Uma escola de primeiro mundo acessível para crianças carentes e mantida apenas por doações, sem participação governamental. Esse era o sonho do professor universitário Belmiro Valverde Jobim Castor, economista e ex-secretário de Planejamento e Educação do Paraná, falecido em 2014. Apaixonado por educação, o professor fez esse sonho se tornar realidade em 2010 com o Centro de Educação João Paulo II, que atende crianças carentes em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba.
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Entretanto, a estrutura que atende 300 crianças sofre com a queda do número de doadores, o que ameaça a continuidade do trabalho social. Para seguir oferecendo aulas regulares do ensino infantil, reforço escolar e oficinas de artes e esportes, o centro precisa de ajuda.
Os recursos vêm de doações de pessoas físicas e jurídicas. No entanto, atualmente os valores doados e o número de doadores caíram sensivelmente -- são 51 pessoas físicas e 19 empresas. Segundo a presidente do centro de educação, Elizabeth Bettega Castor, viúva do professor Belmiro e também idealizadora do projeto, a escola está tendo dificuldade para alcançar os R$ 130 mil mensais para manter toda e estrutura.
“Já chegamos a ter 200 pessoas que doavam no mínimo R$ 100 ao mês. Mas, com o tempo e a condição financeira, vimos esse quadro diminuir bastante”, constata Elizabeth. O efeito é que o orçamento para 2019 está garantido, mas para 2020 segue uma incógnita. “Eu nem quero pensar nisso”, lamenta a presidente.
Caso os recursos se esgotem, algumas atividades da escola serão afetadas. Gastos como as contas de luz e água não poderão ser pagos. Mas o ponto que sofre o maior impacto da falta de recursos é a alimentação das crianças.
"Oferecemos 750 refeições por dia: café da manhã, almoço e lanche da tarde. Se fôssemos cobrar mensalidade dos alunos, sem lucro algum, seriam R$ 457 de cada um para pagar as contas", detalha a coordenadora, Alexandra Lima.
O risco de o projeto acabar terá impacto direto na família dos 300 alunos atendidos no João Paulo II. Além de oferecer educação para as crianças, o centro também permite que os pais, principalmente as mães, possam trabalhar enquanto as crianças são atendidas. E o melhor: com educação de qualidade. "Antes de o projeto começar, muitas mães não tinham onde deixar os filhos em tempo integral para poderem trabalhar. Agora, podem deixá-las no centro”, explica a idealizadora.
É o caso da esteticista Célia Belão, de 49 anos, cuja filha de 9 anos, Nauane Belão Machado, está matriculada no centro desde os 4 anos. A menina estuda em uma escola pública e no contraturno fica na João Paulo II, onde tem reforço escolar e pratica oficinas de artes. “Sem o centro eu teria um gasto muito alto para deixar a Nauane enquanto trabalho. Sem contar que ela está em uma escola de qualidade. Esse colégio caiu do céu”, relata Célia.
Para ajudar a escola, há quatro opções para doação: valor mensal a partir de R$ 100 direto com a diretoria do centro, doação pela fatura da luz, doação pelo Imposto de Renda e doação por depósito bancário na conta Banco Bradesco (237) - Agência 5750 - Conta corrente 97805-1 - CNPJ 08.999.188/0001-35.
Para mais informações sobre como doar, basta ligar para o telefone (41) 3079-7810 ou acessar o site do Centro de Educação João Paulo II.
Criação
O Centro Educacional João Paulo II surgiu de iniciativa do casal Belmiro e Elizabeth ao observar as crianças vizinhas do sítio que a família tem em Piraquara. A grande quantidade de crianças nas ruas, sem ter o que fazer fora do horário das aulas, chamou a atenção. A partir de então, resolveram proporcionar educação de qualidade para aquelas crianças carentes.
Logo que acharam um terreno para construir a sede, correram atrás de parceiros dispostos a financiar o projeto do Centro de Educação João Paulo II. Decidiram oferecer ensino regular para turmas de educação infantil e contraturno para o ensino fundamental. Para garantir que o ensino fosse dado para crianças de baixa renda, adotaram um processo seletivo. "Após o cadastro, visitamos as famílias e damos prioridade para quem mais necessita", explica Alexandra Lima.
No contraturno, além de reforço de língua portuguesa e matemática para o ensino fundamental, há sete oficinas obrigatórias: artes, música, dança, educação física, motricidade, teatro e literatura.
Para o quadro profissional, o casal também encontrou uma solução. Os professores das oficinas são cedidos pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) e do reforço pelo Serviço Social do Comércio (Sesc).
Nos últimos anos de vida, Belmiro fez do Centro de Educação João Paulo II um modelo inspirador. "O centro nasceu com o objetivo de ser um projeto-piloto que inspirasse a abertura de outros centros como o nosso. Alguns educadores do país já visitaram nossa escola antes de abrirem as suas”, orgulha-se Elizabeth.
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