No fim de novembro, o jornalista Vicente Mickosz, 85 anos, descansava em Termas de Jurema, no Noroeste do Paraná, quando se sentiu mal e foi internado num hospital de Campo Mourão. Seu vizinho de baia na UTI, um cantor sertanejo, não podia ver quem era o recém-chegado, mas podia ouvir-lhe a voz, algo familiar. Não sossegou até desvendá-la: pediu que a cortina fosse aberta e teve a certeza era ele mesmo, o radialista que tantas vezes acompanhara nas rádios.
Deve ter sido a última amizade de uma série de milhares feitas por Mickosz ao longo da vida. Era de trato fácil. E somava pelo menos 65 anos de radialismo, uma das mais sólidas e longevas carreiras nas emissoras paranaenses. Ser reconhecido acabou sendo a regra. Tudo contribuía. Tinha timbre solene e caloroso. Um rosto marcado por expressões eslavas em meio a inesperados olhos rasgados. Modos de cavalheiro da Belle Époque. Simplicidade de camponês até há pouco tempo podia ser visto de bicicleta pela cidade.
Ano passado, em Buenos Aires, estranhou não ter sido identificado por ninguém logo no primeiro dia. "Foi no terceiro", conta uma de suas filhas, Juslaine Dallegrave, sobre a popularidade do pai. Pudera. Vicente nunca se aposentou nem das emissoras, nem da gentileza que fazia dele uma lenda. Em seu velório, o que mais se via eram amigos revelando o bem que ele lhes fez em segredo.
O rádio foi a primeira paixão de Vicente Mickosz. Guri de origem ucraniana, criado livre nos campos do Abranches e da Barreirinha, cedo aprendeu a fazer a "rádio de galena", espécie de experimento científico acessível a quem ainda usava calças curtas. Foi quando descobriu o que queria da vida.
Em 1949, já crescido, viu chegar sua chance ao saber que a Rádio Marumby selecionava locutores. Fez o teste. Tirou o segundo lugar. O primeiro, Élio Naresi, preferiu seguir o Direito, abrindo caminho para Vicente. Um ganho para ambos os lados. O "vice" não só ajudaria a escrever a história das emissoras paranaenses como viria a se tornar um tipo raro no jornalismo brasileiro: o repórter especializado em religião.
Seus feitos nesse campo são tamanhos. Passou pela Marumby, Santa Felicidade e Educativa, entre outras. Pegou o auge dos programas de auditório. Narrou incontáveis terços, novenas e ângelus em ondas médias e curtas. Missas no Canal 4 e no Canal 12, sua especialidade. Cobriu o Congresso Eucarístico Internacional, na década de 1960; a visita do papa João Paulo II ao Brasil, em 1980; a canonização de São Marcelino Champagnat, nos anos 1990. Foi o jornalista que caminhou ao lado de todo o arcebispado de dom Pedro Fedalto, seu amigo de sangue e socorro no latim. "A rádio é companheira das pessoas. Ele sabia disso. Não à toa recebia tantas cartas. No velório, um homem repetiu uma oração da noite aprendida com meu pai", comove-se Juslaine.
A especialidade se confundia com a própria vida de piedade, o que tornava seu trabalho um misto de informação e prática pastoral. "Tinha certeza de que estava ajudando o mundo a ser melhor com cada locução", conta Juslaine. Seu último ofício foi o de transmitir as missas dominicais da Catedral Metropolitana. No dia 24 de novembro, antes de viajar para Campo Mourão, ainda passou na Praça Tiradentes para ligar os equipamentos. Pediu ao vigário que transmitisse em seu nome uma saudação aos radiouvintes. E se foi. Deixa a mulher Ariete, as filhas Joseli, Juslaine e Josiê, e a neta Caroline.
Dia 1.º de dezembro, aos 85 anos, de enfarte.
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Alcide da Silva Ilha, 86 anos. Sepultado ontem.
Alma Frusewitsch, 91 anos. Sepultado ontem.
Ana Maria Afonso Petrunko, 59 anos. Sepultado ontem.
Analia Fagundes Ferreira, 85 anos. Sepultamento segunda-feira, 23 de dezembro de 2013, Crematório Vaticano, saindo da Capela Vaticano - Turquesa.
Antônio Pellanda, 80 anos. Sepultado ontem.
Aroldo Cubas, 61 anos. Sepultado ontem.
Bronislava Ribas, 89 anos. Sepultado ontem.
Charles Vincent Ramsey, 68 anos. Sepultado ontem.
Dalva Leao Mello, 82 anos. Sepultado ontem.
Diva Pinto Bassani, 75 anos. Sepultado ontem.
Edivan Otavio dos Santos Silva, 26 anos. Sepultado ontem.
Emanuel José de Campos Assis, 13 anos. Sepultado ontem.
Esther Botti, 90 anos. Sepultado ontem.
Floriano Albano Ribeiro, 73 anos. Sepultado ontem.
Francisca Carvalho, 80 anos. Sepultamento às 9 h, Municipal do Boqueirão, saindo da Capela da Igreja Nossa Sra da Paz no Bairro Boqueirão Ctba -PR.
Geovana de Paula Nunes, 25 dias. Sepultado ontem.
Irma Devegili de Souza, 70 anos. Sepultado ontem.
Isilda Aparecida Favaro, 46 anos. Sepultado ontem.
Ivan Coelho Alves, 83 anos. Sepultado ontem.
Ivonete dos Passos Santos, 60 anos. Sepultado ontem.
João Gomes Ferreira, 40 anos. Sepultado ontem.
Jorge Narozniak, 70 anos. Sepultamento às 10 h, Municipal do Água Verde, saindo de local a ser designado.
José Francisco Baena, 50 anos. Sepultado ontem.
José Polo, 85 anos. Sepultado ontem.
Lara Daiana Diniz Saraiva, 14 anos. Sepultado ontem.
Luci Aparecida Roberto, 53 anos. Sepultado ontem.
Luiz Aparecido da Silva, 45 anos. Sepultado ontem.
Luiz Carlos Kempinski, 55 anos. Sepultado ontem.
Manoel Pereira Jordao Filho, 74 anos. Sepultado ontem.
Manoel Pereira do Nascimento, 80 anos. Sepultado ontem.
Marco Aurelio Ferreira Caldas, 47 anos. Sepultado ontem.
Maria Rosa Castilho, 78 anos. Sepultado ontem.
Marlene Fernandes Hulse, 74 anos. Sepultado ontem.
Martina Martins Lima, 61 anos. Sepultado ontem.
Neoraci da Luz Oliveira da Silva, 66 anos. Sepultado ontem.
Nilo Algacir João Konig, 71 anos. Sepultado ontem.
Orlene Bourguignon Maciel, 74 anos. Sepultado ontem.
Pedro Alex Lopes de Lima, 27 anos. Sepultado ontem.
Pedro Gonçalves Fernandes, 82 anos. Sepultado ontem.
Pedro Ribas Valente, 79 anos. Sepultado ontem.
Renaldo Goll, 68 anos. Sepultado ontem.
Renato Correia Braga, 56 anos. Sepultado ontem.
Ronaldo Adriano Lucchetti, 35 anos. Sepultado ontem.
Sergio Augusto de Lima, 62 anos. Sepultado ontem.
Simone Aparecida de Arruda, 18 anos. Sepultado ontem.
Sophia Elvira Meirelles, 90 anos. Sepultado ontem.
Terezinha de Fatima Ribeiro, 54 anos. Sepultado ontem.
Valdinei Fernandes, 34 anos. Sepultado ontem.
Zenobio Mena Barreto, 53 anos. Sepultado ontem.
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