Desde o último dia 20 de dezembro, seis pessoas já deram entrada no Centro Cirúrgico de Queimados do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba por causa de acidentes envolvendo fogos de artifício. As informações foram divulgadas nesta quinta (28) pelo própria instituição em uma nota de alerta sobre o uso do material - que, além de polêmico, faz mudar o perfil de pacientes atendidos em hospitais nesta época do ano.
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Conforme o Hospital Evangélico, além das festas juninas, o período de Natal e Réveillon é quando os casos de pessoas machucadas ao manusear materiais pirotécnicos se tornam as principais ocorrências durante os atendimentos. No restante do ano, o perfil que predomina é de vítimas de acidentes domésticos ou de trabalho.
Dos seis socorridos até o momento no Centro Cirúrgico de Queimados, um rapaz de 19 anos permanece internado com ferimentos e fraturas na mão esquerda. Ele tentou manusear uma bomba caseira na noite de Natal, mas o explosivo detonou em sua mão no momento em que foi acendido. Conforme o Evangélico, o paciente terá de ser submetido a um tratamento especializado nos próximos dois meses.
Primeiros cuidados
Em caso de acidente, o Hospital Evangélico orienta seguir alguns procedimentos. Se a pessoa tiver a roupa em chamas, deve tentar rolar no chão para apagá-las.
No caso de ferimentos na pele, a orientação é evitar aplicar qualquer medicamento por conta própria, já que isso pode agravar a situação. Assim, o ideal é colocar no local do ferimento uma toalha úmida com água fria (evitar água gelada). A toalha deve permanecer no local do ferimento, fixada com curativo, até a chegada ao hospital para o atendimento médico.
“Somos totalmente contrários ao manuseio de fogos de artifício. Não somos contra assistir ao espetáculo, mas quem vai se envolver com isso deve obedecer procedimentos, como contratar um profissional ou se posicionar a uma distância segura do pavio na hora de acender o artefato. O que não pode é querer utilizar o material na mão, pois é quando a maioria das explosões ocorre e os ferimentos ou mortes acontecem”, ressalta o cirurgião plástico José Luiz Takaki, do Centro Cirúrgico de Queimados.
Polêmica
Fogos de artifício são alvos de controvérsias não apenas pelo perigo que representam para que os manuseia. Tutores e ONGs em defesa de animais aproveitam a época para rechaçar os estampidos que ecoam nas noites de festas, alegando que o barulho traz desespero aos animais. Por outro lado, fabricantes e comerciantes do produto mostram que o artifício faz parte do festejo popular e que cães e fogos sempre conviveram sem maiores problemas.
A tentativa de conseguir um desfecho virou assunto na Câmara Municipal. Desde o começo do ano, vereadores debatem a possibilidade de proibir o uso de fogos na cidade. “Há relatos sobre grandes bandos de aves que perdem a referência com os estouros dos artefatos pirotécnicos. E até mesmo com as luzes emitidas durante os espetáculos, que tem se caracterizado por implementos excessivos e cada vez mais agressivos e em locais inadequados. Os animais domésticos chegam a óbito por sustos e medo desenvolvido pela ação descabida e sem limite da população humana”, diz um trecho da justifica a vereadora Fabiane Rosa (PSDC), autora da proposta.
O projeto já passou pelas comissões de Meio Ambiente e Segurança e aguarda discussão no plenário.
Enquanto isso, Walter Jeremias, dono da fogos Caramuru e diretor da Associação Brasileira de Pirotecnia, diz que não há nenhum trabalho científico ou técnico que prove que os fogos fazem mal aos animais. “Eventualmente alguns se assustam, assim como pessoas também. Mas tem outros ruídos como de avião, escapamentos de veículos, etc., tão barulhentos quanto e os bichos estão acostumados”, compara.
Walter mostra que qualquer lei municipal, proibindo fogos, é inconstitucional, pois existe uma lei federal (decreto 4238/1942) que permite e regulamenta a fabricação, comercialização e uso de fogos em todo Brasil.
O médico veterinário Vetsan, centro médico instalado dentro do pet center Hiperzoo, no Parolin, contesta. Para ele, os fogos de artifício são sim prejudiciais aos animais. Mas discorda com qualquer extremismo. “Os cães não sabem que a gente faz este barulho pra festejar. Então ele pode pensar que é um predador, uma intempérie da natureza que ele tem que tomar cuidado. É egoísmo da nossa parte deixá-lo sozinho nesta hora”, ressalta o médico, que também é diretor da Associação de Clínicos Veterinários do Paraná.
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