A voz e a figura marcantes de um dos primeiros apresentadores de telejornal do Paraná diferia dos demais locutores de rádio, muitos que naturalmente migraram para as televisões quando elas surgiram no estado. Seu jeito natural, porém sério, de se comunicar garantiu ao jornalista Sergio Luiz Picchetto um lugar entre os pioneiros da TV paranaense. Ele faleceu no dia 09 de junho, aos 83 anos, por problemas cardíacos.
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Sergio começou a carreira na comunicação por acaso, e como a maioria dos jornalistas e radialistas da época, não teve formação na área porque os cursos sequer existiam. Carioca de Santa Teresa, mudou-se para Curitiba no início dos anos 1950 com os pais. O falecimento do pai algum tempo depois complicaria um pouco a situação financeira da família. Trabalhar em rádio foi, então, a solução encontrada por Sergio para se sustentar em Curitiba.
Começou na rádio Guairacá, fazendo de tudo um pouco. Sua primeira atuação ao microfone foi em 1954, como locutor, e a partir daí não parou mais. Participou da inauguração da TV Paraná, canal 6, pertencente aos Diários Associados, e foi o primeiro apresentador do canal 2, antiga Rede Manchete. Ele contava que, em suas primeiras aparições na TV, ele tremia tanto que o papel se mexia. Na época ainda não era utilizado o teleprompter para leitura dos textos junto à câmera, por isso os jornalistas precisavam ler as notícias em um papel nas mãos enquanto revezavam o "contato visual" com o telespectador.
Via certa dificuldade das pessoas em pronunciar e escrever seu sobrenome de forma correta, por isso adotou profissionalmente apenas Sergio Luiz, para simplificar e para homenagear o pai falecido, Luiz. Passou por diferentes veículos de comunicação, como a TV Iguaçu, canal 4, e emissoras de rádio como a Independência, Iguaçu, Cidade, Rádio Estadual do Paraná e rádio da Emater, com o programa "O Homem e a Terra".
Além do noticiário, apresentou programas com temas diversos e até inusitados, como um de rádio sobre ufologia. Perfeccionista em relação ao trabalho e à pronúncia das palavras, ao apresentar um programa de música erudita gostava de aprender os detalhes dos idiomas dos compositores alemães e suecos que precisava falar com frequência. “Ele zelava muito pela qualidade e era detalhista. Sempre crítico, quando ouvia uma pronúncia incorreta na TV ou no rádio ele notava”, conta o filho, Sergio Virmond Lima Picchetto. Ele também lembra que, quando criança, via o pai ser parado diversas vezes na rua por causa do trabalho na TV, sempre solícito e simpático com os telespectadores.
“Era sempre a pessoa mais carinhosa e generosa, especialmente com quem estava começando, como era o meu caso na época. Um exemplo de boa voz, interpretação e locução”, conta Ulisses Iarochinski, jornalista que teve Sergio como colega na rádio Cidade quando jovem e, mais recentemente, na rádio Educativa.
Na hora do lazer, gostava de frequentar o Jockey Club do Paraná para encontrar amigos e assistir corridas, e de acompanhar os esportes dos quais gostava, como vôlei e futebol. Da origem no Rio de Janeiro, guardava a torcida pelo Flamengo e a paixão pelas praias, pelo Maracanã e pelo bairro de Santa Teresa, seu primeiro lar. Sergio deixa um filho e um neto.