O adeus de Emiliano Pernetta à sua mãe| Foto: Clarissa Grassi

“Aqui, debaixo dessa fria lousa, aqui, ó minha mãe, junto do teu, o meu ferido coração repousa, mudo e gelado, como quem morreu”. Sob o título Epithafio, o príncipe dos poetas paranaenses, Emiliano Pernetta, mandou entalhar no mármore a quadra composta em homenagem à sua mãe, Christina Maria. A escrita sobre a sepultura está na etimologia da palavra epitáfio, mas a poética é atribuição da saudade e da necessidade de perpetuar a memória do ente querido.

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Talvez esse seja o signo mais democrático dos cemitérios. Não depende de grandes investimentos e sua feitura acompanha a mesma evolução dos materiais construtivos empregados nos túmulos. Das antigas placas de mármore entalhadas à mão, passando pelas forjadas em bronze, os epitáfios hoje também são de acrílico, madeira, granito e até adesivos. O material não importa, é a mensagem que merece atenção e carinho, pois ela será, a partir de sua colocação, a identificação e a forma de rememoração daquele que se foi.

Dos epitáfios antigos, confeccionados no século XIX, palavras reiteram que a morte não é o fim, mas o recomeço de uma nova vida, a eterna. O discurso religioso está impregnado em cada frase, mas há espaço também para a saudade, para a espera pelo reencontro. “A morte não é nada, eu somente passei para o outro lado do caminho”, diz Santo Agostinho, em trecho de seu poema tão utilizado para o último adeus. Passagens bíblicas também povoam o discurso de negação da morte como fim último.

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Amor e cumplicidade são mobilizados frente à separação pela morte, como o poema de Victor para Clara, publicado em jornal quando de seus 20 anos de casados, agora reescrito em uma estrofe da lápide.

“... Ligando a minha sorte à tua sorte, unindo-nos na dor e na alegria”. Todos buscam algo que reitere a identidade do morto não apenas para a família, mas que represente a construção e consolidação de uma memória no plano já deixado.

Mas quando a morte precoce é fruto de um crime, a dor da saudade se traveste de indignação. Há casos em que a família faz uso do epitáfio como forma de manifestar a revolta pela perda. É o chamado epitáfio-denúncia, como o “do sempre lembrado e inditoso José Ernesto, traiçoeiramente assassinado em sua casa, no dia 15 de março de 1896, às 9 horas da noite”. A mensagem, gravada no mármore há mais de um século, recorda e denuncia o crime, como se as palavras pudessem fazer a justiça não alcançada no plano terreno.

A efemeridade da vida parece ser posta a prova, mas nem sempre o tom é contrito. Há aqueles epitáfios que, carregados de irreverência, relembram com suavidade e alegria o sepultado. O músico e cantor Ivo Rodrigues, da banda curitibana de rock Blindagem, é um deles. Parafraseando o tão conhecido “aqui jaz”, em sua epígrafe o que se lê é “Aqui Rock – Ivo Rodrigues Junior, ‘O Ivo do Blindagem’”.

Para o sociólogo e antropólogo Jean-Didier Urbain, os cemitérios são como bibliotecas e os túmulos, como livros, que podem ser lidos como tábuas mesopotâmicas ou sumérias. Uma alusão à escrita pictórica aplicada em tábuas de argila, linguagem essa que pode ser lida em qualquer idioma. Ricas em discurso visual, as necrópoles trazem um discurso implícito em cada construção, adorno e epitáfio.

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Nessa edificação de memórias e homenagens em meio aos túmulos, os cemitérios recontam trajetórias e feitos. Para o olhar curioso, os epitáfios podem ser o mergulho a um passado de pessoas e cidades. Uma história a ser redescoberta e recontada, sempre a partir do fim para o começo.

Lista de falecimentos - 08/11/2015

Antônio Lopes dos Santos, 62 anos. Profissão: enfermeiro. Filiação: Emílio Gonçalves dos Santos e Maria da Luz Lopes dos Santos. Sepultamento ontem.

Aparecida Milan Arana, 84 anos. Profissão: do lar. Filiação: José Milan e Rozaria Banho. Sepultamento ontem.

Ativir Agostinho, 48 anos. Profissão: policial militar. Filiação: José Agostinho e Amélia de Jesus Senchuk. Sepultamento ontem.

Casimiro Gnatkoski, 67 anos. Profissão: lavrador. Filiação: Júlio Gnatkoski e Tereza Gnatkoski. Sepultamento ontem.

Consuelo de Castro Sylvestre, 76 anos. Profissão: do lar. Filiação: José Oledegario das Neves e Juracy de Castro Neves. Sepultamento hoje, no Cemitério Jardim da Saudade I, saindo de 1ª Igreja Batista de Curitiba.

Dirceu Machado Dias, 86 anos. Profissão: bancário. Filiação: Cesário Dias e Elita Machado Dias. Sepultamento ontem.

Dorval da Rocha, 76 anos. Profissão: marceneiro. Filiação: Frontino da Rocha e Adolfina Pereira de Souza. Sepultamento ontem.

Edilaine Vidal de Oliveira, 39 anos. Profissão: doméstica. Filiação: José Marins Vidal e Ana Rosa de Freitas. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal Almirante Tamandaré, saindo da Capela.

Eduardo Gabira Peres, 88 anos. Profissão: securitário. Filiação: Eduardo Gabira Rui e Izabel Gabira Peres. Sepultamento hoje, em local a definir, saindo de local a ser designado.

Emílio Perussi, 86 anos. Filiação: Eugênio Perussi e Clara Pupia Perussi. Sepultamento ontem.

Gilda Teresinha Bordellon, 60 anos. Profissão: assistente administrativa. Filiação: Hermenegildo Bordellon e Wanda da Silva Bordellon. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal Boqueirão, saindo de local a ser designado.

Helena Bernardin Schwab, 74 anos. Profissão: do lar. Filiação: José Bernardin e Maria Copanski. Sepultamento ontem.

Hilario Lampert, 76 anos. Profissão: comerciante. Filiação: Ludovico Lampert e Edvirges Lampert. Sepultamento hoje, em local a definir, saindo da Capela Mortuária de São José das Palmeiras.

Jorge Santana de Oliveira, 51 anos. Profissão: açougueiro. Filiação: José Santana de Oliveira e Maria Inácia Simões. Sepultamento ontem.

Kencho Yamada, 72 anos. Profissão: engenheiro civil. Filiação: Tamotsu Yamada e Matsue Yamada. Sepultamento ontem.

Leonilda Scroziatto, 89 anos. Profissão: assistente social. Filiação: José Scroziatto e Rosa Bondotte. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, saindo de Convento São José, no Cristo Rei.

Maria Elisa Hungria Requião, 94 anos. Profissão: funcionária pública estadual. Filiação: Honório Bicalho Hungria e Ida Petersen Hungria. Sepultamento ontem.

Maria Flora Mamede, 81 anos. Profissão: do lar. Filiação: Angelica Baptista de Andrade. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal Santa Cândida, saindo da Capela 03.

Maria Lúcia Telck Schwartz, 64 anos. Profissão: contadora. Filiação: Osny Schwartz e Olinda Telck Schwartz. Sepultamento ontem.

Maria do Carmo Silveira, 55 anos. Profissão: do lar. Filiação: Durval Cassimiro da Silveira e Carmem de Mattos Silveira. Sepultamento ontem.

Mário do Espírito Santo, 35 anos. Filiação: Joaquim Maria do Espírito Santo e Izabel do Espírito Santo. Sepultamento ontem.

Michele Gomes, 21 anos. Profissão: estudante. Filiação: Ancelmo Gomes e Maria Delci da Rosa Gomes. Sepultamento hoje, em local a definir, saindo de Igreja Santo José de Ancheita, em Medianeira.

Natalina Fernandes, 73 anos. Profissão: do lar. Filiação: André Vitorino e Gilda de Souza Vitorino. Sepultamento ontem.

Nilce Mara Rissi, 58 anos. Profissão: do lar. Filiação: Nilceu José Felippe e Brasileira Graciosa Tozetto Felippe. Sepultamento ontem.

Odair Alves de Franca, 69 anos. Filiação: Otávio Alves de Franca e Izabel Pereira da Silva. Sepultamento ontem.

Reginaldo Leandro Rotta, 41 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Reinaldo Rotta e Nely Salvador Rotta. Sepultamento ontem.

Sérgio Moriggi, 76 anos. Profissão: lavrador. Filiação: Luiz Antônio Moriggi e Luzia Colombo. Sepultamento ontem.

Thereza Celeste Salme da Cunha, 81 anos. Profissão: do lar. Filiação: Júlio Salme e Maria Celeste Salme. Sepultamento hoje, em local a definir, saindo da Capela do Cemitério São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro.

Vera Lúcia de Lima, 58 anos. Profissão: do lar. Filiação: Noa Consta e Irenita Alves de Lima. Sepultamento ontem.

Vergínia Moreira Paebano, 75 anos. Profissão: funcionária pública estadual. Filiação: João da Costa Moreira e Justilina Izidoro Moreira. Sepultamento ontem.

Vitório Roscoche, 67 anos. Profissão: soldador. Filiação: Emílio Roscoche e Leocadia Muchinski. Sepultamento ontem.