Além de afirmar que recebeu com surpresa a notícia da devolução do imóvel do Polloshop, no Alto da XV, em Curitiba, ocorrida no fim de abril, a Cia. Iguaçu, dona do espaço, diz seguir empenhada para que o shopping não feche as portas e, assim, mantenha mil empregos diretos. A decisão está atrelada a um estudo de viabilidade técnica já iniciado, mas que ainda depende de alguns fatores para ser finalizado. Não há prazo, porém a empresa quer que o resultado saia o mais rápido possível.
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As informações são de Marcello Almeida, porta-voz e sócio da Cia. Iguaçu, que também descartou qualquer outro destino ao imóvel, incluindo uma possível venda, sem que o estudo aponte uma direção. O sócio garantiu que não houve proposta de compra e que esse não foi o motivo do rompimento do contrato com os antigos locatários e ex-administradores do Polloshop.
A empresa não dimensionou se há mais interesse em manter as portas do shopping abertas ou fechadas. “Não seria correto de minha parte dar um peso a isso. A resposta do estudo é que dará respaldo. Nós acreditamos nessa possibilidade, senão o estudo não estaria sendo feito”, disse Almeida.
De acordo com ele, a análise é mais ampla do que apenas apontar se o Polloshop daria lucro e valeria a pena ser assumido pela Cia. Iguaçu. “São vários aspectos administrativos que estão em jogo. A atividade de um shopping é complexa. O que posso garantir, no momento, é que qualquer outro destino que digam que seria dado para aquele imóvel é boato. Não existe um pré-acerto”, afirmou.
Ao contrário de outros modelos administrativos de shoppings, nos quais o proprietário do imóvel contrata uma empresa administradora para tocar o negócio, o Polloshop seguia outra lógica. A administradora do shopping alugava o barracão de outra empresa e sublocava os pontos para os lojistas.
Negociação
Segundo Marcello Almeida, ao receber a notícia da entrega do imóvel, a Iguaçu manteve contato com lojistas, para uma possível negociação. Muitos manifestaram interesse na continuidade do shopping. Alguns tinham feito investimentos recentes.
“Trazendo o negócio para um lado mais sentimental, compreendemos que ali estão investimentos significativos para os lojistas. Alguns são loja única. Toda vez que se conversou com eles foi para mostrar que sempre seremos claros sobre as nossas intenções. Não vamos brincar com isso”, explicou.
A informação da devolução do imóvel, segundo a Iguaçu, veio com surpresa. Uma semana antes do aviso, os locatários tiveram parecer positivo da justiça para uma redução do valor do aluguel no período da pandemia de coronavírus. Uma ação revisional de valores corria na Justiça há três anos, a pedido dos locatários.
"Entendemos que essa tensão entre proprietário e locatário é algo natural. As empresas procuram melhorar as receitas. Mas foi alegado que nós pedimos aumento real. Em 24 anos de contrato, nunca se pediu aumento real, mas correção monetária”, afirmou Marcello Almeida. “Era inesperado que o imóvel fosse entregue com parecer judicial favorável”, disse.
Portas fechadas
O Polloshop fechou as portas e enviou comunicado aos lojistas no dia 20 de abril. A entrega definitiva das chaves aos proprietários do imóvel estava prevista para ocorrer na última segunda-feira (25). No entanto, esse trâmite ficou sem data definida para ajustes de detalhes. De acordo com a Cia. Iguaçu, é possível que o Polloshop seja devolvido definitivamente nos próximos dias.
Na ocasião do anúncio do fechamento, em abril, conforme nota divulgada pelos administradores do Polloshop, não houve mais acordo entre os representantes dos lojistas e os proprietários do imóvel com relação aos valores do aluguel. “O Polloshop está sobre um imóvel de terceiros que, não só não aceitaram renegociar uma redução no valor na renovação do contrato, como ainda pediram aumento do aluguel do imóvel, obrigando a administração do shopping a entrar com uma ação revisional, que se arrasta na justiça há quase três anos”.
Ainda segundo os empresários, uma nova tentativa de negociação foi feita já após as medidas de isolamento social terem sido adotadas no Paraná. “Com a crise estabelecida pelo surto da Covid-19, que determinou o fechamento dos shoppings e a suspensão dos pagamentos por parte dos lojistas, a administração do empreendimento ficou impossibilitada de arcar com o alto valor do aluguel do imóvel. Mais uma vez, foi pedida a redução dos valores ou a opção para os proprietários do imóvel assumirem a operação do shopping para preservar o interesse dos lojistas, mesmo com prejuízo dos sócios do empreendimento, mas não houve acordo”, diz a nota da administradora.