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Vereadores durante sessão plenária na Câmara Municipal em 2018
Vereadores durante sessão plenária na Câmara Municipal em 2018| Foto: Rodrigo Fonseca/CMC

Para convencer funcionários de seu gabinete a repassar parte de seus salários, a vereadora Fabiane Rosa (PSD) citou ao menos dois colegas da Câmara Municipal de Curitiba que, segundo ela, adotavam em seus gabinetes a mesma prática, conhecida popularmente como “rachadinha”.

Os nomes de Zezinho do Sabará (DEM) e de Hélio Wirbiski (Cidadania) – que deixou o mandato para assumir cargo no governo do estado no início de 2019 – são mencionados em áudios que fazem parte do processo movido pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) contra Fabiane e obtidos com exclusividade pela Gazeta do Povo. Os dois negam qualquer relação com o esquema.

O nome do vereador do DEM é citado em uma gravação feita por ex-assessoras em fevereiro de 2018, após serem chamadas por Fabiane para uma conversa. No áudio, a parlamentar pede que as interlocutoras “colaborem com um valor todo mês” alegando “não ter saída”. “Eu vejo que os outros vereadores também têm suas causas sociais e que, por isso, também se... acabam fazendo isso”, afirma a vereadora, então filiada ao DC.

  • Fabiane Rosa: [inaudível] por serem os dois salários maiores do gabinete, é pedir que vocês também colaborem com um valor todo mês, porque eu não tenho o que fazer. Não tenho o que fazer. O [assessor] está, desde que ele assumiu o cargo, ele também está me ajudando. Eu não tenho saída. Essa é a minha causa. Eu vejo que os outros vereadores também têm suas causas sociais, e que, por isso, também se... acabam fazendo isso. Por exemplo, o Zezinho lá, do Sabará. Ele mesmo falou: ‘eu gasto 15 mil reais por mês em ônibus’. Como é que ele faz isso? Como é que ele banca isso daí? E a minha causa são os cachorros. É isso que eu queria ver com vocês.
  • Interlocutora: O quê, que eu não peguei?
  • Fabiane Rosa: Que eu preciso que elas façam o repasse do salário. Porque eu vou ter que bancar metade do aluguel e a [nome da empregada doméstica] sozinha.

Já em um depoimento prestado ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em março de 2020, uma das ex-assessoras relatou que, no início de 2018, Fabiane mencionou também Wirbiski para sugerir o repasse.

  • Ex-assessora: Ela começou a pedir as coisas. Dizer que não tinha dinheiro. Ela começou a me dar indiretas, dizendo que tinha um determinado vereador... Eu falo nomes aqui?
  • Promotora: Pode falar.
  • Ex-assessora: Tá. O Hélio Wirbiski. “Porque a chefe de gabinete dele paga a escola do filho, ou a creche de não sei quem”. Ela começou a dar indiretas e eu comecei a perceber. Isso do meio para o final começou a se intensificar.

Procurado pela reportagem, o vereador Zezinho do Sabará (DEM) disse que a citação de Fabiane foi “infeliz”. “Não sei de onde ela tirou isso. Nunca falei. Para se justificar, ela falou esse tipo de coisa”, alega. “Para começar, meu ônibus não gasta mais do que mil reais por mês de combustível. E se eu gastasse esse valor, ela não tem prova de onde sai. Não é ela que faz minha contabilidade. Ela nem sabe onde eu moro; nem conhece o meu bairro. Quinze mil reais com ônibus, só se eu tivesse uma frota.”

Para Hélio Wirbiski (Cidadania), a insinuação envolvendo seu nome é “absurda”. Ele destaca que jamais teve chefe de gabinete mulher e que não tem filho homem e nem netos, o que torna a declaração inconsistente. “Tenho duas filhas mulheres, ambas com mais de 30 anos e formadas há mais de 10”, ressalta.

“Nunca fui investigado; nunca houve uma denúncia contra mim. Sempre prezei pela transparência. Jamais cheguei nem perto desse tipo de coisa. Execro. Isso não pode ser levado a sério de jeito nenhum”, afirmou o ex-vereador, que atualmente é superintendente da Esporte Paraná. “Ela tenta justificar seus erros em cima de vereadores que são respeitados pela forma séria que trabalham. Uma pena”.

Fabiane Rosa foi denunciada pelo MP pelos crimes de concussão e peculato e chegou a ficar presa preventivamente entre 27 de julho e 12 de agosto. Ela responde ainda a um procedimento no Conselho de Ética da Câmara e a duas representações no diretório municipal do PSD. A defesa da vereadora nega “veementemente” as acusações.

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