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Casos de acidentes com escorpiões têm aumentado na Região Metropolitana de Curitiba. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Casos de acidentes com escorpiões têm aumentado na Região Metropolitana de Curitiba.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

A interdição de uma creche ligou o sinal de alerta para ocorrências de picadas de escorpião em Curitiba. Na última sexta-feira (8), o prefeito Rafael Greca (PMN) determinou o fechamento do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Dinalva Tulio, no bairro Santa Felicidade, para que a unidade fosse dedetizada após a denúncia de uma mãe de que havia escorpião no local. Greca relacionou o aparecimento dos animais ao acúmulo de entulhos e lixo em um terreno baldio ao lado da escola, o qual o prefeito determinou que fosse notificado e multado pela Secretaria Municipal de Urbanismo.

Evitar o acúmulo de entulhos é justamente uma das principais medidas para evitar o surgimento de escorpiões. No Paraná, em especial na região metropolitana, as ocorrências têm gerado preocupação. Somente em 2019, já foram 175 ocorrências. Na Região Metropolitana de Curitiba, o crescimento fez com que moradores mudassem até mesmo hábitos do dia a dia para tentar evitar o contato com o aracnídeo. Em Pinhais, a prefeitura chegou a divulgar um guia com orientações sobre como evitar a proliferação dos escorpiões. A cidade está em alerta devido à infestação do bicho. Na Lapa, moradores relatam casos em sequência.

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Para saber como evitar a presença desses animais, o que fazer caso encontre algum ou mesmo seja picado, a Gazeta do Povo montou um guia para lidar com os escorpiões.

Quais regiões do Paraná com mais registros?

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em 2018 foram registrados 3.144 acidentes com escorpiões, sendo a maior parte no Norte, Oeste e Noroeste do Estado. Das 22 regionais de saúde, os maiores números de ocorrências foram registrados nas regionais de Paranavaí (518 casos) e de Maringá (762 casos, sendo 223 somente no município de Colorado). Neste ano de 2019, já foram registrados 175 casos em todo o estado.

O aumento nos casos nesse começo de ano tem relação com as temperaturas altas?

Segundo o biólogo da Divisão de Zoonoses e Intoxicações da Sesa e coordenador do Programa Estadual de Vigilância de Acidentes por Animais Peçonhentos e Venenosos, Emanuel Marques da Silva, o Paraná tem uma sazonalidade maior em relação a ouros estados. “Temos um período frio, em que o animal diminui seu metabolismo e fica escondido. Ele sai do esconderijo quando há calor. Por isso, no verão aumentam o número de acidente”, explica.

Se encontrar algum escorpião na rua, no quintal ou em casa, o que fazer?

Caso seja encontrado um escorpião em uma residência, ele deve ser capturado ou abatido. Deve-se tomar muito cuidado ao capturar um escorpião vivo, pois ele pode se movimentar rapidamente durante a fuga e se esconder. O ideal é empurrá-lo para dentro de um pote, que que deve ser fechado com tampa. Em seguida, este escorpião deve ser levado à Secretaria de Estado da Saúde para identificação. Assim será possível avaliar o risco que aquele animal representa para a saúde e tomar as providências para reduzir sua ocorrência.

Quais cuidados podem ser tomados para evitar que os escorpiões se aproximem? Há algo que pode afastá-los?

Para evitar que escorpiões se proliferem valem os mesmos cuidados para evitar aranhas marrons e outros animais peçonhentos: eliminar os chamados quatro “As”: abrigo, acesso a este abrigo, alimento e água. Para isso, as medidas são organizar o quintal e mantê-lo limpo, remover entulhos e sobras de construção, fechar frestas, colocar telas nos ralos e nas janelas, usar sacos de areias nos vãos das portas e não deixar expostos resíduos orgânicos que atraem baratas, que são alimento dos escorpiões.

Usar algum tipo de produto químico pode ajudar?

Segundo o biólogo da Sesa, o controle químico não funciona com os escorpiões. “Se funcionasse, não teríamos no Brasil mais de 120 mil acidentes com escorpiões em um ano, que formam registrados em 2018”, diz Emanuel Marques da Silva. Por isso a importância de tomar as medidas acima.

Quais os escorpiões mais perigosos?

Entre as espécies nativas, todas podem causar acidentes. Porém, a maior parte dos casos registrados nos últimos anos foram com o escorpião amarelo, de forte veneno, que não é uma espécie nativa, mas que foi introduzida no Paraná, antes dos anos 90. Mas um alerta: como a população em geral não está apta a identificar cada tipo de escorpião, a orientação é sempre que avistar um desses animais colocá-lo em um pote com tampa e encaminhá-lo às autoridades de saúde.

Nos casos de picada, o que as pessoas sentem?

A picada de escorpião causa dor imediata, podendo irradiar para o membro e ser acompanhada de adormecimento, vermelhidão e suor. Podem surgir suor excessivo, agitação, tremores, náuseas, vômitos, salivação excessiva, dentre outros sintomas mais graves. Por isso, deve-se procurar o médico imediatamente e, se possível, levar o escorpião em um pote fechado para a unidade de sáude.

Dá para confundir com picada de outros animais?

Como a dor é imediata por causa da picada, normalmente o escorpião será visto, se esse for o caso. O alerta é em relação às crianças pequenas, que, se forem picadas, vão sentir dor e chorar, mas não saberão o bicho que picou. Por isso é importante monitorar a presença dos escorpiões na propriedade.

No caso de picada, o que deve ser feito? Correr para o hospital? Ou para unidades de saúde?

Em caso de uma picada, deve-se procurar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais próxima o mais rápido possível, principalmente em caso de crianças, para que os danos causados pelo envenenamento sejam minimizados pelo tratamento. O soro antipeçonhento é disponibilizado apenas na rede do SUS.

Criar galinhas espanta os escorpiões? É verdade?

O biólogo da Sesa afirma que essa informação é falsa, pois as galinhas se recolhem para dormir no entardecer, enquanto o escorpião é um animal de hábitos noturnos, que sai de seu esconderijo após escurecer. “Ele até é encontrado durante o dia em caso de infestações grandes e nisso a galinha pode comer um ou outro, mas não vai controlar a quantidade enquanto o ser humano não alterar o ambiente favorável para o escorpião”, completa Emanuel Marques da Silva.

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