O que era para facilitar a vida de quem usa a bicicleta para se locomover pela Avenida João Leopoldo Jacomel, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), se transformou em obstáculo. Recém- reformada pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR) após a duplicação da via, a ciclovia às margens da avenida ganhou postes de iluminação no meio do trajeto. A situação atrapalha ciclistas que transitam pelo trecho e oferece perigo a quem passa por ali.
GALERIA: Veja imagens da ciclovia com postes no meio do caminho
O professor de História Argemiro Garcia foi atropelado no trecho. Ele seguia de bicicleta pela ciclovia quando foi atingido por uma moto. “Tem esses postes que ficam no meio da ciclovia. O motoqueiro subiu na ciclovia para desviar do trânsito, desviou do poste e acabou batendo em mim”, conta.
Apesar de saber que a atitude do motoqueiro foi o principal motivo para o acidente, Garcia acredita que os postes instalados após o alargamento da rodovia colaboraram para o atropelamento. Essas estruturas, observa, também contribuem para outras situações que colocam em risco, principalmente, ciclistas e pedestres. “Há trechos em que não se tem para onde ir, ou vai em cima das pessoas ou vai para a rua e pode ser atropelado”, diz.
Os novos postes foram instalados no meio da ciclovia ao lado da rodovia que faz o sentido Pinhais a Curitiba, próximo à ponte sobre o Rio Palmital. Algumas estruturas estão, inclusive, em cima do piso tátil que serve como guia para deficientes visuais. Além disso, há trechos em que o espaço dividido entre calçada e ciclovia é muito estreito. Pontos de ônibus também obrigam passageiros a subir ou descer dos veículos em cima da via destinada aos ciclistas.
Guias rebaixadas e circulação de veículos motorizados na ciclovia, em busca de acesso a comércios no trecho, também acarretam problemas aos usuários. “Os carros param no meio da ciclovia. Um amigo que trabalha comigo foi atropelado na ciclovia faz uns 15 dias e o motorista do carro disse que quem estava errado éramos nós”, conta o carpinteiro Valdir Tiotônio.
A partir da ponte sobre o Rio Palmital, a ciclovia também é interrompida pela presença de postes do lado que faz o sentido contrário. “Como que você vai andar numa ciclovia que tem poste no meio e parece ser para pedestres? E ela já vai terminar ali na frente e não tem nenhum desnível para você descer”, reclama o estudante Bruno Torquatto, que foi abordado pela reportagem enquanto usava sua bicicleta na rodovia.
Pedestres
Além de correrem o risco de ser atropelados por ciclistas que desviam dos obstáculos encontrados na ciclovia, os pedestres enfrentam outra dificuldade na avenida: atravessá-la. Os sinaleiros e faixas de pedestre em determinados pontos da via são desencontrados, o que faz com que as pessoas se arrisquem em qualquer ponto da avenida e esperem longos períodos para fazer as travessias.
“Para o pessoal que tem que atravessar, não tem passarela e os motoristas não dão a vez, ou às vezes um carro para e o outro não para. A gente não sabe o que é pior. E tem muita gente de idade”, diz a comerciante Juliane Rodrigues, que trabalha quase em frente a um sinaleiro e acompanha diariamente a situação de quem precisa ir de um lado ao outro da avenida.
Procurado, o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná (DER-PR), órgão responsável pela obra, informou, por meio de nota,que o trecho contará com quatro travessias elevadas. Três já começaram a ser instaladas. A localização da quarta será definida em reuniões com as prefeituras de Pinhais e Piraquara.
Já sobre as reclamações relacionadas à ciclovia, o DER-PR diz que não foi possível realocar postes para uma distância maior ou construir a ciclovia em uma área mais afastada da rodovia porque isso demandaria desapropriações de propriedades privadas. Esse tipo de situação, segundo o órgão, “elevaria consideravelmente o custo da obra”.
Conforme o DER-PR, não houve estudos para instalação de cabos subterrâneos de rede elétrica. No entanto, essa alternativa também elevaria os investimentos necessários e poderia conflitar com a galeria de captação de água da via e a rede de água e esgoto das cidades por onde a rodovia passa.
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