Um grupo de escolas de Educação Infantil de Curitiba está propondo a retomada gradual das atividades, seguindo diretrizes sanitárias de prevenção à Covid-19. O objetivo é atender inicialmente pais que atuem em serviços essenciais, como saúde, transporte, alimentação e abastecimento de água e energia. Nesta quinta-feira (30), o grupo se reuniu com o presidente da Câmara de Vereadores, Sabino Picolo (DEM) para apresentar a iniciativa.
Todas as escolas particulares do Paraná estão fechadas pelo Decreto nº 4.258/20. A Educação Infantil atende crianças de 0 a 5 anos e não pode substituir os dias letivos com prestação de atendimento virtual ou a distância, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). O Conselho Nacional de Educação (CNE) e Conselho Estadual de Educação (CEE) emitiram resoluções mantendo essa diretriz durante a pandemia causada pelo coronavírus.
“Há dois pontos principais. Com o retorno das atividades comerciais pelas famílias e mesmo quem já está em atividades essenciais, não tem tido suporte com as crianças. Diante dessa situação, muita gente tem buscado serviços alternativos, que não são regulares, que não proporcionam um ambiente favorável para a criança”, diz Newton Andrade da Silva Junior, presidente da Associação das Escolas Particulares de Educação Infantil (Assepei), que reúne cerca de 60 estabelecimentos.
Na quarta-feira (29), em videoconferência com a equipe da Secretaria de Saúde, representantes da Assepei foram informados sobre o combate ao coronavírus em Curitiba. “Estamos buscando uma retomada nas atividades de forma responsável e consciente. Apesar dos indicadores positivos, ainda não enfrentamos uma situação de frio. É importante que a gente tenha atenção. O isolamento está funcionando”, pondera Andrade.
A intenção da Assepei é produzir uma cartilha, em parceria com o Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR), do qual é associada, com orientações sobre higiene e mudança na dinâmica escolar, para implantação no retorno às aulas. “Se a gente tiver possibilidade de voltar, queremos que todos estejam já preparados, adotando o cuidado dentro e fora da escola”.
Além do cunho social, as escolas temem o impacto econômico do fechamento prolongado. Zuleica Malucelli e sua filha e Ana Thereza Malucelli, sócias-proprietárias do Centro de Educação Infantil Aurora, enviaram uma carta aos vereadores lamentado o impacto econômico da pandemia. “Temos pais que estão trabalhando e precisaram contratar babás para ficar com as crianças. Temos famílias em situação financeira complicada e desistindo da escola. Quando os pais veem comunicados que as aulas das escolas públicas só voltam em agosto, ficam desesperados”, desabafaram. O pagamento de mensalidades já gerou disputa entre pais e escolas, mas também ações de solidariedade.
Para Zuleica e Ana Thereza, pedagoga e psicóloga, respectivamente, os estabelecimentos pequenos não podem ser tratados como se fossem grandes colégios, com muitos alunos. “Temos poucos alunos, áreas grandes, possibilidade de tomar precauções que as escolas maiores não tem. Precisamos de ajuda. Esse é um pedido de socorro, não queremos fechar”, declararam na carta aos vereadores. Elas reclamam que os decretos e regulamentações da pandemia não tem levado em conta a Educação Infantil.
Impacto na rede pública
Andrade ressalta que o fechamento de escolas particulares impactaria na rede pública. “Os impactos do fechamento são enormes, tanto em relação ao atendimentos às crianças como aos empregos. E numa situação de crise, de fechamento, se as crianças migrarem para a rede pública, sabemos que a rede não tem condições para absorver isso”, argumenta.
O presidente da Assepei ressalta sobre os cuidados com a saúde que precisam ser tomados, mas diz que isso faz parte da missão das escolas. “Somos empresas, mas acima de tudo temos uma grande missão, principalmente a Educação infantil, que combina o atendimento educacional com o cuidado das crianças. Temos nossa responsabilidade”.