Após protestos de taxistas e motoristas de aplicativos semana passada, a pressão das duas categorias deve aumentar para cima do prefeito Rafael Greca (PMN) nos próximos dias. Terça-feira (23), taxistas fecharam a Avenida Cândido de Abreu, em frente à prefeitura, para cobrar fiscalização mais rígida em cima do transporte por aplicativos. Já os motoristas de Uber e Cabify bloquearam sábado (27) o trânsito na Rua Vicente Machado, exatamente em frente ao prédio onde Greca mora. Para quarta-feira (31), os motoristas de aplicativos prometem um novo protesto. Às 13h30, vão sair do Estádio da Vila Capanema, no Jardim Botânico, e vão primeiro à prefeitura e depois à Câmara de Vereadores. Já os taxistas não têm nenhum protesto marcado para essa semana. Isso desde que a prefeitura cumpra a promessa de aumentar o rigor na fiscalização sobre o Uber e Cabify.
Os taxistas chegaram a ser recebidos por representantes da prefeitura no protesto da semana passada. Saíram da sede municipal não só com a promessa de que a fiscalização do transporte por aplicativo seria reforçada, como ainda ganharam da gestão municipal uma campanha publicitária incentivando o uso de táxi, lançada no dia seguinte ao protesto. Frases como “Perdeu o ônibus, vá de táxi” ou “Tomou uma béra, vá de táxi” estão espalhadas em 700 placas do mobiliário urbano de Curitiba, principalmente próximas a pontos de táxi.
A pressão do lado dos profissionais de aplicativos é para que a gestão Greca regulamente esse tipo de serviço, o que, segundo a categoria, teria sido prometida na campanha eleitoral. Dessa forma, os motoristas poderiam trabalhar sem serem multados. “Queremos a regulamentação para podermos trabalhar sem sermos perseguidos pela Setran. Não estamos pedindo nada mais do que o Greca prometeu em campanha”, afirma Gabriel Grahl, que trabalha com um dos aplicativos há dez meses.
Manifestação e tensão
A concentração para o protesto de motoristas de Uber e Cabify está marcada para as 13h30 da próxima quarta (31), na Rua Dario Lopes dos Santos, atrás do Estádio Dorival de Britto e Silva (Vila Capanema). Dali, os manifestantes sairão em carreata até a prefeitura de Curitiba, onde farão uma parada de cerca de 20 minutos, partindo então para a Câmara Municipal de Curitiba.
De acordo com Grahl, a expectativa é de que 650 carros participem da carreata e que ela seja acompanhada por agentes da Secretaria Municipal de Trânsito ou do BPTran.
Ele diz ainda que não espera que haja conflito com taxistas, pois os ânimos entre os grupos estão mais calmos. “Estamos em contato com diversos taxistas, que também apoiam nossa regulamentação. Nosso desejo era contar com Uber, Cabify e taxi na manifestação, mas ainda tem taxistas que não estão a nosso favor”, diz.
Do outro lado, a opinião é de que há risco de confronto. “No momento em que começou a fiscalização, as pessoas acabaram ficando agitadas. Então, que existe risco, existe”, admite o presidente União dos Taxistas de Curitiba, Eduardo Fernandes.
Conforme Fernandes, o sindicato e as associações trabalham para evitar qualquer tipo de conflito, já que entendem que os aplicativos fazem parte da nova configuração do mercado, porém, afirmam que não podem se responsabilizar por ações individuais.
Grahl defende a regulamentação municipal – o projeto foi apresentado nesta legislatura, no início de abril, pelo vereador Bruno Pessuti (PSD). O projeto prevê a cobrança de taxas e encargos de quem trabalhar com aplicativos, além de exigir que os motoristas sejam cadastrados na Urbs, a empresa municipal que gerencia o transporte em Curitiba. A proposta, entretanto, não os equipara aos taxistas.
De acordo com Grahl, o problema é a lentidão na tramitação. “O projeto começou a tramitar ano passado, mas como trocou de prefeito, foi arquivado e agora foi reaberto. O ideal é que ele fosse colocado em pauta o mais rápido possível”, opina.
O projeto continua em análise na Câmara desde 11 de abril e a expectativa da própria prefeitura é de que a situação seja normalizada primeiro no âmbito federal. “Esperamos que a Câmara Federal aprove o mais rapidamente uma regulamentação para esses aplicativos”, disse o presidente da Urbs, José Antonio Andreguetto, logo após a reunião com os taxistas durante o protesto da semana passada.
Taxistas
Do outro lado,os taxistas se dizem satisfeitos com as primeiras ações da prefeitura. Mas os representantes da categoria insistem em considerar o serviço por aplicativos como está hoje como pirataria, o que, na visão dos motoristas de táxi, exigiria pulso mais firme da prefeitura.
“Temos que agradecer a prefeitura, pois já houve algumas blitzes contra a pirataria. Teve uma na rodoviária sexta-feira, por exemplo, e outra nesta segunda pela manhã”, comemora o presidente do Sindicato dos Taxistas do Estado do Paraná, Abimael Mardegan.
Porém, a manutenção da trégua da categoria, conforme enfatizam os representantes dos taxistas, depende exatamente do que foi prometido pela prefeitura à categoria: de aumentar o rigor na fiscalização dos veículos que operam pelo Uber e Cabify. “Nesse momento, não existe um plano para outra manifestação. Se a prefeitura fizer a parte dela, não temos porque retornar para a frente da prefeitura para protestar”, afirma o presidente da União dos Taxistas de Curitiba, Eduardo Fernandes.
Ainda assim – e apesar da campanha de publicidade iniciada pela administração municipal incentivando o uso de táxi –, alguns representantes da categoria cobram uma postura mais incisiva de Greca e devem acompanhar as ações do prefeito de perto. “Como gestor público, ele tinha que dar uma palavra sobre isso. Não quero que ele diga ‘não use o Uber’, mas que fale ‘não use transporte pirata, não use enquanto não for liberado’”, diz Mardegan.
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