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Léo de Almeida Neves sempre esteve ligado de um jeito ou de outro à política.
Léo de Almeida Neves sempre esteve ligado de um jeito ou de outro à política.| Foto: Divulgação/Memórias Paraná

Léo de Almeida Neves foi uma dessas figuras que têm a vida pública e a política ligadas intrinsecamente ao seu jeito de ser. Advogado, economista, jornalista e escritor, o ponta-grossense foi o deputado estadual eleito em 1958 pelo PTB, deputado federal mais votado do MDB em 1966 e suplente de Roberto Requião no Senado pelo PMDB em 1994 e 2002. Léo faleceu no dia 2 de novembro, aos 88 anos, em São Paulo, onde morava.

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Após concluir o ginásio - onde teve suas primeiras atividades relacionadas à política, como a escrita de artigos no jornal da escola e a escolha como primeiro-ministro na votação para rainha da primavera do colégio - mudou-se para Curitiba, estudou no curso clássico do Colégio Estadual do Paraná e se formou em Economia pela Faculdade de Ciências Econômicas do Paraná e em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Com memória afiada, lembrava do primeiro discurso que fez na vida política, ainda estudante, em 1950, em um comício que recebia o então futuro presidente Getúlio Vargas.

Depois de eleito deputado pela primeira vez, foi nomeado diretor da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil, cargo que proporcionou contato direto com agricultores e entidades de classe dos estados do Sul. Também foi diretor do Banestado e conselheiro da Companhia Paranaense de Energia (Copel). Teve o mandato de deputado federal cassado pelo regime militar. Com a abertura das atas, anteriormente secretas, do Conselho de Segurança Nacional nos anos 2000, pôde ler os motivos arbitrários que levaram à cassação.

Em uma vida recheada de acontecimentos históricos, gostava de contar pormenores curiosos da atuação pública, como o fato de Tancredo Neves chamá-lo de maneira bem-humorada de “irmão”, por causa do sobrenome.

Como jornalista, trabalhou no Diário do Paraná, veículo para o qual escrevia, além das matérias, uma coluna sobre política, as Polinotas, e sobre questões específicas do sindicalismo. Os acontecimentos políticos faziam ele e o restante da redação vibrar. Por isso, mesmo que muitas vezes o salário fosse baixo ou o pagamento viesse em móveis, como ele mesmo contava, Léo guardava recordações carinhosas da época.

No início dos anos 1980, filiou-se ao PDT, tendo presidido o partido em Curitiba. Foi um dos principais articuladores da filiação do deputado federal e ex-prefeito de Curitiba Gustavo Fruet ao partido em 2011. Fruet conta que Léo, mesmo afastado do processo eleitoral, continuou acompanhando a política do estado e permaneceu parceiro de Curitiba. “Tem pessoas que com o tempo ganham essa maturidade e esse poder de ajudar. Ele era uma dessas pessoas, sempre foi um bom conselheiro, ajudava a contemporizar, a pedir posicionamento”.

Membro da Academia Paranaense de Letras, escreveu livros com relatos sobre a ditadura militar, a desnacionalização do Brasil e outros momentos históricos brasileiros. Entre as obras, se destacam “Vivência de Fatos Históricos” e “Privatizações de FHC: A Era Vargas Continua”.

Desde 1970 trabalhou na Companhia Cacique de Café Solúvel, com fábricas em Londrina e escritório em São Paulo, onde ele residia. Lá trabalhou por mais de 40 anos, exercendo cargos desde chefe do Departamento Econômico até assessor da presidência. Pela companhia, foi um dos responsáveis por levar o primeiro café solúvel para a Rússia.

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