Em época dos aplicativos de carona como Uber e Cabify, ainda há quem prefira utilizar o transporte público. Em especial a Linha Circular Centro, de tarifa mais barata - R$ 3, contra os R$ 4,25 das linhas normais - e que atende exclusivamente a região central de Curitiba. Os micro-ônibus da cor branca da linha resistem ao tempo desde 1981, quando a linha foi lançada, e atendem, atualmente, cerca de 20 mil passageiros por mês. Mesmo assim, ela pode estar com os dias contados.
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De acordo com a Urbs, empresa municipal que gerencia o transporte público da capital, o fato de a demanda do Circular Centro estar caindo nos últimos anos pode levar à extinção natural da linha. Apenas de 2012 a 2016, a queda foi de 40%, uma diminuição de 19 mil usuários mensais. O número de coletivos também caiu de oito para cinco veículos.
E essa queda começou muito antes da chegada do Uber e do Cabify. “Na época em que foi instituída, essa linha supria a necessidade de transporte público no Centro, pois os demais ônibus da capital não cruzavam a região central da cidade como acontece hoje”, informa a empresa em nota. “Esse cruzamento acabou atendendo muitos passageiros do Circular Centro, que passaram a prosseguir seu trajeto sem trocar de linha. O trânsito também não era tão intenso como atualmente”.
Contudo, mesmo com a queda na demanda, ainda há aqueles passageiros que se mantém fiéis à linha. A jovem Isabela Rabery, de 27 anos, está entre eles. Mesmo tendo facilidade para utilizar os aplicativos e sabendo que o percurso entre o Shopping Estação e a Praça 19 de Dezembro, por exemplo, custa aproximadamente R$ 12 — valor que pode ser dividido em até quatro passageiros —, ela ainda prefere o coletivo. “Acho o micro-ônibus confortável e barato”, pontua .
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Leia a matéria completaJá a aposentada Celia Neves, de 63 anos, opta pela linha não só pela comodidade, mas também pela segurança. “Eu sempre pego os ônibus branquinhos porque têm pouca gente e são muito seguros. Já fui assaltada duas vezes dentro de outros ônibus, mas nesse aqui eu me sinto protegida. Sem contar que a gente vai conversando e ainda faz amizades”, garante.
Muita gente gosta
O motorista José Mariano garante que, apesar da queda no número de passageiros atendidos, o público ainda gosta do serviço. E não só curitibanos: os turistas também compõem boa parte do público atendido pelo Circular Centro. “Têm pessoas de outros lugares do Brasil e até de outros países que usam essa linha. Muita gente que aproveita para ir aos shoppings e, principalmente, trabalhadores da Região Metropolitana que embarcam e desembarcam na Praça 19 de Dezembro, onde fazem ligação com outros municípios”, explica.
Esse é o caso do zelador Luiz Carlos Borges, de 50 anos. Morador de Almirante Tamandaré, ele chega à praça por volta das 7h e sobe no “branquinho”, como é chamado pelos passageiros, para chegar ao trabalho com rapidez e economia. “Eu poderia usar outra linha, mas ia demorar muito mais. Aqui eu também posso usar o cartão de transporte que a empresa oferece, algo que eu não faria no aplicativo de carona, por exemplo”, afirma Borges ao explicar porque opta pelo Circular Centro no lugar do Uber ou Cabify.
Para Nataniel Faria, 42, outro benefício é o sossego no trajeto. “Eu moro em Rio Branco do Sul e o transporte até aqui é péssimo. Então, quando entro nesse ônibus eu aproveito porque é pequeno, tranquilo e seguro”, garante. Mas um fato costuma testar sua paciência. “Às vezes, chegam dois ou três micros juntos no mesmo ponto. E sexta-feira é o pior dia. Já aconteceu de eu ficar esperando mais de uma hora pelo próximo, algo que, segundo o itinerário, não deveria passar de dez minutos”, reclama.
Segundo a Urbs, o problema é verificado em horários de pico, pois os micro-ônibus não utilizam as canaletas e dependem da fluência do trânsito na região central para seguir o horário previsto. Com isso, acabam se encontrando no caminho devido à lentidão.
Mesmo assim, parte dos usuários aguarda os branquinhos e aproveita para fazer amizades no trajeto. “Muitos passageiros que sobem na rodoviária, por exemplo, são de outras cidades e não têm o cartão-transporte. Então, alguém pega o valor em dinheiro dessa pessoa e passa seu cartão. É uma atitude bonita e bem frequente que eu vejo aqui. Eu conheço a maioria dos usuários e sei que eles usam o serviço porque gostam”, pontua o motorista José Mariano.
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