Imagine que de repente o seu celular para de funcionar, fica sem sinal, sem conexão com internet e sem a possibilidade de poder mandar mensagens de WhatsApp ou Facebook. Se isso acontecer, fique ligado: o seu telefone pode ter sido clonado. O fato ocorreu com o publicitário Alexandre Catarino, de Curitiba, que teve a linha telefônica clonada. Com isso, os golpistas acabaram interagindo com os contatos dele por meio de aplicativos de conversa, pedindo dinheiro emprestado.
“No dia em que fiquei sem sinal, achei que fosse um problema do celular. Como eu estava trabalhando, deixei para ver depois. Nisso também não consegui mais acessar o WhatsApp. De repente, um amigo meu ligou no telefone fixo do trabalho dizendo que alguém, passando-se por mim, estava pedindo dinheiro. Ele estava usando o meu número e o meu perfil. Aí outros conhecidos também me avisaram que estavam recebendo as mensagens”, conta Catarino.
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No caso de Catarino, foi a cunhada dele quem caiu na armadinha. Coincidentemente, ela tinha um dinheiro para depositar para ele e acabou fazendo dois depósitos no valor total de R$ 5,5 mil. O dinheiro foi para uma conta em nome de um laranja e rapidamente sacado assim que o valor entrou na conta.
O publicitário conta que, pelo que descobriu, os falsários utilizavam vários bancos e agências diferentes, localizadas em cidades como Rio de Janeiro e Brasília, entre outras. Conforme o banco que a pessoa tinha conta eles passavam uma agência correspondente para fazer o depósito. “Isso mostra que é uma quadrinha bem articulada”, observa Catarino.
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Políticos também são vítimas
Esse tipo de golpe parece que está se tornando comum. A própria governadora Cida Borghetti (PP) e outras autoridades tiveram os celulares clonados com o objetivo de aplicar golpes nas redes de contatos. A quadrilha, que foi presa no Maranhão, conseguia transplantar para um chip virgem os dados do cartão-SIM das vítimas. A partir disso, tinha acesso ao WhatsApp, passando-se pelo dono do celular e enviando mensagens aos contatos.
Outra vítima foi o deputado estadual Alexandre Curi (PSB). Golpistas acionaram os contatos do celular do parlamentar por meio do aplicativo invadido e pediram um depósito de determinada quantia em dinheiro. Segundo Curi, pelo menos dois amigos acreditaram no pedido e efetuaram a transferência.
Demora
Mas o pior de tudo foi a dificuldade que enfrentou para cancelar a linha. Segundo o publicitário Alexandre Catarino, a operadora demorou quase uma semana para bloquear o telefone. Além disso, ele teve a dificuldade de conseguir bloquear o WhatsApp também. Para piorar, pelo que foi informado a ele por alguém de dentro da operadora, o que ocorreu foi que o chip que estava associado ao aparelho celular de Catarino no sistema da empresa não era o do telefone dele. Isso só poderia ter sido feito de dentro da operadora ou por algum hacker, que de alguma forma conseguir acessar remotamente o sistema. “Fica a sensação de que a gente não tem segurança nenhuma na rede telefônica. Eu não fiz nada com o celular e ele também não foi roubado nem nada.
De acordo com o delegado Demétrius Gonzaga de Oliveira, do Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber), que investiga o caso, em situações em que o aparelho de celular para de funcionar, o primeiro passo é procurar a operadora para ver se não é apenas um caso de falha técnica. Ele recomenda se possível gravar a conversa com a companhia e anotar os protocolos de atendimento.
Ele explica que hoje em dia os casos de clonagem são menos comuns do que antigamente, pois as linhas telefônicas, de modo geral, são mais seguras. Em todo caso, a polícia deve investigar, por exemplo, se o número de telefone de Catarino foi atrelado a um outro chip e de que forma isso ocorreu.
O delegado afirma que é importante que a vítima faça um print das mensagens enviadas pelos golpistas ou outras provas que possam ser colocadas no Boletim de Ocorrência e utilizadas na investigação.
Para prevenir clonagens ou roubo de informações, Oliveira recomenda que as pessoas, principalmente quando estiverem em viagem, não deixem o wi-fi do aparelho aberto, bem como o bluetooth, especialmente em locais de grande circulação, como rodoviárias e aeroportos. Também é importante não compartilhar em grupos de WhatsApp informações e dados pessoais, como RG, CPF e endereço. Muitos golpistas se aproveitam dessas informações para ligar para a operadora e pedir alteração dos dados pessoais, segundo o delegado.
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