Brigadeiros envenenados levaram adolescente à UTI e mais duas pessoas foram internadas em 2012.| Foto: /

A doceira Margareth Aparecida Marcondes foi condenada na madrugada desta terça-feira (8) a 30 anos e três meses de prisão em regime inicial fechado por quatro tentativas de homicídio pelo envio de bombons envenenados a adolescentes de Curitiba em 2012. O julgamento começou por volta das 13h de segunda-feira (7) e encerrou por volta das 2h desta terça (8).

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Conforme a decisão do 1.º Tribunal do Júri de Curitiba, Margareth poderá recorrer em liberdade, mas está proibida de se aproximar das vítimas. Ela também deve comprovar endereço e atividade lícita à Justiça a cada três meses e não pode se ausentar da comarca em que reside sem autorização.

O crime aconteceu na tarde do dia 12 de março de 2012, quando Margareth mandou um taxista entregar os doces na casa da família de uma adolescente, à época com 14 anos, no bairro Umbará. A menina ficou internada oito dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Clínicas (HC) e teve duas paradas cardíacas. A encomenda foi enviada com um bilhete que dizia para ela provar os doces.

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Outros três adolescentes também experimentaram os bombons e foram encaminhados para hospitais com intoxicação alimentar.

Margareth foi identificada pela polícia nas imagens do circuito de segurança de um shopping de Curitiba, onde foi vista deixando a caixa de brigadeiros com o taxista, no bairro Capão Raso. Os policiais a prenderam na madrugada do dia 31 de março enquanto dormia em seu carro na praia de Barra Velha, em Santa Catarina.

Durante as investigações, a empresária chegou a confessar o crime à Divisão de Investigações Criminais (DIC) de Joinville. No entanto, o advogado de defesa, Luiz Cláudio Falarz, afirmou durante o processo que a cliente estava fora de si na fase do inquérito policial. Segundo o defensor, a doceira estava acostumada a preparar quitutes para eventos de toda a família e não teria motivo para praticar o crime. Por isso, durante toda a fase de instrução penal, Margareth negou sua participação na tentativa de homicídio.

Ao G1, a mãe da jovem, Minéia Cristina Machado Teminski, comentou a sentença. “Foram dias muito difíceis, mas, graças a Deus, a Justiça foi feita. Justa a pena porque não foi pouco o que ela fez. Nós sofremos muito e estamos sofrendo até hoje. Não foi nada fácil o que nós passamos”, disse.

O advogado Luiz Cláudio Falarz afirma que a defesa vai entrar com recurso ainda nesta semana no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). “Vamos recorrer por causa das teses. Nós tentamos negar a materialidade, porque o exame de sangue e de urina das vítimas não detectou veneno. O placar foi apertado, 4 a 2 (o placar de maioria simples é alcançado com quatro votos de um mesmo lado). Isso apesar do laudo apontar que os brigadeiros estavam envenenados. Não tem nexo causal”, afirma.

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Outro aspecto do recurso abordará uma tese alternativa para desqualificar o crime para lesão corporal. “A quantidade de veneno não poderia matar ninguém“, afirma Falarz. No julgamento, essa hipótese foi derrubada por 4 a 3.

Outra condenação

Dez dias após o envio dos bombons envenenados em 2012, o ex-marido da doceira, Nercival Cenedezi, na época com 49 anos, foi encontrado pela polícia de Joinville com sinais de espancamento pelo corpo. Havia sinais de luta corporal e marcas de sangue por toda a residência dele. O homem foi internado e sobreviveu.

Margareth foi condenada dois anos depois, em 2014, pela tentativa de homicídio qualificado. Sua pena foi de 10 anos e 8 meses de reclusão e ela chegou a cumprir parte da condenação em regime fechado. Desde o início deste ano, entretanto, a mulher passou a ser monitorada por tornozeleira eletrônica, em regime semiaberto.