Amigos de Curitiba criam projeto para proporcionar dia especial a crianças carentes

Proporcionar um dia marcante na vida de uma criança carente. Essa é o objetivo da Escola dos Anjos, iniciativa que reúne 40 voluntários adultos com 40 crianças entre 8 e 12 anos em uma chácara de Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, para viverem um dia de atividades e ensinamentos marcantes.

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A ação foi criada em 2014 por um grupo de quatro amigos curitibanos que entregavam presentes a crianças carentes em datas festivas. Com o objetivo de fazer mais, eles decidiram oferecer a essas crianças um dia com experiências novas e cheio de brincadeiras.

A iniciativa ocorre seis vezes por ano e reúne crianças e voluntários diferentes a cada edição. Em um sábado, das 9h às 18h, as crianças são levadas para a chácara Pedacinho do Céu, propriedade de um dos organizadores do projeto.

O grupo de crianças que participa da ação é escolhido pela organização da Escola dos Anjos. "Muitas vezes nós recebemos a solicitação das próprias instituições. Então, nós avaliamos se há crianças suficiente entre as idades de 8 a 12 anos e chamamos para participarem", explica um dos fundadores, Ricardo Mazzarotto.

Durante um dia inteiro, as crianças realizam atividades relacionadas à natureza, alimentação saudável, espiritualidade e amor - pilares que movem a Escola dos Anjos. Assim, os voluntários e as crianças, que nunca tiveram contato antes do evento, criam projetos com materiais recicláveis, exploram a natureza, aprendem sobre separação de lixo, brincam de caça ao tesouro, plantam hortaliças, meditam, constroem mandalas e presentes com argila e ao final de tudo, participam de uma espécie de formatura.

Com essas atividades, a iniciativa pretende oferecer um olhar diferente ao que essas crianças estão acostumadas e mostrar como elas podem causar um impacto positivo no mundo. Durante a construção da mandala, a equipe pede que as crianças escrevam de um lado o sonho da vida delas e do outro o mundo que elas gostariam de viver. "Com isso, nós ensinamos que para construir um sonho e um mundo melhor, é preciso mudar as atitudes do dia a dia", diz Mazzarotto.

Após as ações do dia, as crianças passam por uma cerimônia de encerramento. Com isso, os organizadores têm a intenção de formarem o que chamam de "anjos na terra", dando sentido ao nome da escola. "Nós graduamos essas crianças como "anjos na terra" após eles agirem com boas intenções ao longo do dia. E melhor, dizemos que eles precisam passar esses ensinamentos para frente", enfatiza o fundador.

Além da ação que ocorre em Curitiba, o projeto da Escola dos Anjos é desenvolvido também em Apucarana, no Paraná, Mafra e Brusque, em Santa Catarina, Sete Lagoas, em Minas Gerais, e Ibirubá, no Rio Grande do Sul. Nesses locais fora da capital paranaense, a organização é feita por outras pessoas que aderiram à ideia dos curitibanos.

Conexão 

A iniciativa é feita para oferecer um dia de aprendizado e atividades para crianças em vulnerabilidade social. Ao longo do dia, os voluntários e os "aprendizes de anjos" se conectam em cada etapa. “Esse dia acaba sendo especial para ambos. Como eles não se conhecem, a intimidade entre eles vai crescendo a cada atividade”, relata Mazzarotto.

Essa conexão cresce tanto que, no fim do dia, as crianças constroem presentes com argila e a maioria entrega aos voluntários.

Esse vínculo, no entanto, é programado para acontecer somente por um dia, apenas. Mas, mesmo que essa conexão não continue - já que as estruturas físicas do projeto não permitem que haja acompanhamento dessas crianças após o evento -, alguns voluntários decidem prolongar essa relação por conta própria.

Natasha Unterstell, 33 anos, é médica e voluntária da Escola dos Anjos. Em uma das quatro edições que participou, sua conexão com uma das crianças cresceu tanto que ela o procurou fora da ação social. A relação entre eles cresceu e ela decidiu apadrinhá-la. “Eu passei a visitá-lo na fundação em que ele mora e nossa conexão foi crescendo. Decidi, então, entrar com o pedido de apadrinhamento e agora ele pode dormir na minha casa quinzenalmente”, conta Natasha.

Como participar

A iniciativa ocorre seis vezes por ano. Em 2019, ainda irão ocorrer dois encontros, em setembro e em dezembro. Para participar, é preciso esperar a divulgação de um link para inscrições na página da Escola dos Anjos no Instagram e no Facebook,  pouco tempo antes do evento. A próxima edição será em 28 de setembro e os interessados devem entrar no link que será postado nas redes sociais em 30 de agosto. A inscrição custa R$ 50.

Após um cadastro, os 40 primeiros voluntários são chamados para um encontro com os organizadores da escola para entender a ideia da iniciativa, porém, eles não são informado de qual será a programação, já que ficam sabendo dos detalhe apenas na hora do evento.

“Nas primeiras edições, tínhamos que pedir para amigos divulgarem para conseguirmos fechar as vagas. Agora, as inscrições acabam em 40 minutos”, conta Mazzarotto.

No transporte, as crianças são levadas para a chácara por um ônibus, conseguido por meio de parcerias ou aluguel. Os voluntários vão com seus próprios meios de transporte. Esse é o único detalhe revelado sobre o dia do evento aos voluntários.

Além do transporte, e escola oferece alimentação saudável durante o dia todo. “Nós oferecemos comida vegetariana. Mas, o legal é que as crianças só descobrem isso depois de limparem os pratos de tanto comer”, brinca Mazzarotto.