no bairro Umbará, próximo à unidade de saúde. As imagens são feitas separadamente de cada uma das gestantes. As fotos dos últimos books foram registradas pela própria dentista, que faz da fotografia seu hobby. Nos primeiros, ela teve a ajuda de seu filho, que se voluntariou para o projeto. “As fotos são muito simples porque não sou fotógrafa profissional. Mas usamos alguns objetos e roupas para deixarmos o cenário bem bonito”, conta Cleide.

Por ensaio, vão em média sete gestantes. Elas são levadas por uma kombi cedida pela US e a dentista arca com os custos da alimentação durante a tarde de ensaio, que vai das 13h30 até as 16h, sempre as sextas-feiras. Cleide seleciona 15 fotos de cada grávida e as envia por WhatsApp. Mas, além disso, ela também imprime uma foto e entrega para as mães, arcando, também, com os custos da impressão.

Gestante Laís Cariolato. Foto: Caio Zanotto/Arquivo Pessoal
Gestante Aline Costa Borio. Foto: Cleide Zanotto/Arquivo Pessoal
Gestante Beatriz Siqueira de Moura. Caio Zanotto/Arquivo Pessoal
Gestante Stefani Ribeiro. Foto: Cleide Zanotto/Arquivo Pessoal

Trabalho em grupo

Mas tanto trabalho não poderia ser feito sozinho. Além da dentista, toda a equipe de odontologia da US participa da ação. Ao todo, oito pessoas trabalham na organização e produção dos ensaios. Nos encontros, a equipe monta o cenário fotográfico e ajuda a colocar as roupas nas grávidas. “A gente deixa elas bem livres para decidirem se preferem usar as roupas delas ou as que levamos para o ensaio”, conta Cleide.

Para toda a equipe, todo o esforço é recompensado quando as mães recebem as fotos. “O book é muito importante para essas mulheres. Esse é um momento em que muitas delas não estão se achando bonitas e quando olham o resultado, a beleza da barriga, até mudam de ideia e dizem que vão sentir saudades dessa fase”, diz a dentista.

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Essa é exatamente a saudade de Lislaine Gonçalves, de 22 anos, que participou do ensaio e teve seu filho há menos de um mês. “Quando ela mandou as fotos eu pensei: nossa, que saudades da barriga. É diferente, as fotos são lindas e você fica emocionada. Vou guardar essas fotos para quando ele ficar maior”, conta a jovem.

Outras unidades

A idealizadora do projeto diz que gostaria de estender o projeto para outras unidades, mas não tem uma equipe que comporte tudo isso. “A gente até sente vontade de espalhar essa ideia para outras unidades de saúde de Curitiba, mas não tem como com a equipe e tempo que temos”, lamenta a dentista.