O início da vida na pacata cidade de Júlio de Castilhos, no Rio Grande do Sul, pouco indicava uma biografia repleta de emoções combatendo crimes na grande Curitiba. Odgar Nunes Cardoso, filho de Euclides e Luiza (hoje com 90 anos), nasceu em uma família pobre com oito irmãos. A perda precoce do pai, trabalhador da construção civil, e o trabalho intenso da mãe como cozinheira para sustentar a família fizeram com o que jovem Odgar amadurecesse cedo. Com uma vida inteira de grandes responsabilidades, Cardoso faleceu no último dia 5, vítima da Covid-19 aos 60 anos.
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Ainda criança, começou a rachar lenha. Trabalhou em pedreira e, quando surgiu a oportunidade, serviu ao exército em Santa Maria. Por seis anos, trabalhou na manutenção e conservação de estradas, entre outros ofícios. Na sequência, veio a ocupação como motorista de caminhão. A mudança para Curitiba significou um recomeço. Seguiu três irmãos que já estavam estabelecidos na capital paranaense. Por um anúncio na televisão, soube de um concurso público para compor a Guarda Municipal da cidade.
Dedicou-se dia e noite aos estudos. Passava horas na Biblioteca Pública ou na Praça Santos Andrade. Com apostilas emprestadas, lia sobre a história e a parte turística da cidade, do Paraná e do Brasil. O esforço compensou. Aos 28 anos foi um dos 110 aprovados, entre os mais de 3 mil candidatos.
Esteve na corporação por 31 anos. Começou como guarda municipal, passou a supervisor e tornou-se um dos primeiros inspetores do órgão. Como tudo era novo, Cardoso ajudou a moldar a própria instituição. Ocupou o posto máximo da Guarda, o de diretor, em duas oportunidades. Se aposentou, mas seguiu trabalhando na segurança pública municipal, como superintendente da Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito.
Sempre buscou a evolução pessoal e profissional. Apesar do emprego estável, continuou estudando. Formou-se em Geografia e se pós graduou na ADESG – Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra.
A Guarda Municipal trouxe muito mais do que uma carreira e uma missão. Odgar Nunes Cardoso não imaginava que a aprovação naquele concurso também significaria começar uma família. Em outubro de 1988, conheceu Silvia Zoraski, também guarda municipal. O começo do namoro foi inusitado: eles precisaram pedir autorização não aos pais, mas ao diretor da corporação na época. O casamento não demorou e o casal estava oficialmente juntos desde março de 1989.
As raízes gaúchas seguiam firmes. Gostava de se reunir com os familiares, encontros que juntavam muitos irmãos, primos e sobrinhos na casa da matriarca. Chimarrão na varanda, uva no parreiral, viola e música gaúcha. Era fã de Amado Batista, mestre nos churrascos e na pescaria de lambari com linha de mão.
O trabalho intenso não deixava muitas brechas para grandes viagens. Mas elas estavam no plano futuro do casal. Em casa, Cardoso não parava. Era eletricista, encanador, marceneiro, pedreiro, pintor.
“Não tinha preguiça. Sempre ao lado dos filhos, brincando, incentivando, educando e repassando os valores éticos e morais. Teve a sorte de vê-los formados. Lucas, com 27 anos, em Administração e Gerenciamento de Empresas, e Helena, 25, em Direito, preparando-os para a vida. Sentia muito orgulho de si mesmo pelas conquistas profissionais, pessoais e familiares. Resultado de muito trabalho e amor pelo que fazia, honestidade, integridade, solidez e humildade. Ajudava todo aquele que batia a sua porta, sem nunca perguntar a quem”, relata a esposa Silvia.
Deixa mãe, esposa e dois filhos.
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