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Celso Aramis Oliveira caminhava para fazer o bem.
Celso Aramis Oliveira caminhava para fazer o bem.| Foto: Arquivo pessoal

As últimas atividades que o controlador de voo da Aeronáutica aposentado Celso Aramis Oliveira realizou na vida eram as que ele mais amava: caminhar e colaborar com uma causa nobre. Ele sofreu um AVC enquanto fazia a pé o trajeto do município de Quitandinha (PR), onde morava, até Saudades (SC), na companhia de dois amigos. Eles estavam arrecadando fundos para a campanha da menina Sofia Helena, portadora de Atrofia Muscular Especial (AME). Celso faleceu no dia 25 de novembro deste ano, aos 54 anos.

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As atividades físicas sempre fizeram parte da rotina dele, mas foi a partir da aposentadoria, há menos de dez anos, que Celso deu às andanças profissionais um espaço primordial em sua vida. Elas vieram acompanhadas de uma onda de mudanças: além da aposentadoria, ele havia se divorciado, se mudado para Quitandinha, para morar perto da mãe, e comprado uma motocicleta. Antes disso, serviu à Força Aérea Brasileira como sargento por 30 anos, mais de 20 deles em Campo Grande (MS); outros sete em Curitiba.

As caminhadas longas, de percorrer cidades inteiras, começaram em 2013. No começo, o objetivo principal era estar em meio à natureza e manter o corpo ativo, mas pouco a pouco o hábito foi se tornando mais profissional. Por meio de aplicativos, ele contabilizava os percursos percorridos e batalhava para quebrar as próprias metas. Investiu em aparatos duradouros, como calçado propício e bastões de caminhada - quando os filhos brincavam dizendo que era uma bengala, ele não cansava de frisar que era um apetrecho importante para economizar energia do corpo.

Ele, que já era bastante conhecido pela simpatia e solidariedade em Quitandinha e na cidade natal Mandirituba, passou a ser cumprimentado pela população dos municípios ao redor. A calça camuflada, bastão, chapéu e camiseta laranja - lembrança das “Tartarugas de Kichute”, primeiro grupo de caminhada do qual fez parte - se tornaram marca registrada e garantia de reconhecimento e buzinadas por onde passasse com seus pés incansáveis.

O “walkaholic”, como se autodenominava, percorria entre 25 e 30 quilômetros por dia, em média, quando estava a caminho de cumprir um objetivo, como o de chegar até Saudades. A ideia de unir a caminhada às doações para causas sociais ganhava forma em sua cabeça. A proposta era de que a cada quilômetro percorrido, o participante doasse um centavo para determinada instituição ou causa. Desse modo, mais e mais pessoas praticariam o bem enquanto cuidam da própria saúde.

Ele mesmo, ao relatar em frequentes entrevistas o que havia mudado em seu organismo desde que adotara a prática, contava que além de apresentar resultados mais saudáveis nos exames de rotina, se sentia mais bem disposto e bem humorado. Durante a vida, conseguiu passar para dezenas de outras pessoas os benefícios da caminhada para o corpo e a mente.

“Ele sempre foi de ajudar, de fazer o bem, era o que ele mais gostava de fazer. E quando recebia alguma homenagem, ele se emocionava muito, chorava de soluçar”, lembra o filho Marcos André de Souza Oliveira. Como um último ato de solidariedade, os órgãos de Celso foram doados para transplantes. Além disso, os R$ 137 que estavam em sua carteira quando sofreu o AVC foram doados pelo filho à campanha de Sofia Helena.

Celso Aramis deixa dois filhos e uma infinidade de amigos.

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