O ambiente universitário era a segunda casa de Luiz Guilherme Rangel Santos, reitor da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Não gostava de ficar preso no gabinete, por isso era sempre visto caminhando pelos departamentos da universidade, conversando calmamente com os funcionários e alunos. Quando precisava de um bate-papo individual com alguém, convidava para dar uma volta pelo campus. Luiz Guilherme morreu no dia 5 de setembro, aos 69 anos, vítima de parada cardíaca.
Esses hábitos foram herdados do pai, o professor Sidney Lima Santos – junto com a esposa, Maria de Lourdes Rangel Santos, ele fundou o colégio em 1958, que em 1973 se tornaria universidade –, e representavam um modo particular de acompanhar a rotina do local. Outra herança que segue no sangue da família é a preocupação com o saber e a promoção humana. Costumava dizer que a aprendizagem deve acontecer com objetivos e avaliação claros, sem nunca esquecer da esfera humana. “Ele sempre repetia que o aluno precisa, além de aprender, entender o que está sendo ensinado. Tinha uma visão científica da educação e buscava promover a melhoria do ser humano cada vez mais”, conta o atual reitor da Tuiuti, João Henrique Faryniuk, que trabalhou por mais de três décadas ao lado de Luiz.
Economista de formação desde 1975, migrou para a área da educação ao se graduar em Pedagogia pela Tuiuti em 1984 e concluir mestrado em Educação na PUCPR em 1996. Contava com orgulho que trabalhava na universidade desde os 14 anos. A partir de 2002, depois do falecimento do professor Sidney, assumiu a reitoria e permaneceu até 2021. Antes disso, atuava como pró-reitor e dava aulas no departamento de Pedagogia.
Demonstrava na prática os valores de humanização pregados na instituição há décadas. Nas reuniões quinzenais da equipe de administração, por exemplo, tratava das pautas anotadas a lápis no inseparável bloco de notas amarelo e, assim que todas tivessem sido contempladas, categorizava: agora vamos falar sobre amenidades. Comportamento típico de quem entende que para o desenvolvimento de qualquer organização, as pausas e a troca de ideias sem compromisso são essenciais.
Mantinha a simplicidade apesar de ser portador de uma cultura ampla. Com ele, a conversa podia durar das quatro da tarde às nove da noite e ir do alfinete ao foguete. “A mente dele era um turbilhão de ideias, as pessoas adoravam ouvi-lo falar”, relembra a pró-reitora Bianca Simone Zeigelboim, que também trabalhou com ele por décadas. Ela completa dizendo que o coração grande e aberto dele não significava que não soubesse cobrar. Conseguia equilibrar compreensão e incentivo ao desenvolvimento.
Batalhou pela internacionalização da instituição, pelo uso da tecnologia e da inovação. Ajudou a ampliar o horizonte de cursos e naturalmente tinha “xodós” dentro da universidade. Os dele eram as áreas de Psicologia, reabilitação motora, incluindo fisioterapia, e tudo o que envolvesse inclusão de pessoas com deficiência. Um de seus sonhos era tirar do papel um parque de lazer inclusivo.
Também era apaixonado por Medicina Veterinária e Agronomia. Gostos que se explicam pelo apego que tinha com os animais e a terra. Nos momentos de descanso, ia para uma área de preservação ambiental que adquiriu em Morretes. Lá, curtia a natureza, dava caminhadas e cuidava da preservação para que o meio ambiente permanecesse o mais intocado possível. Luiz Guilherme deixa esposa e dois filhos.
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