O post de uma mãe cuja escola da filha é alvo constante de ladrões em Curitiba ganhou destaque no Facebook essa semana. O desabafo foi feito quarta-feira (27) na página “Não recomendo / Recomendo em Curitiba”. Na postagem, a autônoma Denize Ternoski, moradora do bairro Boqueirão, afirma que o vandalismo na Escola Municipal Wenceslau Braz, onde a filha de 6 anos estuda, a machuca como se a sua própria casa fosse violada.
“Eu sou mãe de aluna, me sinto lesada, a escola é a segunda casa da minha filha. Eu sinto como se estivessem furtando a minha casa. Estão furtando as coisas da minha filha, afinal a escola é das crianças! “, postou a mãe.
A escola vem há meses sofrendo com a ação de vândalos. E nem mesmo as várias reclamações feitas à Guarda Municipal e à própria prefeitura por meio da Central 156 têm surtido efeito. “Se alguém souber algum outro canal da prefeitura para que eu e outros pais possamos denunciar por favor nos ajudem, pois o 156 para esse caso não esta servindo”, reclama no post.
De acordo com Denize, as invasões na escola começaram a ficar mais frequentes no fim de 2018. Desde então, pais e professores tentam lidar com o problema — o que tem desanimado a todos, como ela mesma confessa. “Minha filha passa o dia na escola. A escola é das crianças e agora elas não podem usar. É revoltante”, diz.
A situação é tão crítica que as aulas começaram no último dia 15 sem energia elétrica, pois os fios haviam sido furtados dias antes — além de computadores e até mesmo os botijões de gás. E foi preciso esperar cerca de uma semana para que o problema fosse resolvido, já que o cabeamento foi recolocado somente no dia 21. O problema é que no dia seguinte à reposição, a escola voltou a ser furtada.
- Leia mais - PF prende funcionários dos Correios que roubavam encomendas internacionais em Curitiba
A ação dos vândalos não se limita apenas às dependências da Escola Municipal Wenceslau Braz. Anexo a ela está o Farol do Saber e Inovação Mário Quintana, um das unidades reformadas e entregue pelo prefeito Rafael Greca (PMN) no fim de 2017 e que, cerca de um ano após a reinauguração já está interditado pela depredação. “O farol nem chegou a abrir neste ano porque está interditado. Quebraram as vidraças, roubaram o ar-condicionado e levaram os fios de luz”, conta Denize. De acordo com a prefeitura, foram furtados 240 metros de cabos elétricos.
Com a interdição, os alunos não têm mais acesso à biblioteca. E não apenas as crianças foram prejudicadas, mas a também pais e outros membros da comunidade. “O Farol oferecia vários cursos que a gente não sabe mais se vão acontecer. Não temos uma previsão de quando vão voltar, porque temos que esperar que arrumem”, diz Denize, ela mesma usuária do espaço. “As crianças não podem mais usar, a comunidade não pode usar. É tudo muito triste”, enfatiza.
Vandalismo
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SME), somente em janeiro, foram registrados 117 casos de furtos, arrombamentos, intrusões e vandalismo em escolas municipais. Ao longo de todo o ano de 2018, foram 872.
- Veja também - Prefeitura confirma primeiro caso de febre amarela em Curitiba
Em relação à Escola Municipal Wenceslau Braz, a SME confirma que houve roubo de cabeamento duas vezes seguidas e que a escola realmente chegou a ficar sem luz no início do período letivo. A pasta explica que, em casos assim, a prefeitura depende da Copel para fazer a substituição dos fios — o que nem sempre acontece de imediato.
E é justamente isso que mantém o Farol do Saber fechado. Segundo a secretaria, os cabos roubados já foram repostos e a padronização de energia já foi feita. Contudo, ainda é necessária a normatização da Copel para que o Farol seja reaberto. A expectativa é que isso aconteça logo após o carnaval. Porém, a SME destaca que, mesmo com o espaço interditado, os alunos não foram prejudicados, porque as atividades criativas foram temporariamente transferidas parapara as dependências da escola.
Falta de segurança
A principal reclamação dos pais e professores da Escola Municipal Wenceslau Braz é a falta de segurança. De acordo com Denize, os seguranças que cuidavam da escola deixaram de fazer patrulhar as dependências da escola, o que teria motivado o aumento das invasões. “Não tem ninguém olhando a escola. E quando a gente liga para o 153 [telefone da Guarda], demora muito para a Guarda Municipal vir — isso quando vem”, reclama a autônoma.
Segundo a Secretaria de Educação, a prefeitura mantém o contrato com a empresa G5 para o serviço de monitoramento interno das unidades. Contudo, destaca que os vigilantes só são acionados quando os alarmes instalados nas escolas disparam e que cabe à empresa repor itens furtados dentro dessas áreas monitoradas.
Já a Guarda Municipal diz que faz patrulhamento preventivo e ostensivo 24 horas ao redor das instituições de ensino municipais. Além disso, a orientação é de que, ao perceber movimentações suspeitas dentro de escola, a própria população acione o telefone 153 para que a Guarda envie a viatura mais próxima e para que faça eventuais abordagens. Também é possível ligar para a empresa G5, no telefone 3045 7940.
Deixe sua opinião