A empresa VCG Empreendimentos, responsável pela cratera de aproximadamente mil metros quadrados abandonada no bairro Água Verde, em Curitiba, prometeu aterrar novamente o local. A obra — localizada na Travessa Capitão Clementino Paraná, próximo do Cemitério Municipal do Água Verde — foi abandonada em 2016 e tem tirado o sono dos moradores do bairro, que temem pela estrutura dos prédios vizinhos. No entanto, não há previsão de quanto isso deve acontecer.
De acordo com Ronaldo Rodrigues, arquiteto da VCG, a obra continua recebendo a atenção dos técnicos da empresa mesmo paralisada e não apresenta risco iminente para os prédios vizinhos. No entanto, ele afirma que esse risco poderia existir se a cratera permanecesse aberta por mais alguns anos. “A empresa entende isso, então vamos aterrar esse terreno como uma ação preventiva”, informou.
O trabalho será realizado pela empresa VCCON Engenharia, contratada pela VCG em meados de 2014 para a construção do empreendimento comercial Prime Offices. Segundo o engenheiro civil Clayton de Freitas, responsável pela terceirizada, esse contrato foi paralisado e não há previsão para continuidade da obra. “Enquanto aguardamos uma decisão da incorporadora, vamos proceder com o reaterro”, afirmou, ao pontuar que a ação não ocorre devido a riscos no local.
Segundo ele, o vídeo gravado pelo colega de profissão Jiuliano Capristo – que é vizinho da obra abandonada e flagrou uma das “cachoeiras” que se formam no local durante fortes chuvas – não demonstra perigo. Para Freitas, a água que desce pelas laterais da obra, ou seja, abaixo do nível da rua e das demais construções localizadas na via, é algo normal e evita sobrecarga na parede de contenção construída no subsolo. “Não há nada inseguro ali”, ressalta.
No entanto, Capristo alerta que a água pode, sim, carregar a terra existente embaixo dos prédios localizados nos arredores do buraco, iniciando um processo de erosão ao remover solo, rochas ou material dissolvido. “Nosso prédio, por exemplo, tem 20 andares e, quando foi construído, todo o cálculo de estrutura foi realizado com base no solo que existia embaixo dele. Isso aconteceu bem antes dessa cratera ser aberta ao lado”.
Reaterro correto
Por isso, ele afirma que não basta simplesmente jogar terra novamente no local. “É necessário compactar essa terra, assim como ela estava antes”. Capristo explica que a quantidade utilizada deve ser aproximadamente 30% maior que o volume do terreno. “Quando você tira a terra de um local, seu volume aumenta porque há introdução de ar entre as partículas. Então, ao recolocar a terra em um determinado terreno, é necessário utilizar cerca de 30% a mais e compacta-la durante o processo”. Se isso não for feito, outro buraco pode aparecer e o problema continuar.
Segundo Freitas, não há com o que se preocupar porque o trabalho será realizado dentro das normas técnicas. No entanto, o início dessas obras depende de dois fatores: a retirada da água acumulada no terreno e a liberação de duas licenças ambientais na prefeitura de Curitiba.
Drenagem
Segundo um dos sócios da VCG, Nuno Coelho, o escoamento da água foi realizado ininterruptamente nos primeiros meses após a paralisação da obra. No entanto, a fiação da bomba utilizada para drenagem foi roubada, interferindo no trabalho e contribuindo para o acúmulo do líquido no local. Mas ele explica que outra bomba já foi instalada na última quinta-feira (1.º) .
Um dos funcionários responsáveis pelo trabalho de drenagem - que preferiu não se identificar - afirmou que essa bomba elétrica funciona cerca de oito horas por dia e escoa aproximadamente cinco litros de água por minuto. Com base nessa média, são drenados 300 litros por hora e 2.400 por dia. “Só que tem infinitamente mais do que isso aqui na obra, então levaremos bastante tempo para terminar o trabalho. Sem contar com os dias de chuva”, lamentou o colaborador, que sugeriu a instalação de uma segunda bomba no local. De acordo com ele, o escoamento iniciou na sexta-feira (2) e deve ocorrer de segunda a sexta, sem previsão para conclusão.
Licença ambiental
Além do escoamento total da água acumulada no terreno, a empresa também precisa da liberação de duas licenças ambientais para iniciar o processo de reaterro. “A primeira licença é para retirarmos cerca de 6 mil metros cúbicos de terra de outro terreno da VGC, e a segunda é para colocarmos essa terra no espaço localizado no bairro Água Verde”, relatou a engenheira ambiental contratada pela empresa, Fabiana Dian Ferreira.
Segundo ela, a primeira licença foi solicitada no dia 18 de janeiro deste ano e a segunda deve ser requerida à Secretaria de Meio Ambiente nos próximos dias. “Tivemos uma reunião na prefeitura esta semana e estamos reunindo os documentos necessários para isso”. A Secretaria de Meio Ambiente confirma que existe uma solicitação em análise na pasta, mas ainda não há data para liberação da licença.
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