Arquivo da família| Foto:

Araceli sempre se destacou e demonstrou o dom para a liderança. Prodígio e aluna exemplar, foi matriculada diretamente no 2° ano do primário, pois já sabia ler e escrever. Aos 15 anos, era secretária do grêmio literário da Escola Normal Santos Anjos, em Porto União, onde venceu concursos de poesia. Colaborou com o jornal O Vagalume e com a revista Musa Colegial, à época, importantes meios para a divulgação da cultura na cidade.

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Sem egoísmo, não foi de guardar todo o conhecimento para si e dedicou 28 anos de sua trajetória à arte de ensinar. Matemática, história, ciências naturais, desenho... Não havia área que Araceli não conseguisse dominar e dividir. Era fluente em espanhol e alemão. Os segredos: muito esforço e estudo.

Em 1947, enfrentou aquele que, talvez, foi seu maior desafio. Elegeu-se como a primeira vereadora de Porto União. Assumir um cargo público naquela época não era fácil para uma mulher, mas a missão foi aceita com muita garra e dedicação, tanto é que exerceu o papel de oradora da Câmara Municipal.

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Uma de suas maiores lutas foi pela construção de uma maternidade na sua cidade de coração. Como fundadora e secretária da Associação Mater Puríssima de proteção à Maternidade e à Infância, travou batalhas por recursos durante anos. O resultado chegou na forma da maternidade que hoje integra o Hospital de Caridade São Braz.

Não pense, porém, que Porto União não retribuiu todo o carinho e dedicação. O reconhecimento veio, em 1988, com o título de Cidadã Honorária. Quando completou um século de vida, em 2013, Araceli também foi agraciada com a medalha do Contestado, um símbolo por todo o carinho transmitido aos portounienses.

Também doou seu tempo à igreja. Muito católica, organizou inúmeros presépios vivos – alguns chegavam a contar com 300 figurantes – e peças de teatro com temática bíblica, como José do Egito. Foi catequista e ministrou cursos de noivos. Participou do Movimento Familiar Cristão e foi orientadora da Associação Missionária do Espírito Santo, das ex-alunas dos colégios Santos Anjos, sua antiga Escola Normal em Porto União, e Sant’Ana, de Ponta Grossa.

Na vida pessoal, foi casada com Afonso Luiz Friederich, empresário de ourivesaria. Cinco filhos nasceram da união. O terceiro cumpriu cedo sua missão e faleceu ainda menino. Os outros quatro – Elmari, Lélia, Luiz Hélio e Maurício – receberam a criação da professora Araceli: muito exigente, mas carinhosa. Todos concluíram o ensino superior e se destacam nas profissões que escolheram. Antes de partir, ela pôde conviver com oito netos e quatro bisnetos.

Já na velhice, mudou-se para Curitiba, cidade escolhida por seus filhos para viver.

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No papel, adorava criar trovas e foi, inclusive, integrante da União Brasileira de Trovadores. Alguns dos temas explorados por ela eram o amor e a saudade do solo catarinense.

Às vezes tenho saudade

dos dias em Porto União;

ali deixei amizade,

sonho, ventura, ilusão!

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Dia 15 de março, aos 102 anos, de causas naturais, em Curitiba.

* Colaborou: Mariana Balan.

Lista de falecimentos