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Pouco mais de dois meses após receber alta do hospital, o jornalista e ex-vereador de Curitiba Cristiano Santos, 41 anos, ainda se recupera dos 62 dias internados para tratamento da Covid-19. Só na UTI, foram 50 dias. De lá para cá, recuperou apenas 6 kg dos 25 kg perdidos, tem ânsia de vômito para ingerir determinados alimentos, o cabelo segue ralo e ainda não consegue fixar a perna esquerda no chão por causa de uma inflamação no nervo, sequelas do coronavírus.

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Mesmo assim, o apresentador local da Rede Bandeirantes, que antes de contrair Covid-19 já havia desistido de tentar a reeleição na Câmara, confia que vai se recuperar em breve e voltar ao trabalho. Afinal, o mais grave passou. “Os próprios médicos chegaram a preparar minha esposa, dizendo que eu poderia já estar com morte cerebral. Mas, mesmo demorando mais do que o previsto, quando tiraram a sedação eu consegui reagir”, agradece.

Cristiano não sabe ao certo como contraiu a doença, já que vinha se cuidando. Por isso, faz um apelo para as pessoas usarem máscara e manterem o distanciamento social, mesmo de pessoas da família e amigos próximos. “O contágio pode vir de quem você menos espera e não é por má-fé. É um descuido da pessoa de quem a gente gosta, até ama, da família, e talvez você contraia o vírus dela e pode passar para outras pessoas também”, alerta.

Dos momentos difíceis na UTI, o jornalista lembra de uma mulher grávida internada no leito do lado, também contaminada pelo coronavírus e que infelizmente não resistiu. O bebê foi salvo. “Tempos depois, o marido dessa mulher me contactou nas mídias sociais e disse que sempre que ia visitar a esposa passava lá e me via também. Estar na UTI é triste e desesperador. Por isso que não dá para entender como muitas pessoas ainda não tomaram consciência de que a doença é impiedosa”, enfatiza Cristiano Santos. Confira a entrevista:

Você se lembra como se infectou?

Testei positivo no dia 14 de novembro, quando comecei a sentir diferença no meu corpo, com tosse, dor de cabeça, muitas dores no corpo. No dia 18 de novembro, internei, quando houve piora do quadro. Testei positivo em um sábado, imediatamente procurei um médico, que me receitou alguns medicamentos que comecei a tomar. Mas minha saturação começou a cair muito rápido. De terça para quarta, minha saturação despencou. Aí o médico pediu para me ver novamente e me internou de forma imediata.

Mas você desconfia como pode ter pego a Covid-19?

Todo o tempo tomei todos os cuidados. Só tirava a máscara para comer, dormir e tomar banho. Tinha frasco de álcool toda hora comigo para higienizar as mãos. Se pegava alguma coisa, já higienizava as mãos e o objeto também. Mas imagino que só pode ter sido a caminho do trabalho ou no próprio trabalho. E  faço questão de ressaltar que a Band toma todos os cuidados com os funcionários. A gente tem cabine de desinfecção logo na entrada, tem álcool em gel por todos os lados, não pode circular sem máscara pela emissora.

Outra possibilidade foi quando estive uma semana antes reunido com amigos. Não chegou a ser uma aglomeração, porque falei com poucos e com espaço de distância. Outra possibilidade, que a gente não sabe, é que recebi a visita de um amigo antes de eu testar positivo. E esse amigo depois eu soube que estava com Covid quando veio me visitar. Mas a gente não tem o direito de culpar ninguém. E também não sei se foi isso ou não. Fato é que testando positivo eu me isolei, procurei atendimento e já tive que me internar em seguida.

O jornalista Cristiano Santos 25 kg mais magro ao deixar o hospital após passar 50 dias na UTI.
O jornalista Cristiano Santos 25 kg mais magro ao deixar o hospital após passar 50 dias na UTI.| Gerson Klaina / Tribuna do Paraná

Como você estava se cuidando, o teu caso serve para exemplificar que um descuido mínimo abre a porta para o coronavírus entrar no nosso organismo. Inclusive a transmissão pode ser de gente do nosso convívio, porque muitas vezes as pessoas têm a sensação que não vão pegar a doença de um conhecido.

Sim. Vem de quem você menos espera e não é por má-fé. É um descuido da pessoa de quem a gente gosta, até ama, da família, e talvez você contraia o vírus dela e passa para outras pessoas também. Por isso a importância de evitar aglomerações, manter o distanciamento social, tomar todos os cuidados, sempre agir com muita responsabilidade.

A partir do momento que é se é internado com Covid-19, o que passa pela cabeça? Afinal, você não sabe se vai ficar um, dois dias ou se vai ficar internado 62 dias, sendo 50 na UTI, como foi teu caso.

Não tem como dizer que você não fica com medo. Porque você vendo os números, o noticiário, todos os dias a quantidade absurda de pessoas morrendo por causa dessa doença... Eu confesso que fiquei com muito medo. Chorei bastante, fiz minhas orações. Como sou muito apegado a Deus, só pedia para que Ele me desse a chance de seguir em frente, de ver meus filhos crescerem, de poder ficar velhinho ao lado da minha esposa. E pedi também para os médicos. Fiz o desabafo que acredito que todo paciente faz ao médico nessa situação. Eu falava “doutor, cuida de mim. Não me deixa morrer. Por favor, eu preciso voltar para casa”.

Lembrei do meu filho de 8 anos, que dorme toda noite abraçado a mim. Porque é estranho. De repente saio uma tarde para ir ao hospital e só volto depois de 62 dias. Foi bem triste. Conversei com minha esposa pedindo para que ela tomasse todos os cuidados. E é inevitável: você deixa aquela mensagem meio que em tom de despedida para caso não volte. E quando você vai para a UTI, então, fica tudo pior. Você ouve falar que 50% dos intubados não voltam. E essa sensação de medo aumenta principalmente quando você sabe que vai ser intubado. Aí você chora, ora, recorre a Deus, a tudo o que você pode, apela aos médicos e enfermeiros para que cuidem de você enquanto estiver apagado, porque você realmente não sabe se volta. Mas, graças a Deus, um mês depois consegui acordar da sedação.

Alguns médicos até não acreditaram. Eles chegaram a preparar minha esposa dizendo que iam tirar a sedação mas que eu poderia não reagir, poderia já estar até com morte cerebral. Mas não foi o que aconteceu. Mesmo demorando um pouquinho mais que o previsto, quando tiraram a sedação consegui reagir bem.

Segundo os médicos, o que me ajudou muito foi que não afetou outros órgãos. Afetou bastante o pulmão, mas não pegou os rins, fígado, nada. Talvez pela qualidade de vida que eu vinha mantendo com exercícios físicos constantes, sem ter outros fatores de risco, como diabetes. Sempre caminhei, sempre busquei ter uma alimentação saudável, mesmo gostando de um docinho. Isso ajudou bastante a não afetar outros órgãos.

Qual foi a importância da equipe médica na tua cura?

Quero deixar claro aqui: os profissionais de saúde são sensacionais. Tive um amparo maravilhoso. Eles cuidam como se a gente fosse da família mesmo, com um carinho, uma dedicação, um comprometimento muito grande. Isso é sensacional e tem sido fundamental para as vidas que estão sendo salvas. As vidas que não estão sendo salvas é porque realmente o quadro é muito crítico ou a pessoa tem fator de risco.

Quando o médico falou da intubação, você chegou a se despedir da família?

Na verdade não tive contato com a família. Mas quando soube que ia para a UTI falei com minha esposa por mensagem. Também pedi a um tio, que é um segundo pai para mim, que orasse para mim porque dali para frente eu estava na mão de Deus, não sabia mais o que iria ser. A primeira coisa que passa pela cabeça é como vai ficar tua família. No meu caso, minha esposa, meus dois filhos. Porque ninguém está preparado para morrer, ninguém sai de casa pensando ‘hoje eu vou morrer’ ou ‘hoje vou ficar doente, entrar no hospital e ir para uma UTI e não vou voltar mais’. Todo mundo tem planos de vida, projetos. Todo mundo quer o melhor para a família, esposa, filhos. E para quem tem filhos pequenos, o maior desejo é vê-los crescer, vê-los se tornarem adultos. Eu tenho uma filha de 16 e um filho de 8 anos, então imagina como fica a cabeça. Mas deu tudo certo.

Do período em que você ainda não estava sedado na UTI, você lembra qual era o cenário? Tinha muita gente internada, muita gente morrendo? O que você se lembra dos outros pacientes à tua volta?

A UTI que eu estava era fechada e eu não via os outros pacientes. Mas a gente sabia por relato de enfermeiros que a UTI estava cheia, que em um dia havia falecido uma pessoa, no outro dia faleceu outra. Teve um dia inclusive que faleceu uma gestante, mas conseguiram salvar o bebê. Tempo depois, o marido dessa mulher fez contato comigo nas mídias sociais e disse que sempre que ia visitar a esposa passava lá e me via também. Então é bem triste e desesperador.

Por isso que não dá para entender como muitas pessoas ainda não tomaram consciência de que essa doença é impiedosa, de que o vírus está muito mais próximo do que a gente imagina e que todos nós estamos extremamente vulneráveis, mesmo tomando todos os cuidados. Então é redobrar os cuidados, ainda mais agora com essas mutações dos vírus. Se a gente não se cuidar e tiver essa confiança de que nunca vai acontecer com a gente, só com o outro, infelizmente o pior pode acontecer.

Quais sequelas você teve da Covid-19?

Perdi 25 kg, dos quais só recuperei 6 kg até aqui, com trabalho nutricional, com acompanhamento de quase dois meses, mas isso vai ser lento mesmo. Tive queda de cabelo. Mas o pior de tudo é uma inflamação nos nervos na perna esquerda. Do joelho para baixo não sinto praticamente nada. Não consigo firmar o pé no chão, dependo de apoio para andar. Estou fazendo fisioterapia e a expectativa é de que em mais um mês ou um mês e meio quem sabe o pé consiga “acordar” e ter firmeza.

Paladar também mudou bastante. Alguns alimentos que eu gostava muito agora tenho dificuldade de ingerir, em alguns momentos chega a dar enjoo, vontade de vomitar.

É terrível. Uma doença tão destruidora como essa não tem como não deixar sequela. Você cura, você vence a Covid, mas acho que as sequelas são inevitáveis. Isso aconteceu comigo, mas vou vencer. O pior, tenho certeza, já passou. Graças a Deus estou vivo, estou em casa, me recuperando no ambiente familiar e isso tem me ajudado. Não saio de casa nem para fazer fisioterapia.

Qual foi o impacto da doença na tua família. Você ficou na UTI bem na época das festas de fim de ano, Natal e ano novo. Como foi para tua família ao invés de aproveitar um momento que deveria ser de alegria e esperança ter tanta preocupação?

Soube tudo depois. Pelo que minha família me contou foi de choradeira, com Natal triste, todo mundo isolado, sem motivo para comemorar. Pai chorando de um lado, esposa do outro, filhos também. Tudo sem aquela confraternização que toda família gosta nesse período. Pelo menos o ano novo foi um pouco mais alegre, porque em 28 de dezembro eu comecei a reagir. Depois de um mês só recebendo informação que eu estava estável, mas corria risco, que podia não voltar, tendo que se preparar para o pior, aquela agonia toda, aí de repente consegui acordar da sedação e reagir bem. Aí o ano novo minha família pode passar mais esperançosa. Mas nada como a volta para casa, que só aconteceu em 21 de janeiro.

Qual foi o impacto da doença no teu trabalho? Quanto tempo você está fora da tua atividade e qual a previsão de retorno?

A gente faz o que ama. E aí fica triste por estar fora do trabalho. A gente assiste e quer estar lá, pensa em dar uma informação de maneira mais ampla, você quer estar envolvido. Faz quatro meses que estou afastado e só tenho a agradecer a direção da Band que me abraçou de uma forma sensacional. O que ouvi deles foi: não importa se a recuperação vai demorar 15 dias, um mês, dois meses, seis meses, um ano... O importante é a tua recuperação, na hora que você voltar, teu lugar está aqui. Isso dá uma tranquilidade muito grande, pois continuo com meu salário normal, o que poucas empresas podem fazer hoje, num momento tão preocupante, com tanta gente sendo demitida, tantos trabalhadores desesperados. Sou um privilegiado e agradeço a Deus todos os dias pela minha vida, meu trabalho, minha família. E do trabalho agradeço a todos os envolvidos que me permitem focar na minha recuperação, sem ter outra preocupação nesse momento.

Diante de todo o sofrimento que você e tua família passaram, qual é a sensação ao ver festas clandestinas, gente desdenhando da doença?

É um misto de raiva e indignação, porque de fato essas pessoas só podem estar sem noção. Não acredito que mesmo com tudo o que é mostrado na TV, rádio, nos portais de notícias, com o número de UTIs lotadas, com praticamente 100% de ocupação em todo o estado e no Brasil... Quem vai mentir sobre isso? É tudo verdade, é real. As UTIs estão cheias, as pessoas estão morrendo, as mortes crescem a cada dia, recordes há mais de 20 dias. Não dá pra entender como as pessoas não acreditam ou desafiam o perigo.

O vírus está muito mais perto do que a gente imagina. Todos estamos muito vulneráveis tomando todos os cuidados, imagina se não usar máscara, se não mantiver distanciamento, se não higienizar as mãos, aí a possiblidade de sermos infectados é ainda maior. Eu talvez até tenha imunidade por alguns meses por ter tido a doença, mas há o risco de reinfecção. Eu estou com um medo danado. Não saio de casa. Tenho o privilégio de poder ficar em casa, sei que muita gente não pode, tem que sair para trabalhar, que tem que pegar ônibus lotado de manhã, então, nesse caso, só nos resta pedir a Deus que essas pessoas não fiquem doentes. Mas é diferente o trabalhador que tem que sair de casa dos inconsequentes que vão para festa, balada, aglomeração, desafiando a doença. É uma pena.

Eu não quero passar nunca mais pelo que passei e não desejo para ninguém, nem se eu tivesse inimigo, o pior deles. Viver a incerteza, o medo, o ambiente de UTI, com equipamentos para todos os lados, furo nas veias, e a incerteza se vai voltar para casa e rever tua família. Essa incerteza é o que mais castiga a gente no hospital.

Quais sintomas você sentia quando você estava internado?

No hospital era mais a questão respiratória. Cheguei com a saturação muito baixa. Tive dor de cabeça, dor no corpo, mas o medicamento aliviava isso. Mas a falta de ar era terrível. Respirar é algo tão simples e a gente não dá valor em puxar e soltar o ar. Com a Covid-19, de repente você quer puxar esse mesmo ar e não vem, a respiração fica curta. Você mal puxou o ar e já está soltando, fica ofegante, dá três, quatro passos e quase morre de tanto cansaço. Quando me colocaram no oxigênio no hospital parece que abriu o mundo de tanto alívio, porque você está agoniado.

A ansiedade aumenta conforme piora teu estado respiratório?

Dois dias depois de internado, me transferiram para a UTI. Aí me botaram em um equipamento chamado VNI, ventilador não invasivo, para expandir os pulmões. Te põem em pronação [de peito para baixo]  por algumas horas e isso vai expandir teus pulmões para não precisar intubar. Topei na hora, pensei “para não precisar intubar, faço qualquer coisa”. E olha, me esforcei bastante com esse equipamento. Tinha vezes que era para eu ficar 20 minutos e ficava 1 hora para ver se os pulmões realmente expandiam. Mas infelizmente não deu certo. Depois de três, quatro dias, decidiram me intubar.

Aí quando voltei da sedação, fiquei mais uns dias com o oxigênio, fazendo o desmame, que é quando eles vão diminuindo a dose para o pulmão ir trabalhando sozinho, até você não precisar mais. Em três, quatro dias eu já não precisava mais de oxigênio. Já estava bem melhor na respiração, só as outras sequelas.

Qual foi a sensação de quando você se olhou no espelho a primeira vez após a intubação, já que você estava muito debilitado?

Foi de tristeza, mas também de agradecimento porque estava vivo. Você olha no espelho e pensa “meu Deus, estou acabado”. Eram 25 kg a menos. Pesava 90 kg, saí do hospital com 65 kg. É triste, desolador, assustador. Mas você tem que agradecer. Eu pensei “estou magro desse jeito, mas posso recuperar isso lá na frente. Pior se tivesse morrido. Aí não teria o que recuperar. Então daqui pra frente é me tratar, me alimentar direitinho”.

Mas vou falar, você parece uma criança quando deixa a UTI. Tem que reaprender a andar. Se me soltar da muleta, eu pareço uma criança de um ano de idade buscando equilíbrio para não cair.

Tive que reaprender a comer também, porque foram dois meses sem me alimentar pela boca, só sonda. Quando voltei a ingerir, tive que ter acompanhamento de fonoaudiólogo para voltar a digerir, a mastigar como antes. O estômago também precisa se readaptar para voltar a aceitar o que você comia antes. Você fica satisfeito com muito menos comida, com muito menos alimentação. É uma diferença muito grande no corpo. Parece uma transformação em que você tem que lidar dia a dia para ir se adaptando.

Você tinha uma vida de exercícios físicos e sem comorbidades antes da Covid-10?

Não tinha comorbidade nenhuma, obesidade, diabetes, nada. Eu tinha feito check-up seis meses antes e estava tudo ok. Exercícios físicos sempre fiz regularmente, só não conseguia correr porque fiz duas cirurgias no joelho. Mas caminhava com muita frequência, fazia bastante exercício de pedalada no fim de semana com meu filho. Tinha uma vida relativamente ativa, sem sedentarismo. Não fumo, tinha sono regular, e aconteceu. E as pessoas acham que a Covid é só para quem tem fatores de risco.

Pouco antes de você se internar, teve a morte por Covid-19 do vereador Jairo Marcelino, teu colega na Câmara. Como foi a repercussão entre os vereadores e para você de perder alguém tão perto poucos dias antes de você mesmo ser hospitalizado?

Ali ligou o sinal de alerta. Por mais que a gente se cuide, enquanto não ocorre com alguém perto da gente ou com a gente mesmo você vai levando. Mas o susto é quando chega perto. A gente sentiu muito porque o Jairo era muito alto astral, fazia todo mundo rir, era um cara muito legal. Mas tinha a questão da idade dele, 77 anos, a obesidade e outros fatores que ele enfrentava. Não vou dizer que esse quadro consolava, mas você ainda pensa que quem não tem esses fatores pode até pegar, mas vai ser mais difícil. E não é assim. Está facinho de qualquer um pegar Covid-19. Só dar um vacilo, por menor que seja, já corre um grande risco de contrair.

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