Em 6 de janeiro de 1944, nascia em Curitiba uma mulher que veio ao mundo para transformar vidas. Filha do farmacêutico João Glück e da professora Lidia Grenier Glück, Lucia Maria Glück Camargo desde muito pequena deixou transparecer sua alma comunicadora, em uma infância alegre ao lado do irmão João. Lucia faleceu no último dia 20 de julho em decorrência de um acidente vascular cerebral.
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Escolheu o Jornalismo como formação. Cursou a faculdade na PUC-PR nos anos 60. Mas foi durante a graduação que descobriu o interesse pela área cultural. Ao lado de colegas de turma, montava shows, com músicas de protesto contra da ditadura militar e textos. Foi contemporânea de artistas como o cineasta Sérgio Bianchi.
Já formada, foi a primeira mulher a trabalhar dentro da redação do jornal O Estado do Paraná. Encontrou na redação muito mais do que um emprego e casou-se com o chefe de reportagem, Francisco Camargo. Pouco depois deixou o jornal. O casamento durou 30 anos e trouxe três filhos. Ainda muito jovem, em 1968, começou a dar aulas no curso de Jornalismo, primeiro na PUC-PR e depois na UFPR, atividade que manteve por 25 anos.
A primeira participação formal área de cultura aconteceu no início dos anos 70, quando foi chamada para estruturar a área de divulgação do Departamento de Cultura do Paraná. O diretor era o maestro paulistano Roberto Schnorrenberg. Com ele, Lucia aprendeu a apreciar e administrar o setor musical e cultural.
No Paraná, ela ocupou cargos como presidente da Fundação Cultural de Curitiba, secretária de estado da Cultura, diretora do Teatro Guaíra, diretora da regional Sul da Funarte. O trabalho proporcionou, desde os anos 1970, uma ligação com São Paulo, o que abriu muitas portas no estado vizinho. Lá, foi diretora do Teatro Municipal, secretária-adjunta da Cultura do Estado de São Paulo, além de diretora de vários outros teatros, como o Sérgio Cardoso. Desde 2011, era coordenadora de extensão cultural e projetos especiais da SP Escola de Teatro, com mais uma passagem pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo no período.
Incansável, também impactou a produção artística e cultural em Minas Gerais, onde foi diretora do Centro Cultural Clóvis Salgado. Era jurada do Prêmio Shell, a maior premiação do teatro brasileiro.
Morava fora de Curitiba há mais de 20 anos, mas mantinha os laços com a cidade apertados. Visitava os filhos – Guilherme, Adriana e Fabiano – e as duas netas – Micaela e Vitória, filhas de Adriana. Era presença frequente no Festival de Curitiba, seja como curadora ou convidada. Entre os prazeres curitibanos de que não abria mão estava passear pelo Centro, especialmente pela Boca Maldita, e uma refeição no Restaurante Madalosso.
“Ela deixa uma lição de como viver. Temos absoluta certeza de que Lucia viveu exatamente a vida que quis. Uma vida plena de realizações, amor, amizade, trabalho, viagens, arte e cultura. Uma vida, de fato. Lucia fez e aconteceu. Ou ‘pintou e bordou’, como gostava de dizer. Mas Lucia Camargo foi principalmente Lucia Camargo. Amiga, divertida, doce, realizadora, honesta, íntegra, fiel aos seus princípios e ideais, trabalhadora, inquieta, corajosa, apaixonante, pioneira, apoiadora, generosa”, relatam os filhos Guilherme, Adriana e Fabiano.
“Sempre tivemos a noção da importância dela no meio cultural, mas ficamos realmente impressionados, agora com seu falecimento, com quantas pessoas vieram nos contar suas histórias de vida e disseram: ‘a Lucia mudou minha vida’; ‘ela me fez ir atrás do meu sonho’; ‘estou onde estou, fiz o que fiz, por causa dela, de algum conselho, orientação ou portas que ela abriu’. Isto foi muito emocionante”, conta Fabiano.
Deixa três filhos e duas netas.
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