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 | Arquivo da família/
| Foto: Arquivo da família/

Não é possível falar sobre redução de danos em Londrina sem falar sobre Edson Facundo, morto em junho, aos 55 anos. Mais conhecido como Tyba, foi um dos fundadores da Rede Paranaense de Redução de Danos (REPARE) e atuava à frente do Núcleo Londrinense de Redução de Danos, responsável pelo atendimento, prevenção e promoção da saúde a pessoas que vivem com HIV e Aids, seus familiares e usuários de drogas.

Tyba foi ativista da política de redução de danos no Paraná desde o início do movimento, uma abordagem de saúde – e política pública oficial do Ministério da Saúde – utilizada para tentar diminuir danos relacionados a alguma prática, em geral o vício em drogas. Ligada aos Direitos Humanos, a estratégia busca minimizar os danos sociais e à saúde dos usuários de drogas, oferecendo orientação e ajuda. É comum que os usuários acabem se infectando e disseminando doenças por causa do compartilhamento de seringas, por exemplo. Os grupos de redução de danos procuram evitar que isso aconteça.

Apesar de não ter formação como psicólogo, Tyba atuava quase como um terapeuta prático dos usuários, que em Londrina frequentam pontos já conhecidos para o consumo de drogas, como a área de mata no Marco Zero da cidade. A equipe do Núcleo, encabeçada por Tyba, ia até o local para fornecer material impresso informativo, preservativos e tentar dialogar com os usuários, passando orientações sobre o que fazer caso estivessem passando mal, já que a maior parte deles, apesar de ter direito a isso, tem medo de ir até um posto de atendimento de saúde.

A história de Edson foi tão difícil quanto a dos usuários com quem conversava todos os dias e, por ter sentido na pele o que eles passaram, decidiu dedicar a vida à batalha de garantir pelo menos o mínimo de saúde à população em vulnerabilidade. Viveu até os oito anos de idade, aproximadamente, em um orfanato, para então começar a conviver com o pai. Nunca conheceu ou soube quem era a mãe biológica. Na metade dos anos 1980, preso na Penitenciária de Londrina, descobriu ser portador do vírus HIV e, por isso, foi transferido para Curitiba. Mais de dez anos depois, tendo cumprido a pena, retornou a Londrina, onde passou a se dedicar a levar informação às pessoas, em especial aos usuários de drogas, para evitar que se contaminassem, como aconteceu com ele.

Junto a um grupo de londrinenses, foi até Brasília participar de uma capacitação sobre redução de danos organizada pelo Governo Federal e, a partir de então, levou o conhecimento adquirido no curso e na vida para atender quem precisava. Agradável e solícito, conseguia se inserir em qualquer grupo de pessoas com as quais decidisse interagir. Utilizava esse poder de adaptação para se aproximar de pessoas que, em vulnerabilidade, não tinham condições de confiar em mais ninguém.

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