Talvez você já tenha ouvido falar da alta qualidade da dublagem brasileira e seu reconhecimento ao redor do mundo. Mas, apesar de ser conhecida por geralmente sair do Rio de Janeiro ou de São Paulo, a técnica, na realidade, tem mais uma capital no negócio: Curitiba.Trata-se do material feito pelo estúdio Dublagem Curitiba, empresa que quem não conhece pelo nome certamente conhece por seus trabalhos em grandes canais e plataforma.
Séries, filmes, programas e documentários estão entre as produções dubladas pelos 60 profissionais que integram o estúdio. No entanto, nem sempre o estúdio teve tantos trabalhos como agora. Na realidade, esse é o melhor momento da empresa, que começou em 2009 apenas como escola de dublagem e enfrentou muitos percalços até convencer o mercado a romper o eixo Rio-São Paulo. A responsável pela empreitada é a atriz e dubladora Mônica Placha, 52 anos, que abriu a escola após morar um tempo na capital paulista, onde estudou Artes Cênicas e trabalhou com produção teatral.
“Um tempo antes de voltar a Curitiba, descobri a dublagem e me apaixonei. E já no Paraná, comecei a dar aulas”, lembra Mônica. Como estúdio comercial, no entanto, a Dublagem Curitiba só começou a funcionar em 2016, no bairro Jardim Social. Foi naquele ano que uma distribuidora do Rio de Janeiro os procurou para alguns trabalhos com o Canal Futura e a TV Escola, que seguem sendo seus parceiros desde então.
A distribuidora é quem faz a ponte entre o estúdio e o cliente final. Também é dela que o estúdio recebe os materiais a serem gravados, que geralmente chegam com poucos tempo de prazo. “O mercado é muito corrido. Quando chegam os materiais para gravação, temos dois ou três dias para entregar tudo”, esclarece Mônica.
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A partir da chegada do material, que vem por capítulos ou episódios, a primeira tarefa é da proprietária do estúdio, que ouve as vozes originais e escolhe os atores que farão os respectivos papéis na dublagem, além de mandar o texto para um tradutor. Os horários de gravação são agendados, e, no dia da gravação, após o aquecimento vocal, o dublador assiste à primeira cena e grava logo em seguida. De acordo com Mônica, a primeira gravação é um treino. Caso o dublador seja bom, a segunda já é a definitiva. Mas isso nem sempre se concretiza e a gravação de uma cena de um minuto pode levar de 15 a 20 minutos.
Para serviços de streaming, Mônica explica que não há nenhuma diferença em comparação às outras dublagens do estúdio. “Sempre mantemos a mesma qualidade. O que muda são as observações que o cliente final pode fazer”. A partir das considerações do canal ou da plataforma, é comum que os atores tenham que adaptar pequenos trechos para se adequar completamente ao que é solicitado. São os momentos chamados de retakes.
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Mas se tem algo que costuma passar longe das dublagens feitas pelo estúdio, seja qual for o canal final, é o que Mônica chama de “dublanês”: o estilo comum entre as dublagens dos anos 80, quando as falas eram ditas com menos naturalidade. É claro que, se algum cliente solicita o estilo, o estúdio consegue fazer. “Mas eu defendo uma linha mais natural, porque a linguagem evolui e temos que evoluir junto”, destaca.
De qualquer forma, o bom dublador precisa saber fazer esse tipo de interpretação, se for necessário. “O bom dublador é 50% técnica e 50% emoção”, estabelece Mônica. A técnica consiste em conseguir entender o que a gravação original pretende passar, e, rapidamente, transformar isso em uma fala com interpretação e uma dicção perfeita. Dependendo do personagem, é até possível ser um pouco criativo sobre a voz existente. Isso acontece especialmente com animações, que costumam ser os tipos de programas preferidos dos dubladores — e também os mais escolhidos pelo público para se assistir no modo dublado.
Ser dublador
Se tornar dublador, para muitas pessoas, é um sonho. É o caso de Bruno Rodrigues, que começou fazendo o curso com Mônica, em 2015, e em 2018 se tornou diretor de dublagem do estúdio, além de ter interpretado dezenas de personagens. Para Rodrigues, uma das grandes peculiaridades do trabalho é poder exercitar a interpretação e a criatividade por meio da voz, o que ele já fez inclusive dando um toque curitibano.
“Eu criei uma imitação vocal do nosso prefeito, Rafael Greca, e consegui usá-la de inspiração para um personagem que dublei”, conta.
O curso que a Dublagem Curitiba oferece, no entanto, é apenas uma das etapas para se tornar profissional. Antes, é necessário que o interessado já tenha um registro profissional de ator, o chamado DRT. Apenas com esse cadastro é possível trabalhar. Mesmo assim, muitas pessoas que ainda não tiveram contato com a área podem acabar se dando bem rapidamente. “A dublagem acessa uma parte do cérebro que está relacionada ao que atores fazem no palco, mas não é totalmente a mesma coisa”, explica a diretora do estúdio.
Uma vez dentro do mercado, o profissional ganha um salário variável, dependendo de quantos personagens interpreta e de sua versatilidade. Conforme a proprietária do estúdio, seus dubladores podem ganhar entre R$ 1,5 mil e 7 mil. E para seguir o mesmo caminho, ainda há espaço: no estúdio Dublagem Curitiba, Mônica pretende ampliar seu casting de 60 vozes para 100 nos próximos meses. “O primeiro passo é fazer o curso conosco. Caso o aluno se destaque, podemos sim pensar em incluí-lo em nosso grupo de profissionais”, sugere. Ainda assim, a diretora acrescenta que não promete o encaminhamento.
Serviço
Dublagem Curitiba
Contato: (41) 99251-2638
Endereço: Rua Arcésio Guimarães, 58 - Jardim Social, Curitiba
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