O curitibano Stephan Prando, de 28 anos, uniu o útil ao agradável em uma aventura da qual jamais se esquecerá. Dono de Mustang 2014, o piloto só tinha duas opções para não se desfazer do veículo ao decidir deixar o Canadá e voltar para o Brasil, que era contratar uma transportadora internacional a um custo aproximado de R$ 50 mil ou trazer o veículo rodando na estrada. Não foi necessário pensar muito para chegar à escolha certa.
Foi então que, ao unir a mudança à aventura, o jovem cruzou as fronteiras do Canadá até o Brasil, percorrendo 20 mil km em 40 dias - tempo em que conheceu 17 países. Mas ele não fez a viagem sozinho. A condição dos pais era de que ele viajasse acompanhado de mais uma pessoa para minimizar os riscos.
Foi então que o goiano Marcelo Gomes, de 48 anos, entrou na história. Os dois saíram da grande Calgary, no Sul do Canadá, no dia 12 de junho, e 13 dias depois já estavam no Panamá, na América Central.
Obstáculos
Foi no Panamá que a dupla enfrentou o primeiro dilema da viagem. Como não conseguiria acessar a fronteira colombiana por terra, precisou exportar o carro e seguir viagem sem o veículo por 14 dias.
E não foram poucos os contratempos. Sem o carro, Prando não quis gastar o valor exorbitante das passagens aéreas, mas na cidade onde estava só conseguiria pegar um barco do local em duas semanas. O jeito que encontrou foi seguir para a capital, Cidade do Panamá, de carona pedida à beira da estrada, e procurar um avião monomotor com preço mais em conta. “Eu consegui entrar no aeroporto porque sou piloto e fui tentando encontrar um avião particular, pequeno mesmo, para alugarmos”, diz Prando.
Por U$ 300, conseguiu um piloto que levasse os dois viajantes até uma ilha no Panamá, de onde seguiram para outra localidade e dormiram em um acampamento militar. Depois da noite de descanso, chegaram na ilha de Caledônia, ainda no Panamá. “A terra lá é conservada pelos índios Kunas, então eles não falam espanhol. Esse foi o momento mais difícil, porque eles queriam cobrar muito caro para sairmos viagem de barco”, conta o viajante. Na negociação com os índios, Prando ficou cinco dias na ilha esperando uma proposta melhor. Infelizmente, não conseguiu e teve que pagar o valor inicial de U$ 100 para ir até Necolí, na Colômbia.
Depois de longas horas e um avião monomotor e barcos, recuperou o veículo em Cartagena, no Norte da Colômbia.
Em Honduras, na América Central - onde milhares saem às ruas quase que diariamente em protestos contra as reformas na Saúde e na Educação -, os dois amigos temeram encontrar atos violentos nas ruas. “Foi tenso por causa do perigo. Lá há muitas manifestações contra o governo e sempre têm civis e polícia fortemente armada na rua. Por sorte passamos por lá quando uma tempestade estava à caminho. Todos estavam dentro de casa”, conta o piloto.
Dormindo em hostels, quartos alugados e até mesmo em uma barraca que os acompanhou por toda a viagem, Prando e Gomes desceram a América do Sul passando por Colômbia, Equador, Peru, Chile e Argentina.
O restante da viagem seguiu com menos aventura. Mas nem por isso foi menos empolgante. Os dois amigos cruzaram a fronteira do Brasil por Foz do Iguaçu no dia 19 de julho. O objetivo dos dois viajantes era chegar em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, até o dia 21 de julho. E chegaram exatamente na data estipulada. Tanto os amigos como o Mustang foram recebidos recebidos por assobios e aplausos durante uma festa de recepção.
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