Importante parte do ambiente dos parques e praças de Curitiba, pelo menos 200 carpas e tilápias morreram nas últimas semanas nos lagos da cidade. As mortes aconteceram em locais como a Praça do Japão e o Parque Tingui e foram causadas principalmente pela falta de chuva e a grande amplitude térmica enfrentada na capital.
De acordo com Vinicius Abilhoa, biólogo da prefeitura de Curitiba e pesquisador do Museu de História Natural da cidade, o problema é relativamente comum para a época do ano, mas dessa vez a quantidade de mortes superou qualquer expectativa: “Como no inverno geralmente temos maior amplitude térmica, é frequente que alguns peixes acabem não resistindo. Mas, com o tempo tão seco e variações de até 20ºC no mesmo dia, o número cresceu muito”, aponta.
A questão da falta de chuva está ligada à morte dos animais porque, sem ela, não há renovação da água da maioria desses lagos. Isso faz com que a quantidade de oxigênio disponível no ambiente diminua cada vez mais e os peixes não consigam obter a substância. Esse problema não é tão comum em lagos como o do Parque São Lourenço, por exemplo, que tem conexão com efluentes.
Sem chuvas, também é muito frequente que haja um acúmulo de matéria sólida nos lagos. O biólogo explica que a presença desses resíduos é prejudicial pois gera uma proliferação de bactérias, que também consomem oxigênio da água, diminuindo a quantidade disponível para os peixes. Além de folhas e terra, o grupo de resíduos sólidos também inclui os lixos que são jogados na água pela população e também são responsáveis por agravar a situação. O pesquisador aproveita para lembrar que não é permitido alimentar os peixes e muito menos pescá-los.
Outro motivo para o aumento da mortandade dos animais é a variação de temperatura que tem acontecido na cidade nas últimas semanas. Abilhoa explica que tilápias e carpas são conhecidas como peixes mais sensíveis ao clima, especialmente por serem espécies exóticas, não nativas do Brasil. “Para esses peixes, é muito complicado enfrentar dias como os que tivemos recentemente, com tardes muito quentes e manhãs e noites frias. A temperatura corporal deles simplesmente não consegue se adaptar”, esclarece o biólogo, que é responsável por estudar e analisar o comportamento das espécies nesses locais.
Soluções
Desde 1993, equipes da prefeitura de Curitiba têm acompanhado a mortandade de peixes nos lagos da cidade. De acordo com Abilhoa, análises das brânquias dos peixes permitem que os pesquisadores entendam como está a saúde dos animais no ecossistema e, quando necessário, são feitas limpezas na água e remanejamento dos animais para outros locais mais seguros — como realizada no lago do Passeio Público no final de agosto, por exemplo.
Ainda assim, as medidas não dão conta de melhorar o ambiente para todos os peixes. Outras soluções poderiam ser a dragagem dos tanques, a instalação de um aerador artificial, que levaria oxigênio, ou mesmo o despejo de água de maneira artificial. Todas essas alternativas, porém, tem um custo muito elevado, e ainda estão sendo estudadas pela equipe. A solução definitiva, porém, seria a chegada da chuva, que não dá as caras em Curitiba há mais de um mês.
A troca das espécies por outras que se adaptem melhor ao clima tampouco é cogitada. Segundo o biólogo da prefeitura, “a carpa, por exemplo, é cultivada há pelo menos 2 mil anos. As pessoas estão acostumadas a verem eles, pois são peixes ornamentais. É uma questão cultural”.
Colaborou: Cecília Tümler
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