Com poucos radares e lombadas e nenhuma travessia elevada, os 7 km do binário formado pelas ruas Mateus Leme e Nilo Peçanha, em Curitiba, viraram para os frequentadores do trecho a nova via rápida de Curitiba. Planejadas para desafogar o trânsito entre os bairros São Francisco e São Lourenço, as vias paralelas agora de mão única de sentido contrário uma da outra viraram espaço de carros e motos em alta velocidade, que comprometem a passagem de pedestres e põem em risco a segurança da região.
O chaveiro Santino Machado, 45 anos, diz que desde a inauguração do binário, dia 28 de novembro, o cantar de pneus virou constante ao longo da Mateus Leme. Segundo ele, sem fluxo na contramão, motoristas pisam no acelerador em vários pontos da rua, que leva o fluxo da região central de Curitiba aos bairros São Francisco e São Lourenço e também a cidades da região metropolitana, como Almirante Tamandaré, Itaperuçu e Rio Branco do Sul.
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Machado relata já ter presenciado três acidentes desde que o binário foi inaugurado, todos na esquina da Mateus Leme com a Padre Francisco Auling, onde uma curva assusta condutores em alta velocidade. Ele conta que, como não há placas de sinalização no trecho, motoristas que se aproximam muito rápido da curva invadem a faixa lateral para não perder o controle do carro e invadir a calçada.
“A gente fica com medo que uma hora um desses carros perca o controle e entre reto aqui. Imagina se mata alguém. Porque eles passam loucos aqui, em velocidade alta mesmo. A Mateus Leme agora virou uma via rápida, ou melhor, uma pista de corrida”, comenta o chaveiro.
Pedestres
A velocidade em excesso também assusta pedestres. Há quem passe minutos à espera de uma oportunidade de passar de um lado para o outro na Mateus Leme em partes distantes de sinaleiros e cruzamentos com faixa. Quem trabalha na região destaca ainda a insegurança dos idosos, que frequentam em peso a via por causa da presença de um hospital e de vários bancos e farmácias no entorno.
A diarista Cleonice Frutuso, 39 anos, trabalha em uma casa entre a Mateus Leme e a Nilo Peçanha. Várias vezes por semana precisa atravessar as ruas e sua conclusão é de que a implantação do binário piorou a passagem para pedestres.
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“Ficou bem pior do que era antes. Eles vêm na velocidade que querem, mas a velocidade que eles querem não é a que a gente precisa”, comentou a diarista. “Acho que podia ter mais sinalização, algum controle para que não andassem tão rápido”, opina.
Na Nilo Peçanha, com fluxo dos bairros ao Centro, a situação não é diferente. Lombadas esparsas e sinaleiros retêm a velocidade alta em alguns pontos, mas em trechos livres de controles e fiscalizações, os condutores seguem quase que sem restrições.
Myke Oliveira, de 25 anos, vigia de um centro universitário na via, observa que nos horários de pico, apesar da maior concentração de carros, o excesso de velocidade é ainda mais evidente. Ele conta que alunos passaram a reclamar da demora até surgir uma brecha para atravessar. Além disso, as buzinas não param.
“Antes o perigo era menor porque tinha trânsito na contramão, então os motoristas passavam mais devagar. Só que agora o movimento é bem rápido. Como aqui não tem lombada, eles desenvolvem e passam bem rápido, então é uma buzineira que só”, pontua.
Reforço com radares
A Superintendência Municipal de Trânsito (Setran) afirma que nas próximas semanas começará a fiscalização com radares estáticos no binário Mateus Leme-Nilo Peçanha para verificar o respeito ao limite de velocidade. No entanto, a pasta não informou se serão instalados radares fixos.
A pasta também informa que, por causa do comportamento dos motoristas, faixas elevadas não são indicadas para vias com três faixas - como é o caso deste binário. Isso porque nem todos os condutores podem decidir parar para ceder a travessia, o que poderia pôr em risco a passagem do pedestre.
Em nota, a pasta ainda acrescentou que, para ampliar a segurança de pedestres,foram programadas alterações iniciais que englobam a implantação de semáforo no cruzamento das ruas Nilo Peçanha com Orestes Beltrami; de faixa de pedestres no cruzamento da Nilo Peçanha com Senador Xavier da Silva; e alterações geometria para ampliar calçada na Rua Mateus Leme com Rua Carlos Cornelsen - medida compensatória do Hospital Onix.
“Vale ressaltar que o comportamento de motoristas e pedestres no binário continua sendo observado periodicamente por equipes técnicas da Setran para analisar possibilidade de outras alterações”, conclui a superintendência.