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Hiroshi Fukumoto seguiu os passos do pai ao cuidar da nascente no terreno de casa.
Hiroshi Fukumoto seguiu os passos do pai ao cuidar da nascente no terreno de casa.| Foto: Arquivo da família

No terreno de Hiroshi Fukumoto, em Apucarana (PR), brota água do chão. É a nascente do Rio Pirapó, que fornece água para quase todos os 357 mil habitantes do município de Maringá. Ao lado de onde nasce a água límpida, o mecânico aposentado deixava sempre um copo, pronto para oferecer um gole e provar a qualquer visitante desavisado a qualidade daquela fonte. Hiroshi é conhecido como o guardião da nascente do Pirapó, pois há mais de 60 anos cuidava e protegia o local. Ele faleceu no último dia 19, aos 88 anos, após cirurgia decorrente de um câncer no intestino.

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Hiroshi chegou com a família a Apucarana em 1947, vindo de Rolândia, também no Paraná. Ao contrário do que a maioria das pessoas procurava ao migrar para a cidade, o cultivo de café, o pai dele buscou o terreno ideal para plantar uma horta. Encontrou um verdadeiro banhado, o que foi ótimo para regar as plantas. Ali a família se estabeleceu em uma casa de madeira, hoje já desocupada, que fica em cima de parte da nascente. Além da horta, a grande quantidade de copos-de-leite fazia o local exalar natureza na vizinhança.

O tempo passou, o asfalto chegou cobrindo espaços verdes e demais nascentes, mas o pai de Hiroshi passou para ele a responsabilidade de cuidar daquela que saía do terreno deles para passar por mais de 30 municípios em seus 168 quilômetros de rio, até desaguar no Paranapanema. A rotina passada de pai para filho incluía verificar todos os dias o fluxo de água, retirar plantas que sobravam e fazer o manejo da área.

Com frequência, estudantes da rede pública da região eram recebidos para conhecer a nascente. Em uma ocasião, quando a história de Hiroshi começou a ser divulgada na cidade, chegaram várias cartinhas para ele pelo correio de crianças agradecendo pelo trabalho realizado em prol do futuro da cidade. “Ele ficava muito feliz com esse reconhecimento. Sempre cuidou de tudo praticamente sozinho e com dinheiro do próprio bolso, sem auxílio público. Agora nossa grande preocupação é que o poder público se manifeste para fazer a manutenção. A Prefeitura tem interesse, a família também e estamos conversando”, relata o filho, Luís Carlos Fukumoto. Hiroshi chegou a ser homenageado pela Câmara Municipal de Maringá ao receber o Brasão do Município e o título de Mérito Comunitário pelo trabalho prestado.

No tempo livre, Hiroshi gostava de pescar e de jogar Gateball, esporte com tacos parecido com o críquete. Com a esposa, também já falecida, praticava com times de amigos e participavam de torneios dentro e fora de Apucarana . Na juventude também jogava futebol. A música o acompanhou por toda a vida. Instrumentista, tocava bandolim e clarinete e sempre era convidado para fazer parte do júri em concursos de canto da comunidade nipônica da qual participava.

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