A pandemia do coronavírus tem mudado a rotina das pessoas, que deixaram de sair de casa para evitar a proliferação da doença. Com isso, restaurantes, lojas e academias têm criado alternativas para minimizar o prejuízo e ao mesmo tempo não perder clientes. Em tempos de quarentena, a internet tem sido a melhor ferramenta neste momento de crise humanitária.
O proprietário do estúdio de treinamento Algyz, no Cajuru, Luiz Fernando Stachera, resolveu montar um protocolo individual para cada aluno e gravar programas de exercício para que eles possam fazer em casa. “Vamos adaptar todo o protocolo, para que eles possam utilizar o peso do corpo e fazer os exercícios com o que se encontra em casa mesmo”, diz Stachera.
Com estúdio funcionando há quatro anos, Stachera conta que é a primeira vez que passa por uma crise. “A reclusão vai afetar bastante a economia, mas eu acho que o mais cívico a se fazer é se guardar para que o vírus não seja transmitido e a gente passe por isso da melhor maneira possível”, salienta.
Para manter os alunos engajados, o professor e proprietário de uma academia de jiu-jitsu em Curitiba Rodrigo “Pimpolho” Fajardo tem criado aulas para que seus alunos possam treinar em casa. “Vamos lançar também aulas para que os pais possam treinar com as crianças”, comenta. Diante da crise, Pimpolho tem recebido a colaboração dos alunos. “Muitos estão mantendo os planos e também há alunos inativos que estão reativando o plano só para nos ajudar. Pode ser que uma crise financeira venha, e provavelmente ela virá”, diz ele. O empresário torce para que as pessoas continuem com esse espírito solidário.
Aposta no delivery
Por causa do novo coronavírus, o restaurante Central do Abacaxi, no bairro São Francisco, resolveu suspender o atendimento ao público e oferecer seus pratos somente por delivery ou retirada no balcão. Com equipe reduzida e cuidados redobrados de limpeza e higiene, o restaurante tem informado aos seus clientes para priorizar o pagamento com cartão.
Para superar a crise, o restaurante conta com a colaboração dos clientes. “Vamos tentar negociar os custos fixos, como o aluguel. Com o dinheiro que entrar, esperamos pagar todos os custos e também as meninas que trabalham aqui. A gente espera sobreviver e temos visto apoio de muitos clientes”, conta a sócia e cozinheira do restaurante Camila Frankiv.
O que o pequeno empreendedor pode fazer?
Para o coordenador estadual de comércio e mercado do Sebrae-PR, Lucas Hahn, o momento exige bom senso e colaboração dos empreendedores. “A gente está vivendo uma crise humanitária, que é mais complexa que a econômica. É uma luta por sobrevivência, é diferente”, ressalta Hahn.
E como então agir? Em primeiro lugar, é preciso checar se a empresa tem fluxo de caixa suficiente para pagar os custos fixos para os próximos quatro meses. “Se sim, ela está numa zona de conforto. A empresa vai passar por uma recessão econômica de forma mais tranquila”, explica o coordenador.
Porém, ter essa reserva financeira não é a realidade de muitas empresas. “Neste caso, é preciso postergar o pagamento dos fornecedores, negociar. Alguns bancos anunciaram que vão renegociar dívidas. Para isso, tem que entrar em contato com os bancos e partir para um plano de contenção o quanto antes”, sugere.
Caso a empresa tenha funcionários contratados, a melhor saída é utilizar banco de horas neste momento, para que os colaboradores paguem as horas negativas posteriormente. “É preciso evitar a dispensa de funcionários para não agravar mais essa crise”, alerta Hahn.
Diante do atual cenário, o coordenador do Sebrae explica que as empresas precisam se preparar para o período de recessão com o pensamento de que a crise vai passar. “Quando a crise terminar, as empresas têm que estar prontas para acelerar de 0 a 100. O dia de amanhã vai ser próspero. Pode ser que demore um mês a mais ou menos, mas a economia vai voltar ao normal”, comenta ele. Na visão do coordenador, todos precisam se ajudar.