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Foto: Arquivo/Estado do Paraná/Tribuna do Paraná
Foto: Arquivo/Estado do Paraná/Tribuna do Paraná| Foto:

A perda de um ídolo faz com que o torcedor de um time de futebol viva uma orfandade muito específica. Isso porque os ídolos são símbolos vivos da história que a torcida gosta de lembrar, são fontes de memórias importantes para o presente e futuro de um clube. O ex-goleiro do Coritiba Jairo Nascimento, morto em fevereiro aos 72 anos, é um desses jogadores que partem da vida, mas deixam as conquistas e a história inabaláveis.

O menino de Joinville (SC) que era muito alto para jogar no ataque, “meio que sem querer”, como ele mesmo contava, foi parar na posição de goleiro e lá se destacou. A partir da atuação no Caxias de Joinville, chamou a atenção de um olheiro do Rio de Janeiro e partiu para jogar pelo Fluminense. Era apenas o início de uma frutífera carreira futebolística que o levaria a clubes como Corinthians, Náutico, América Mineiro, além da Seleção Brasileira e do próprio Coritiba.

Pelo time paranaense, Jairo seria campeão brasileiro em 1985, título inédito para o clube. Defendeu o Coxa nas décadas de 70 e 80, somando 440 partidas jogadas. O fato torna o goleiro o atleta que mais atuou com a camisa do time na história.

Ser convocado a vestir a camisa verde amarela, entrando em campo com a Seleção Brasileira é o ponto mais alto na carreira de qualquer jogador. Jairo chegou a esse patamar, defendendo a amarelinha em 1976. A partida que jogou ficou marcada pela pancadaria generalizada durante o jogo no Maracanã contra a seleção uruguaia. “Sobre a seleção ele nunca foi muito vaidoso. Foi muito legal e importante, mas para ele era o trabalho”, conta o filho do jogador, o jornalista Jairo Nascimento.

Outro feito histórico guardado pelo Pantera Negra, como era chamado, foi conquistado no Corinthians, clube no qual trabalhou de 1977 a 1980. É dele a marca de maior tempo de um goleiro do time sem levar nenhum gol no Campeonato Brasileiro, somando 1.131 minutos. A conquista mais celebrada dele no clube foi o título de Campeão Paulista de 1977, que passava por um jejum de títulos que se arrastava por mais de 20 anos.

Mesmo depois de aposentado dos gramados, nunca conseguiu ficar afastado do futebol. Treinou goleiros no Coritiba, no início dos anos 90, mas o caminho que encontrou para continuar vivendo a bola foi por meio de escolinhas de futebol, com projetos em Araucária e em Agudos do Sul. “Ele gostava muito de passar aos jovens a oportunidade que ele teve, de garoto pobre da periferia de Joinville, de conseguir crescer na vida por meio do esforço, passar valores de amizade e do bom comportamento”, comenta o filho.

Vítima de um câncer no rim, foi feita uma campanha para auxiliar no caro tratamento que precisava. Jairão conseguiu ver ainda em vida o apreço que as torcidas com as quais teve envolvimento tinham por ele, além da população paranaense como um todo. O legado de respeito deixado pelo jogador simples e tímido, que não gostava de luxos, fica para sempre. “Sempre via as pessoas contando histórias sobre ele, e nunca ouvia ninguém falando mal dele, isso era ótimo”, relembra o filho.

Jairo do Nascimento deixa esposa, três filhos e quatro netos.

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