No universo musical, em especial, no jazz, é usual que músicos utilizem riffs e combinações de acordes mais comuns como opção na criação de melodias. Com o saxofonista Orlando Comandulli, o negócio era diferente. Muito intuitivo e com uma criatividade à flor da pele – e dos metais – surpreendia sempre com combinações inéditas que agradavam até os ouvidos mais exigentes.
Comandulli morreu em maio deste ano, aos 74 anos, e deixou como legado as lembranças de apresentações memoráveis com os grupos dos quais fazia parte. Economista por formação e funcionário da Copel, tinha pela música uma paixão que o acompanhou durante a vida toda, desde muito jovem. O pai, também músico, teve grande influência na dedicação do filho às partituras. Ainda menor de idade, acompanhava o pai tocando pandeiro – seu primeiro instrumento – nas apresentações de um grupo do qual ele era integrante. Mais tarde, já casado, o envolvimento das pessoas à sua volta com a música continuaria, tendo como sogro um maestro.
O amigo e também músico Celso Loch lembra dos primeiros anos em que conviveram, ambos com cerca de 18 anos, durante o curso de contabilidade que frequentavam. O interesse pela música, já desperto, crescia em conjunto. “Sempre foi uma pessoa de um talento incrível. Desde cedo se mostrava um percussionista muito bom, mas foi o saxofone que o conquistou”, rememora Loch. Mestre no saxofone tenor e soprano, traçou carreira na área da música dançante, em bailes, tocando jazz na noite. Participou de gravações e também de atuações ao vivo de música para teatro. Fez parte de grupos como o SamJazz Quintet.
Seu estilo era um jazz mais tranquilo, com formações mais melódicas. Gostava de música brasileira, em especial da Bossa Nova. Improvisador e sempre com os ouvidos atentos para elementos novos, não era chegado a fases feitas. Sua inspiração vinha da própria cabeça, mostrava a pura intuição ao deixar que o coração levasse o trabalho que estava fazendo. Mesmo que a carreira musical fosse uma segunda atividade, tocava regularmente e estava à altura dos que levam a vida fazendo música.
Em 2013, realizou o sonho de conhecer Nova York, onde passou um mês visitando as casas mais aclamadas de jazz e tocando com amigos de Loch, seu companheiro de viagem. Participar de um curso com o pianista – e lenda – de jazz Barry Harris, comprar um novo sax e ver a queima de fogos do 4 de julho em Manhattan foram apenas algumas das atividades que realizou na empreitada.
Honesto e gozador, nas reuniões com os amigos músicos o riso era solto e, em grande parte, causado pelo espirituoso Comandulli. Além das lembranças, deixa um rastro de música por onde passou. Um exemplo disso é o neto, Leonardo, que se dedica à bateria e segue os passos do avô, que criava melodias com o coração. Deixa esposa e três filhos.
Centrão não quer Bolsonaro, mas terá que negociar com ex-presidente por apoio em 2026
“Por enquanto, eu sou candidato”, diz Bolsonaro ao descartar Tarcísio para presidente
Ucrânia aceita proposta dos EUA de 30 dias de trégua na guerra. Ajuda militar é retomada
Frei Gilson: fenômeno das redes sociais virou alvo da esquerda; ouça o podcast