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Usuários reclamam da superlotação na estação-tubo Bento Viana , próximo à Praça do Japão | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Usuários reclamam da superlotação na estação-tubo Bento Viana , próximo à Praça do Japão| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Uma semana após a inauguração da linha de ônibus Ligeirão Norte-Sul no dia 28 de março, os passageiros colecionam reclamações. Diversos problemas mecânicos nos biarticulados recém-adquiridos exclusivamente para a linha e a superlotação na estação-tubo Bento Viana, nas imediações da Praça do Japão, no Batel, são alguns dos problemas. O Ligeirão, em sua primeira etapa, liga o trecho de aproximadamente 11 km entre o Terminal Santa Cândida e a Praça do Japão e deve ser estendido até o Terminal Capão Raso.

Já no primeiro dia de funcionamento da nova linha, três biarticulados tiveram de ser retirados de circulação após apresentarem falhas no sistema de desembarque. Outro veículo também travou durante o percurso. O jornalista André Amorim, 39 anos, estava em um dos coletivos com problemas. “A porta simplesmente não queria fechar. Aí o ônibus parou e não funcionou mais”, diz.

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Na última segunda-feira (2), Amorim presenciou mais uma falha mecânica no Ligeirão. Dessa vez, um biarticulado enguiçou na Estação Central, na Rua Presidente Faria, no Centro. “O ônibus parou de funcionar em frente à porta da estação, então nenhum outro coletivo conseguia parar para pegar passageiros”. Na ocasião, o embarque e a passagem de outros ônibus ficaram travados por cerca de 20 minutos e a fila de usuários chegou perto da esquina com a Rua Marechal Deodoro.

Passageiros tiveram de descer pela porta de emergência após novos biarticulado apresentarem problemas Colaboração/Danilo Blossom

Situações semelhantes também foram registradas na Estação Bento Viana, onde a cobradora Valdelice Araújo, 35 anos, viu pelo menos oito biarticulados enguiçarem semana passada. “Eles não ligavam e ficaram bloqueando a passagem dos outros ônibus. Ficou uma fila de ônibus aqui na frente e os passageiros não conseguiam embarcar em nenhum deles”, recorda. Em alguns casos, de acordo com a cobradora, a porta do biarticulado também abriu no momento em que o motorista acelerou para deixar a estação. “Teve até uma situação em que ele quase arrancou a plataforma. Tudo isso nesta semana”, enfatiza.

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Segundo Aldemar Martins, diretor de Transporte da Urbs – empresa que gerencia o transporte coletivo de Curitiba – as falhas relatadas são comuns durante o uso de novas tecnologias como a que foi implantada nos biarticulados. “É um sistema que une configurações de motor, controle de velocidade e outros detalhes. Algo inovador e que ainda precisa de ajustes”, explica.

Martins não informou quantos dos 25 ônibus da nova frota apresentaram problemas durante esta primeira semana de operação, mas garantiu que o número de ocorrências diminuiu nos últimos dias. “A Urbs está trabalhando com as montadoras para que até esta semana esteja tudo resolvido”, promete.

Estação-tubo superlotada

Além dos ônibus enguiçados, a cobradora Valdelice também cansou de ouvir usuários reclamando da superlotação na estação final do Ligeirão na Praça do Japão - principalmente nos horários de mais movimento, de manhã e fim da tarde. “É muita gente descendo e embarcando aqui, sendo que o espaço é pequeno. As filas para fora do tubo ficam imensas”, relata.

A aglomeração acontece na estação-tubo Bento Viana, principalmente, pela manhã e no fim da tardeMarcelo Andrade/Gazeta do Povo

A aglomeração também dificulta a entrada dos passageiros nos coletivos de outras linhas que param na estação, o que acaba formando filas de ônibus em frente ao tubo. “É tanta gente querendo entrar nesses ônibus, que os motoristas precisam esperar até cinco minutos só para conseguir fechar a porta e arrancar para que o outro estacione”, completa a cobradora.

Para o escrevente da Justiça aposentado Valdemar de Oliveira, 72 anos, tentaram transformar a estação em um terminal e isso não funcionou. “Fica muita fila aqui e as pessoas precisam esperar muito”. Com essa dificuldade, ele acredita que a promessa de diminuir o tempo de trajeto dos usuários não foi cumprida, já que é necessário aguardar muito mais para conseguir embarcar. “Menos para quem utiliza o ônibus fora do horário de pico. Aí é bem tranquilo”, aponta.

De acordo com a Urbs, o objetivo não é transformar a Estação Bento Viana em um terminal, já que quando as obras de expansão da linha forem concluídas os ligeirões irão até o Terminal Capão Raso - o que o prefeito Rafael Greca (PMN) promete para o fim de 2018. “Se acalmem, até o fim do ano eu levo o ligeirão pro Capão Raso”, garantiu o prefeito em entrevista à RPC TV, contrariando a previsão do próprio Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), que anunciou que a linha só chegaria ao Capão Raso em 2019.

Por isso, a Estação Bento Viana não será ampliada. No entanto, a Urbs tem conhecimento do problema da aglomeração e afirma que isso será corrigido com o fim das filas de coletivos que se formam em horários de maior movimento. “Estamos monitorando para evitar esses comboios. Assim, a aglomeração de pessoas também vai diminuir”, promete o diretor de Transporte da Urbs, Aldemar Martins.

Linha Santa Cândida-Capão Raso lotada

Martins também explica que a superlotação no tubo acontece porque muitos usuários ainda não mudaram sua rotina, o que sobrecarrega algumas estações durante no processo de migração no sistema de transporte. Ele cita como exemplo a linha Santa Cândida-Capão Raso, que teve o número de veículos reduzido após a inauguração do Ligeirão, mas continua com número alto de passageiros. Segundo o diretor da Urbs, há 29 carros atuando com lotação máxima nessa linha, mas quem os utiliza também possui à sua disposição outros 24 coletivos que passam pelo mesmo trajeto. “E essas outras opções que o usuário tem são mais rápidas”, garante.

No entanto, para utilizar as linhas alternativas pode ser necessário trocar de coletivo durante a viagem, o que não agrada usuários como a doméstica Dulcina Altafim de Góes, 71 anos. Moradora do bairro Pinheirinho, ela acostumou a utilizar a linha Santa Cândida-Capão Raso pela facilidade. “Ele passava a cada dez minutos e era supertranquilo. Agora, demora quase 20 minutos e eu não consigo nem entrar no ônibus de tão cheio”, reclama a aposentada, que está pesquisando a respeito de outras linhas para usar.

O número de ônibus da Santa Cândida-Capão Raso diminuiu e os usuários reclamaramMarcelo Andrade/Gazeta do Povo

Enquanto o Ligeirão não vai até o Capão Raso, muitos passageiros ainda preferem as linhas tradicionais, usuários como a assistente de RH Raquel Kristoschek, 24 anos, garantem que o Ligeirão Norte-Sul está tranquilo e espaçoso. “Já usei três vezes esta semana e foi sossegado. Inclusive, minha mãe gostou muito porque foi sentada todas as vezes. Acho que é por ser uma linha nova”, declara.

Muita confusão

Outro problema do novo Ligeirão relatado por passageiros é a confusão nas plataformas e na cor dos ônibus, que, assim como os outros biarticulados, também é vermelho. A bancária Fabíola Nichelle, 51 anos, é uma das passageiras que teve de redobrar a atenção para não embarcar no ônibus errado. “Preciso ir para o Portão e sempre pegava qualquer ônibus que passasse aqui no tubo. E esta semana entrei por engano nesse Ligeirão achando que estava no coletivo correto”, reclama. No dia em que a reportagem a entrevistou, Fabíola por pouco não repetiu a confusão. “Não falei que são todos iguais? Ainda bem que me avisaram rápido dessa vez. Esses ônibus confundem a gente”.

Passageiros reclamaram da cor vermelha do Ligeirão e ainda se confundem ao usar a mesma plataforma de outras linhasMarcelo Andrade/Gazeta do Povo

Segundo o diretor de transporte da Urbs, diversos fiscais estão nos pontos de embarque da nova linha para orientar os passageiros. Além disso, os novos ônibus têm adesivos com a inscrição “Ligeirão” justamente para que os usuários não se confundam com a cor do veículo. “Mas vamos estudar colocar ainda mais adesivos”, admite Martins. No entanto, ele adianta que a mudança na cor dos ônibus está fora de cogitação. “Se isso acontecesse, precisaríamos de mais carros com a nova cor como reserva da frota, e isso geraria custos que acabariam voltando para a tarifa do usuário”, comentou. Por isso, o diretor da Urbs afirma que a melhor solução é ter paciência até que a população se acostume com a nova linha e entenda seu funcionamento. “Nesse tempo, nosso trabalho de avaliação será contínuo”, finaliza.

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