A alma de Lucineia Drohomereschi podia ser de professora. Mas seu coração abria espaço para novas paixões o tempo todo. Nasceu na pequena Jandaia do Sul, no Norte do Paraná, filha da mineira Delvanir Maria de Jesus e do baiano Santíssimo da Rocha. Teve uma infância simples, ao lado dos três irmãos, Luciene, Lúcio e Sidnei. Considerada por todos a “engrenagem” da família, Lucineia faleceu no último dia 13, vítima da Covid-19.
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Quando ainda era bem pequena, foi com a família morar em São Paulo – os pais em busca de serviço. As coisas começavam a dar certo, mas a saúde da pequena Neia, como era chamada, causou preocupação em razão dos ataques de bronquite. Temendo que a poluição a fizesse mal, voltaram ao Paraná, primeiro para o interior do estado e pouco depois para a capital.
Criança, era carregada pela irmã Luciene para todos os lugares, até encontro do grupo de jovens. Gostava muito de conversar, era simpática, de sorriso fácil e fazia amizades com todos. Na juventude, foi catequista na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, no Sítio Cercado.
Conheceu o marido de forma inusitada. Estava com os amigos no carro quando sofreu um acidente. Foi a única a se machucar e Gilson, o motorista do veículo que causou a colisão, fez questão de levá-la ao hospital. Os sentimentos intensos logo apareceram. Começaram a namorar e decidiram se casar pouco tempo depois. A festa do casamento dela foi na casa dos pais, o vestido de noiva feito pela mãe. Tiveram três filhos. Letícia, Leonardo e Gabrielly.
A profissão escolhida teve influência familiar também. Decidiu cursar o Magistério a pedido da irmã Luciene. Neia se apaixonou pelo ensino e seguiu na profissão buscando se aperfeiçoar cada vez mais. Formou-se em Letras – Português e Inglês e Pedagogia, fez especializações e passou em um concurso em Fazenda Rio Grande. Começou sua trajetória como professora, na Escola Municipal São Gabriel e no CMEI Francisco João Orso.
Já em Curitiba, trabalhou em unidades de ensino da regional Tatuquara, como a Escola Municipal Santa Ana Mestra, o CMEI Tânia Brandt e o CMEI Erondy Silvério, localizado na região do Tatuquara, onde era diretora. Chegou à presidência do Conselho do FUNBDEB – Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica – e integrava o Conselho Municipal da Educação de Curitiba.
Lucineia era versátil e arranjava tempo para diversas outras atividades. Foi manicure, diarista, secretária, costureira e fez trabalhos como fotógrafa profissional em eventos. Gostava de se inscrever e fazer cursos dos mais variados temas.
Amava conhecer lugares novos. Ao lado do marido, anualmente programavam viagens diferentes. Também gostava de levar as professoras com quem trabalhava em suas aventuras. Certa vez, as levou para conhecer o Rio de Janeiro. Outras vezes o passeio era em Matinhos, onde tem casa – lugar onde dizia que o mar e a areia a renovavam. Sonhava em comprar uma casa em Porto Seguro, cidade onde mora o pai, e dizia que gostaria de passar a aposentadoria lá.
“Quando iniciou a pandemia, ela e meu pai adotaram uma ong e ela fazia máscaras para doar. Comprou máquinas de costuras e apetrechos. Ela amava cozinhar e fez centenas de maçãs do amor para as famílias do CMEI. Também bordava e tricotava e ensinou as mães do CMEI a fazerem bonecas de pano. Algumas relataram que hoje tiram suas rendas disso. Ela sabia fazer de tudo um pouco. Minha mãe era tão versátil e tão ativa que chega a ser estranho estar sem ela”, relembra a filha Letícia que agora ocupará a posição de direção no CMEI Erondy Silvério.
Lucineia deixa esposo e três filhos.
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