Não é errado dizer que Rubens Gonçalves de Almeida nasceu com a rima circulando pelas veias. Nascido em 1927 no município de Água Preta, em Pernambuco, herdou do pai, o comerciante Jorge Francisco, a musicalidade que seria fio condutor para toda a sua vida, fosse na forma de acordes nos instrumentos que tocava ou nos repentes e poesias que compunha. Como a educação naquela época não era acessível em cidades menores, foi também o pai que o alfabetizou e permitiu que rascunhasse seus primeiros escritos, hábito que manteria até o fim da vida, em junho deste ano.
Em um caderninho que mantinha sempre ao alcance da mão, Rubens – ou Rubão, como era chamado pelos familiares e amigos mais próximos, além de adotar o nome como assinatura para seus poemas – anotava pensamentos que lhe ocorriam. A família pretende juntar esse material para, quem sabe, publicar um livro. Com as anotações, ele bolava versos, poesias, ou apenas deixava que os escritos ficassem ali.
Ainda em Pernambuco, começou a trabalhar na indústria de açúcar e cana. Forte no ramo, a região “exportava” funcionários experientes para outros estados que estivessem desenvolvendo a cultura canavieira. Foi assim que, na casa dos 40 anos, com esposa e filhos, Rubens transferiu-se para o Mato Grosso. Dez anos depois, partiria para Porecatu, norte paranaense, e depois Curitiba, sempre seguindo o rumo que o trabalho mandava.
Apesar da rotina, era a música a protagonista de sua vida. Tocava violão e clarinete e, desde que os filhos têm lembrança, fez parte de diferentes corais. Foram 12 anos no coral do extinto banco Bameriundus, outros tantos no coral da Fundação de Assistência Social de Curitiba (FAS) e mais alguns no grupo formado por idosos da igreja que frequentava no bairro Novo Mundo e da qual ele era ministro. Pelo coral da FAS, teve a oportunidade de se apresentar no palco com dois de seus ídolos, Kleiton e Kledir. A experiência emocionou não apenas ele, mas a família, que percebeu naquela apresentação a realização de um sonho, o de ser músico.
Acordar cedo aos domingos cedo e como primeira atividade colocar uma boa música – podia ser desde as grandes vozes femininas do Brasil, como Elis Regina e Dalva de Oliveira, até compositores como Bach e Villa-Lobos – para tocar de modo que todos na casa escutassem é um costume praticado por ele que hoje se repete na casa do filho, José Luciano Ferreira de Almeida . Sob influência do pai, outros de seus filhos seguiram rumos que envolvem a cultura e as artes. Tocando acordeon, violão, escrevendo poesias ou atuando como artista plástico, a família levou o gosto de Rubens pelas atividades criativas para suas próprias vidas.
Apesar de pernambucano, Rubens era apaixonado pela cidade onde escolheu viver. Em um de seus poemas, reflete sobre Curitiba: “És o jardim onde tudo é formosura”. Tinha como poeta preferido o maranhense Catulo da Paixão Cearense e poucas vezes, depois de aposentado, largava um livro. Costumava dizer que quem tem um livro nas mãos dificilmente pega nas armas da violência. Teve 12 filhos, mais de 20 netos e cinco bisnetos. Deixa esposa.
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