A principal característica da personalidade de Maria Aparecida Soares Baraldi, falecida no dia 10 de julho aos 89 anos, era a felicidade. Tinha uma animação para viver rara de se presenciar e que nunca esmaeceu. Dedicou a vida à família que sonhara em formar e aos bordados que tanto amava fazer.
Nascida em Cambará, no Norte Pioneiro paranaense, mas mudar de cidade - porém sempre permanecendo no Paraná - se tornou uma constante na vida de Maria Aparecida. Primeiro, ainda pequena, migrou com a tradicional família italiana para Mandaguari. Lá, anos mais tarde, conheceu um paulista também descendente de italianos que conquistou seu coração e que seria o responsável pelas mudanças de endereço seguintes. Renato Baraldi trabalhava em uma companhia de café e, por isso, estava morando na região. Por causa do trabalho dele, mudaram para cidades como Maringá e Londrina.
Um dos maiores desejos de Maria era ser mãe. Amava crianças e queria dedicar seu tempo a cuidar de seus próprios filhos. Teve quatro - três meninas e um menino - mas, se dependesse apenas dela, teria muitos mais. Na juventude, a filha e o filho mais velhos foram fazer faculdade no Rio de Janeiro. Depois, as duas caçulas motivaram a última mudança dos pais, desta vez para Curitiba, em 1980, onde ingressariam na Universidade.
Apesar de ter formação como professora, Maria dedicou a vida ao lar. A filha Hermínia Baraldi lembra do cuidado com os detalhes que a mãe teve desde sempre. Gostava de surpreender os filhos das formas mais variadas e algo marcante eram os sanduíches “diferentões” que preparava para que eles comessem cedinho, antes de ir para escola, como uma verdadeira refeição. “Ela não fazia um café ‘normal’, com pão, manteiga e café com leite. Gostava de inventar todo dia um sanduíche novo, reforçado e saudável, e para isso levantava muito cedo. Ela tinha uma disposição muito grande para a gente”, comenta Hermínia.
A confiança que tinha nos filhos era notável. Queria profundamente que se desenvolvessem e fazia de tudo para que isso fosse possível, sem impeditivos. “Ela só queria que a gente fosse feliz. Era muito confiante na vida e nas pessoas”, relembra.
Seu grande talento era para os trabalhos manuais, em especial o bordado. Começou jovem com os trabalhos, ainda solteira, e depois de casada era a responsável pelos jogos de enxoval, lençóis, toalhas, travesseiros de toda a família. Todo mundo tinha seu jogo particular de peças feitas com carinho por Maria Aparecida, com um capricho e beleza que saltavam aos olhos.
Usava esse gosto para as artes manuais para ser ativa em outra área que também lhe agradava: a solidariedade. Prestativa, logo que se mudou para Curitiba passou a frequentar o Asilo São Vicente como voluntária. Costurava, fazia tricô, crochê e, é claro, bordado, junto com as idosas, auxiliando a atividade delas. Também produzia itens para serem vendidos nos bazares beneficentes.
Outra atividade que nunca deixou de lado foi a leitura. Lia tudo o que estivesse pela frente e que lhe parecesse bom. Por causa de uma dessas leituras, em que aprendeu que as palavras cruzadas ajudam a exercitar o cérebro, já com a idade mais avançada passou a consumir bastante esse tipo de jogo para a mente.
Maria Aparecida teve quatro filhos, dez netos e um bisneto.
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