Uma equipe de guardas municipais atuará dia e noite na Praça Oswaldo Cruz, no Centro de Curitiba, a partir desta sexta-feira (9). Mas a sala escolhida para que eles guardem seus pertences e monitorem o local fica escondida no subsolo do Centro de Esporte e Lazer Dirceu Graeser e não possui nenhum acesso direto à área externa da praça.
De acordo com um GM que preferiu não se identificar, para deixar o novo espaço é necessário atravessar um “labirinto” entre inúmeras salas - onde a população realizará atividades físicas - e corredores. “Se algo acontecer na praça, teremos que atravessar tudo isso para poder agir”, lamentou.
O caminho citado pelo guarda dá acesso à pista de caminhada ao lado da Avenida Visconde de Guarapuava. Assim, se a emergência acontecer na Rua Lamenha Lins, na Brigadeiro Franco ou ainda na face da praça voltada para a Avenida Sete de Setembro, a caminhada do GM de plantão será ainda maior.
A situação, segundo o guarda, poderia ser corrigida com a abertura de outro acesso na Rua Brigadeiro Franco, ao lado da piscina coberta. “Nossa sala fica bem perto da escada que sai nesse prédio. Só que o fim dessa escada é sem saída, com grades fechando a passagem”.
A equipe da Gazeta do Povo foi até o local e flagrou alguns servidores da prefeitura de Curitiba pulando essas grades para entrar na área subterrânea sem precisar dar a volta. Eles não quiseram dar entrevista, mas disseram informalmente que o caminho não deve ser utilizado por ninguém, incluindo os guardas.
Visão de toda a praça
Durante a reinauguração do Centro de Esporte na manhã desta sexta-feira – seis anos após o fechamento em 2012 –, o secretário Marcello Richa, da Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude, afirmou que os GMs teriam estrutura adequada para trabalhar no local. “A ideia é que a Guarda Municipal tenha um espaço amplo, onde tenha visão de toda a praça”, afirmou.
Segundo ele, isso aumentaria a segurança dos usuários do centro esportivo e também das pessoas que usam a pista de caminhada, a quadra e as duas academias ao ar livre. “Nossa preocupação com a segurança é clara porque muita gente utiliza a praça também nos horários na noite e no fim de tarde, quando há aumento nas ocorrências de pequenos roubos, furtos e criminalidade”.
Obra abandonada
No período em que o centro esportivo ficou abandonado, o espaço também passou a servir de abrigo para moradores de rua e os vizinhos começaram a reclamar do intenso consumo de drogas no local, principalmente maconha e crack.
A estrutura foi fechada em meados de 2012 na gestão do ex-prefeito Luciano Ducci (PSB) e começou a ser reformada apenas em 2015, durante o mandato de Gustavo Fruet (PDT). A previsão inicial de entrega era fevereiro de 2016. Já na gestão Rafael Greca (PMN), a promessa era de entregar a reforma em dezembro de 2017.
Tanta demora levou até uma frequentadora da praça a questionar a prefeitura na Justiça no fim de 2017. Na ação popular, o município era questionado sobre os aditivos da obra.
Ao todo, foram investidos R$ 3,9 milhões na reforma que incluiu a piscina coberta e aquecida, nova cobertura para o ginásio e novo piso de madeira na quadra, nos vestiários, banheiros e nas salas de dança e musculação.
De acordo com a Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude, 1.250 pessoas já se matricularam nas atividades de natação, ginástica e musculação oferecidas no local. No entanto, a previsão do secretário Richa é de que até 3 mil pessoas sejam atendidas após a abertura das modalidades coletivas no local. A previsão é que as turmas iniciem suas atividades nos próximos meses.
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