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Mesmo mais barato, Circular Centro perdeu 40% de seus passageiros em quatro anos | Daniel Caron/Gazeta do Povo
Mesmo mais barato, Circular Centro perdeu 40% de seus passageiros em quatro anos| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

Em época dos aplicativos de carona como Uber e Cabify, ainda há quem prefira utilizar o transporte público. Em especial a Linha Circular Centro, de tarifa mais barata - R$ 3, contra os R$ 4,25 das linhas normais - e que atende exclusivamente a região central de Curitiba. Os micro-ônibus da cor branca da linha resistem ao tempo desde 1981, quando a linha foi lançada, e atendem, atualmente, cerca de 20 mil passageiros por mês. Mesmo assim, ela pode estar com os dias contados.

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De acordo com a Urbs, empresa municipal que gerencia o transporte público da capital, o fato de a demanda do Circular Centro estar caindo nos últimos anos pode levar à extinção natural da linha. Apenas de 2012 a 2016, a queda foi de 40%, uma diminuição de 19 mil usuários mensais. O número de coletivos também caiu de oito para cinco veículos.

E essa queda começou muito antes da chegada do Uber e do Cabify. “Na época em que foi instituída, essa linha supria a necessidade de transporte público no Centro, pois os demais ônibus da capital não cruzavam a região central da cidade como acontece hoje”, informa a empresa em nota. “Esse cruzamento acabou atendendo muitos passageiros do Circular Centro, que passaram a prosseguir seu trajeto sem trocar de linha. O trânsito também não era tão intenso como atualmente”.

Passagem mais barata ainda arai muitos passageirosDaniel Caron/Gazeta do Povo

Contudo, mesmo com a queda na demanda, ainda há aqueles passageiros que se mantém fiéis à linha. A jovem Isabela Rabery, de 27 anos, está entre eles. Mesmo tendo facilidade para utilizar os aplicativos e sabendo que o percurso entre o Shopping Estação e a Praça 19 de Dezembro, por exemplo, custa aproximadamente R$ 12 — valor que pode ser dividido em até quatro passageiros —, ela ainda prefere o coletivo. “Acho o micro-ônibus confortável e barato”, pontua .

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Já a aposentada Celia Neves, de 63 anos, opta pela linha não só pela comodidade, mas também pela segurança. “Eu sempre pego os ônibus branquinhos porque têm pouca gente e são muito seguros. Já fui assaltada duas vezes dentro de outros ônibus, mas nesse aqui eu me sinto protegida. Sem contar que a gente vai conversando e ainda faz amizades”, garante.

Muita gente gosta

O motorista José Mariano garante que, apesar da queda no número de passageiros atendidos, o público ainda gosta do serviço. E não só curitibanos: os turistas também compõem boa parte do público atendido pelo Circular Centro. “Têm pessoas de outros lugares do Brasil e até de outros países que usam essa linha. Muita gente que aproveita para ir aos shoppings e, principalmente, trabalhadores da Região Metropolitana que embarcam e desembarcam na Praça 19 de Dezembro, onde fazem ligação com outros municípios”, explica.

Esse é o caso do zelador Luiz Carlos Borges, de 50 anos. Morador de Almirante Tamandaré, ele chega à praça por volta das 7h e sobe no “branquinho”, como é chamado pelos passageiros, para chegar ao trabalho com rapidez e economia. “Eu poderia usar outra linha, mas ia demorar muito mais. Aqui eu também posso usar o cartão de transporte que a empresa oferece, algo que eu não faria no aplicativo de carona, por exemplo”, afirma Borges ao explicar porque opta pelo Circular Centro no lugar do Uber ou Cabify.

Comodidade é um dos principais destaques da linha, segundo passageirosDaniel Caron/Gazeta do Povo

Para Nataniel Faria, 42, outro benefício é o sossego no trajeto. “Eu moro em Rio Branco do Sul e o transporte até aqui é péssimo. Então, quando entro nesse ônibus eu aproveito porque é pequeno, tranquilo e seguro”, garante. Mas um fato costuma testar sua paciência. “Às vezes, chegam dois ou três micros juntos no mesmo ponto. E sexta-feira é o pior dia. Já aconteceu de eu ficar esperando mais de uma hora pelo próximo, algo que, segundo o itinerário, não deveria passar de dez minutos”, reclama.

Segundo a Urbs, o problema é verificado em horários de pico, pois os micro-ônibus não utilizam as canaletas e dependem da fluência do trânsito na região central para seguir o horário previsto. Com isso, acabam se encontrando no caminho devido à lentidão.

Mesmo assim, parte dos usuários aguarda os branquinhos e aproveita para fazer amizades no trajeto. “Muitos passageiros que sobem na rodoviária, por exemplo, são de outras cidades e não têm o cartão-transporte. Então, alguém pega o valor em dinheiro dessa pessoa e passa seu cartão. É uma atitude bonita e bem frequente que eu vejo aqui. Eu conheço a maioria dos usuários e sei que eles usam o serviço porque gostam”, pontua o motorista José Mariano.

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