A Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e o Tatuquara estão no topo da lista dos bairros curitibanos com o maior número de assassinatos nos três primeiros meses deste ano, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). Juntas, as duas localidades concentram pouco mais de um quarto (26%) dos 80 casos de homicídios dolosos, latrocínios e lesão corporal registrados no município entre janeiro e março de 2018 – em um cenário não muito diferente dos anos anteriores e que, de acordo com a Polícia Civil, tem mais a ver com a falta de inclusão social do que com a deficiência na estrutura de segurança.
No ranking dos cinco bairros de Curitiba mais violentos, a CIC aparece em 1º. lugar concentrando 14 das 80 mortes contabilizadas, enquanto o Tatuquara, que vem logo depois, teve sete casos. Fecham a lista o Sítio Cercado, o Cajuru e o Centro, cada um com cinco mortes no período.
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Confira a lista:
CIC: 14 casos
Tatuquara: 7 casos
Centro: 5 casos
Sítio Cercado: 5 casos
Cajuru: 5 casos
Prado Velho: 4 casos
Bairro Alto: 3 casos
Boqueirão: 3 casos
Capão da Imbuia: 3 casos
Novo Mundo: 3 casos
Ao olhar para o mapa de divisão setorial por bairros de Curitiba, percebe-se que a violência se pulveriza principalmente pelas regiões Sul e Oeste da capital – este último por causa da Cidade Industrial de Curitiba, que ocupa boa parte da região com uma população de aproximadamente 173 mil habitantes, a maior do município.
Para o chefe da Divisão de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), Luiz Alberto Cartaxo Moura, ainda que não resuma o problema, o peso populacional ajuda a explicar sequência quase que inalterada do mapa da violência na cidade: CIC, Tatuquara e Sítio Cercado são, respectivamente, o 1º, o 2º e 8º maiores bairros, com 18% de toda a população curitibana, e foram as três maiores áreas com mais mortes no ano passado. “São bairros populosos, com quantidade de pessoas a mais e com uma situação de inclusão social menos atendida. Tanto que é a região possuidora do maior do maior número de invasões, e o índice de homicídios está diretamente relacionado a essa questão porque onde se instala maior pobreza se instala o maior índice de criminalidade”, justifica Cartaxo.
Ainda conforme o chefe da DHPP, outra relação direta com as estatísticas apontadas pelo relatório da Sesp está o tráfico de drogas. Segundo ele, a venda e o consumo de entorpecentes, que também se destaca na região central e no Cajuru, é uma questão que não pode ser desconsiderada dentro de todo o contexto de violência. No entanto, Cartaxo rejeita a possibilidade de que a falta de uma estrutura de segurança mais efetiva influencie os índices. “Todos os dados são repassados para a Polícia Militar, que, considerando isso, faz a distribuição de equipes com a maior presença de policiais possíveis dentro do contexto disponível”, defende o chefe da DHPP. “Os maiores índices nessa região [entre CIC, Tatuquara e Sítio Cercado] não têm essa ligação”, afirma.
Dos 75 bairros de Curitiba, 45 – ou seja, mais da metade – não tiveram qualquer caso de morte violência no período analisado. Entre eles, estão localidades como Batel, Bigorrilho e Jardim Social e Juvevê.
Municípios zerados
Os mesmos dados da Sesp mostram que 20 municípios do Paraná estão há pelo menos seis anos sem registrar um único assassinato (homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte). Tratam-se de cidades pequenas - a maioria com menos de três mil habitantes - localizadas no interior do estado, principalmente no Norte Pioneiro, Norte e na faixa Oeste do Paraná.