A tempestade com granizo e ventos de até 65 km/h que atingiu Curitiba na noite desta quarta-feira (18) causou transtornos por toda a cidade. Provocou alagamentos em pleno horário de pico, derrubou árvores, travou o trânsito e transformou o teto de estabelecimentos comerciais em cascatas tanto foi o volume de água acumulado.
Restaurantes, supermercados, um shopping e até um campus da Universidade Federal do Paraná ficaram alagados. No Centro, um dos mais tradicionais bares da capital, o Maneko's, viu o teto ceder parcialmente com o peso da chuva.
"Virou uma cachoeira", relatou Manoel Pereira Alves, dono do estabelecimento. "Os clientes ficaram assustados e ainda temos que calcular o prejuízo. Vamos limpar tudo e ver como vai ficar", lamentou o proprietário.
Não foi o único. Em um shopping também no Centro de Curitiba, água verteu do teto em plena praça de alimentação. Dentro das lojas, houve quem tivesse que abrir o guarda-chuva.
"Foi uma explosão de água que estourou. Parou o temporal, mas ainda tinha que andar de guarda-chuva aqui dentro. Até dentro das lojas chovia, no shopping inteiro", relatou Cristiano Sérvolo, cozinheiro de um dos restaurantes do shopping.
Nem os supermercados escaparam. Em pelo menos três estabelecimentos de grandes redes, o teto cedeu com a força da água. Em um deles, no Bigorrilho, estabeleceu-se situação de caos. Vídeo que circula nas redes sociais — e cujas imagens foram confirmadas pela reportagem — mostra o momento em que a parte superior da loja desaba em cima dos caixas. Houve corre-corre de funcionários e clientes, mas, aparentemente, a situação não deixou feridos.
Em outro grande supermercado no bairro Portão, o teto caiu em frente a uma das entradas, que ficou interditada por um tempo. No meio da loja também houve pontos de alagamento, mas o fluxo de clientes não precisou ser interrompido. "Choveu muito e com essa chuva toda caiu uma parte do telhado. Mas deram um jeito logo. Foi mais o susto mesmo", comentou Lucas Ogata, 25 anos, que trabalha em um estabelecimento próximo. Também houve registros de alagamento dentro de um hipermercado no Cabral.
De universidade a show
O campus Politécnico da Universidade Federal do Paraná, no bairro Jardim das Américas, alagou com a chuva forte. Além disso, dentro de pelo menos um dos laboratórios de informática da instituição alunos tiveram que abrir guarda-chuvas para proteger os computadores.
Em frente ao Simepar, instituto de meteorologia do Paraná que fica no mesmo lugar, formou-se um pequeno rio, com acúmulo de 21,6 mm em apenas 15 minutos.
A chuva interrompeu até mesmo um show de rock que era realizado na Pedreira Paulo Leminski. O Festival Rock Ao Vivo começou por volta das 17h e quem estava no palco da Pedreira era a banda Europe. Apesar do show interrompido, o festival foi retomado. Em suas redes sociais, o vocalista da banda Whistesnake, David Coverdale, publicou um vídeo mostrando o estrado causado pelo temporal.
Balanço
No fim da noite desta quarta, a Defesa Civil do Paraná ainda contabilizava os estragos. Até as 21h, ainda não havia registro de desabrigados ou desalojados, mas equipes seguiam nas ruas atendendo, sobretudo, destelhamentos causados pela ventania e pelas pedras de granizo. Também não houve registro de feridos.
Além de Curitiba, ao menos outros sete municípios da Região Metropolitana acionaram a Defesa Civil: Balsa Nova, Fazenda Rio Grande, Lapa, Araucária, Campo Largo, São José dos Pinhais e Contenda. Resultado do grande volume de chuva em um curto período de tempo.
De acordo com o Simepar, Curitiba acumulou 21,6 mm em apenas 15 minutos - o equivalente a mais de 15% do previsto para todo o mês de setembro. "Normalmente na chegada de sistemas é que está o pico máximo para tudo, vento, chuva — que foi o que aconteceu", explicou o meteorologista do Simepar Samuel Braun.
Segundo o instituto, o aquecimento que chegou a 24°C na parte da tarde é que pode ter potencializado a tempestade em Curitiba, onde equipes da Guarda Municipal, das administrações regionais, da Defesa Civil, da Superintendência de Trânsito (Setran), do Meio Ambiente e da Fundação de Ação Social (FAS) seguiam trabalhando no fim da noite para atender aos danos deixados pelo aguaceiro.
Até as 21h15, o balanço parcial de estragos na capital apontava mais de 200 casas destelhadas nos bairros Boa Vista, Portão, Cajuru, Umbará e Caximba. Nestes locais, houve distribuição de lonas e cobertores.
Foram atendidas também ao menos 40 solicitações de quedas de galhos e árvores em diversos pontos da cidade, inclusive na Avenida Anita Garibaldi e na Coronel Dulcídio.
No trânsito, a ocorrência mais grave foi na esquina entre as Ruas Padre Camargo e Agostinho Leão Júnior. No local, o asfalto rompeu e abriu uma cratera.
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