
Na casa cercada por araucárias próxima ao Parque Barigüi, Pretextato Pennafort Taborda Ribas Netto, mais conhecido como Tato Taborda, - morto em abril deste ano aos 82 anos, vítima de uma parada cardíaca - tinha uma mesa sagrada. Era lá que o homem que atuou no governo João Goulart, que foi desembargador do Tribunal do Trabalho do Paraná, secretário de governo de Jaime Lerner e que fez coberturas jornalísticas invejáveis em veículos como Última Hora e Jornal do Brasil escrevia o que tivesse para escrever. E ele sempre tinha o que escrever e contar.
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Além dos artigos, publicados ou não, redigia cartas e bilhetes carinhosos aos filhos e netos, mantendo uma comunicação epistolar. “Cada um pensava que aquilo era algo singular que tinha com o ele, mas quando ele faleceu compartilhamos os escritos e vimos que era um modo dele operar a paternidade à distância”, conta o filho músico, que também é um Pretextato mais conhecido como Tato Taborda. Nas cartas, ele fala sobre filmes recentes que assistiu e relembra histórias divertidas da infância, conectando isso a algum momento da vida do destinatário.
Confira o perfil escrito por José Carlos Fernandes: Tato, o passageiro da história
Por pura casualidade, Tato, o jornalista e advogado, nasceu em São Paulo, local por onde a mãe estava de passagem. Com poucos dias de vida voltou à Curitiba, cidade que oferecia segurança suficiente para que pudesse ir ao cinema sozinho, ainda criança e às vezes à noite, no miolo da Rua XV, no Centro. Sua formação educacional incluiu o Colégio Estadual do Paraná e a formatura em Direito pela UFPR.
Poucos anos após a formatura, foi convidado a trabalhar como chefe de gabinete do ministro do Trabalho do governo João Goulart, Amaury de Oliveira e Silva. Em 1964, Tato havia tirado licença para fazer um curso no México e, quando retornou, viu o governo do qual fazia parte caído, pós-golpe militar. Em 1969 passou a escrever para o jornal Última Hora, primeiro como crítico de teatro e depois como repórter de diversas áreas. Fez história cobrindo acontecimentos como o lançamento da missão espacial Apollo 11 e a Copa do Mundo de 1970. Também atuou no Jornal do Brasil e no Diário do Paraná. Uma das matérias que mais gostou de escrever foi a que contava a história do Rio de Janeiro.
Se aposentou como desembargador do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), tendo presidido a corte duas vezes. Depois, em 1999, foi secretário estadual da Casa Civil, Justiça e Direitos Humanos de Jaime Lerner, seu colega de Colégio Estadual.
Sua essência simples e pacata não o impedia de apreciar o que a vida lhe oferecia, como as sinfonias de Mozart, as viagens movidas pelo espírito aventureiro, em especial pela América Latina, e o cinema que lhe encantava - chegou até a produzir filmes, como o longa “Vai à Luta”, história que envolve o universo da capoeira e que está sendo restaurada neste momento.
Em sua mesa sagrada, o último escrito encontrado foi uma carta datada do dia anterior à sua morte, dia 4 de abril. Uma carta em tupi-guarani destinada a uma antepassada que fazia parte da etnia indígena. Utilizando o que sabia fazer de melhor, a comunicação e a conciliação, Tato criou pontes de afeto.
Deixa esposa, cinco filhos e oito netos.
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