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 | Roberto Dziura/Arquivo GP
| Foto: Roberto Dziura/Arquivo GP

"Ele saiu à francesa", diz a arquiteta Lauri da Costa sobre o pai, também arquiteto, Romeu Paulo da Costa, morto no início de maio, aos 90 anos. Era um sábado. Ele estava de bom humor, apesar do impacto que vinha lhe causando o noticiário do assassinato do menino Bernardo, no Rio Grande do Sul. Pela manhã, acompanhou a filha nas compras da casa. Almoçou – sem deixar de lado sua habitual taça de vinho – e subiu as escadas do grande sobrado do Batel, rumo ao estúdio, para um pequeno descanso, como sempre fazia. Foi o último ato de um dos maiores nomes da arquitetura moderna no Brasil.

A história de Romeu é tão marcante quanto sua obra. Filho de um modesto alfaiate da Rua André de Barros, no Centro de Curitiba, cumpriu todos os expedientes reservados aos garotos pobres. Começou a trabalhar aos 7, 8 anos. Empregou-se numa padaria, numa loja de sapatos – a Constantino –, vendeu pastéis como ambulante. Nem os prostíbulos da região escapavam à visita daquele aprendiz de comerciante.

Uma escola, uma pequena confusão e um amigo alteraram seu destino. O pai lhe conseguiu uma bolsa de estudos no Colégio Bom Jesus, dos franciscanos. No primeiro dia de aula, entrou por engano na sala destinada a meninos da comunidade alemã. As matérias ali eram ensinadas em gótico. Para surpresa, o tímido e reservado Romeu se adaptou bem ao "lugar errado".

Aprendeu a língua. E fez amizade com o companheiro de carteira Rubens Meister, que o incentivaria por toda a vida. Ambos se tornaram engenheiros e arquitetos. Ambos modernistas. Quando do Centenário da Emancipação Política do Paraná, em 1953, coube a Romeu o projeto da Biblioteca Pública do Paraná. A Meister, o Teatro Guaíra. Nunca se distanciaram. O amigo morreu em 2009.

A cumplicidade entre dois guris de classes sociais diferentes é verdadeira fábula sobre a solidariedade. De menino que vendia pastéis de porta em porta, Romeu se tornou professor da Universidade Federal do Paraná, funcionário do governo do estado, profissional renomado, artista plástico diletante, leitor refinado de Balzac e Bertrand Russell, esportista disciplinado, uma referência para gerações de paranaenses.

Romeu era longevo nas amizades – e também no amor. Conheceu Elaine no "Baile da Chita". Ela tinha 14 anos; ele, 17. Dois anos depois, engataram namoro. Foram 65 anos juntos, 59 casados. Tiveram os filhos Lauri e Joari. E, como no filme Casablanca, "sempre tiveram Paris". Embora Elaine amasse Londres, pelos cálculos da filha o casal esteve na França 25 vezes, quase sempre apenas os dois, "em lua de mel", como diziam. Tanto achava a capital francesa superior às demais cidades da Europa que se referia a ela como "Paris e arredores". Começava seu passeio sempre pela Notre Dame. "Gostava de flanar", lembra Lauri sobre o homem que se transformava ao pisar na sua pátria afetiva.

Elaine morreu em 2006. As viagens não foram mais as mesmas. Nem Romeu. Praticamente se mudou para o estúdio-sótão, de onde via os telhados e a torre da Igreja dos Passarinhos. O baque foi tamanho que abandonou um de seus hobbies, a pintura, praticada quase em segredo. Manteve um outro, a natação, aprendida na infância, no Tanque do Bacacheri. Nadava 400 metros, três ou quatro vezes por semana, no Clube Curitibano.

Em tempo, antes da engenharia e da arquitetura, Romeu foi um desenhista, com passagem pelo Liceu de Artes e Ofícios. Adulto e estabelecido, lançou-se a outra arte, a fotografia experimental – à moda do que era praticado pelos cineclubistas. Sua produção artística ainda é pouco conhecida, ao contrário da arquitetônica, estudada por pesquisadores como o historiador Marcelo Sutil e o arquiteto Salvador Gnoato.

Depois da morte de Elaine, Romeu Paulo da Costa ficou aos cuidados da filha Lauri. Tiveram de se reinventar, como diz ela, observadora atenta do gênio que passava os dias no estúdio da casa, em meio aos livros, discos e imagens do século 20 – um século que ele ajudou a construir. Deixa dois filhos e dois netos.

Dia 3 de maio, aos 90 anos, de parada cardíaca.

Altivir Tschock Júnior, 9 mes(es). Filiação: Altivir Tschock e Jane Massaneiro de Oliveira. Sepultamento ontem.

Antônia Martos Amaral, 79 anos. Profissão: do lar. Filiação: Manoel Aljarilha Bejerano e Francisca Martos Torres. Sepultamento ontem.

Antônio Alexandre, 82 anos. Profissão: dentista. Filiação: Francisco Alexandre e Conceição Alexandrina. Sepultamento ontem.

Carlos Manczasz Novicki, 46 anos. Profissão: agricultor. Filiação: Vicente Novicki e Bernadete Manczasz. Sepultamento ontem.

Carminha Aparecida de Lima dos Santos, 47 anos. Profissão: auxiliar serviços gerais. Filiação: Adelino Horácio de Lima e Anna Alves de Lima. Sepultamento ontem.

Cleusa Martins Henriques, 54 anos. Profissão: diarista. Filiação: Nicanor Martins Henriques e Oraides da Silva Henriques. Sepultamento ontem.

Cleverson Oliveira de Souza, 26 anos. Filiação: Nelson Comin de Souza e Cleide de Oliveira. Sepultamento ontem.

Dayane Grasiele Martim, 32 anos. Profissão: arquiteto(a). Filiação: João Dourival Martim e Sueli Aparecida da Silva Martim. Sepultamento ontem.

Dirce Salvi Wolff, 67 anos. Profissão: cozinheiro(a). Filiação: José Salvi e Nathalia Salvi. Sepultamento ontem.

Douglas Renan Teixeira, 22 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Rozani Aparecida Teixeira. Sepultamento ontem.

Elenice Mendes de Brito Dudek, 46 anos. Profissão: auxiliar produção. Filiação: Agnaldo Mendes de Brito e Maria Valentina Rodrigues de Brito. Sepultamento às 12 h, Municipal do Boqueirão, saindo de Assoc de Moradores do Parolin CuritibaPR.

Elvira Noriller, 84 anos. Profissão: do lar. Filiação: Paulo Natal e Emma Natal. Sepultamento ontem.

Erico Arno Germer, 75 anos. Profissão: representante comercial. Filiação: Maurício Germer e Elza Benz Germer. Sepultamento ontem.

Eunice de Paula Fernandes Barros, 82 anos. Profissão: do lar. Filiação: João Luiz Alves e Pedrina Alves de Paula. Sepultamento ontem.

Hanz Hildebrand, 77 anos. Profissão: eletricista. Filiação: Heinrich Hildebrand e Maria Duck. Sepultamento ontem.

Hilda Glade, 83 anos. Profissão: do lar. Filiação: Luiz Goebel e Dora Goebel. Sepultamento às 10 h, Comuna Evangélicaélica Luterana, saindo de Protestante.

Jaldo Simplicio de Souza, 63 anos. Profissão: motorista. Filiação: João Simplicio de Souza e Maria José de Souza. Sepultamento ontem.

João Brasiliano da Cunha, 73 anos. Profissão: lavrador. Filiação: Deoclides Brasiliano da Cunha e Leopoldina Almeida Cunha. Sepultamento ontem.

João Natal de Oliveira, 59 anos. Profissão: mestre obras. Filiação: Antônio Messias de Oliveira e Orcalina Maria das Dores Silva. Sepultamento ontem.

José de Lima, 52 anos. Profissão: pedreiro. Filiação: Francisco de Lima e Hilda de Lima. Sepultamento às 13 h, Universal Necrópole Ecumênica Vertical, saindo de Associação de Bairro Vila Nova Barigui - Cic - CuritibaPR.

José dos Santos, 90 anos. Profissão: agricultor. Filiação: Fernando Santos e Rosalina Marques da Silva. Sepultamento ontem.

Leonor Pugsleis Spitzner, 95 anos. Filiação: Ernesto Pusgleis e Regina Orreda Pugsleis. Sepultamento ontem.

Luiz Fernando Remonato, 81 anos. Profissão: comerciante. Filiação: Amadeu Remonato e Rosália Pereira de Andrade Remonato. Sepultamento ontem.

Maria Rocio de Jesus, 45 anos. Profissão: auxiliar cozinha. Filiação: Arcedina de Jesus. Sepultamento ontem.

Maria de Lourdes Oliveira Miranda, 59 anos. Profissão: zelador(a). Filiação: Manoel José de Oliveira e Lindaura Lima de Oliveira. Sepultamento ontem.

Mário Moser, 100 anos. Profissão: professor(a). Filiação: Carlos Moser e Ernesta Moser. Sepultamento ontem.

Maud Manzke Born, 90 anos. Profissão: do lar. Filiação: Reinardo Manzke e Clara Bichels Manzke. Sepultamento ontem.

Nilce Aparecida Mariucci Soares, 73 anos. Profissão: empresário. Filiação: João Mariucci e Madalena Serafim Mariucci. Sepultamento ontem.

Osvaldo Jacinto, 70 anos. Profissão: comerciante. Filiação: Casemiro Jacinto e Júlia Alexandrina Jacinto. Sepultamento ontem.

Rodrigo Marques, 26 anos. Profissão: outros. Filiação: Salvador Marques e Benedita Alzira Marques. Sepultamento ontem.

Roque da Silva Ribeiro, 60 anos. Profissão: motorista. Filiação: Sebastião da Silva Ribeiro e Antoninha Ribeiro. Sepultamento ontem.

Silci Rodrigues, 71 anos. Profissão: outros. Filiação: Miguel Rodrigues e Maria Anezia Raits. Sepultamento ontem.

Sônia Maria Geis, 54 anos. Profissão: funcionário público municipal. Filiação: Airton Geis e Esobinda Geis. Sepultamento ontem.

Terezinha Franco das Neves, 74 anos. Profissão: do lar. Filiação: Jocelino Gonçalves Franco e Rosalina Nogueira. Sepultamento ontem.

Valmir Antônio Correa, 54 anos. Profissão: motorista. Filiação: Osvaldo Correa e Amabile Vorrussi Correa. Sepultamento ontem.

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