Frequentadores da Praça Oswaldo Cruz, no Centro de Curitiba, estão preocupados com a grande quantidade de fezes de cães presentes no espaço. Segundo eles, alguns donos dos animais não carregam a sacola higiênica e os dejetos ficam espalhados pelo gramado, pela pista de caminhada e até nas áreas infantis. A situação irrita os visitantes do espaço e ainda coloca em risco as crianças que brincam no local, pois o cocô pode transmitir doenças.
Um funcionário da praça, que preferiu não se identificar, afirmou que a situação é frequente. “Já flagrei pessoas deixando o cachorro defecar aqui e, simplesmente, indo embora depois sem limpar a sujeira. Eles não pensam nos filhos dos outros que brincam aqui”, disse.
A frequentadora do parque Janete Cardoso, de 32 anos, também fica indignada com a situação. De acordo com ela, é necessário caminhar olhando para o chão da praça devido ao grande número de “presentes” deixados pelos animais. “Tem em todo lugar. O jeito é andar desviando”.
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A situação pode até ter causado problemas de saúde ao animal de estimação da personal stylist Daniela Maganhotte, 41. Moradora do Centro de Curitiba, ela passeia todos os dias na praça com seu bulldog francês de sete anos e conta que ele ficou bem doente devido a uma bactéria. “Pode ter sido por causa das fezes de outros animais que ficam espalhados aqui na praça. Eu trago ele aqui três vezes por dia”, disse.
Para evitar a transmissão de doenças e ainda ser educada com os demais usuários da praça, ela garante sempre seguir à risca as regras de higiene durante os passeios com seu companheiro de quatro patas. “Nunca saio de casa sem a sacolinha para colocar o cocô dele e não entendo como alguém pode agir diferente ”, questionou, enquanto recolhia as fezes de seu bulldog na Praça Oswaldo Cruz.
Orientações aos pais
De acordo com o médico Tony Tannous Tahan, presidente do Departamento de Infectopediatria da Sociedade Paranaense de Pediatria, a limpeza dos dejetos é necessária para proteger as crianças que utilizam locais públicos, pois eles podem transmitir diversas verminoses e até diarreia. “É comum a criança brincar no chão, então ela pode encostar nas fezes e levar a mão na boca logo depois. Os pais devem ficar atentos a isso”, orientou.
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Entre as principais doenças transmitidas pelo contato com os excrementos estão a toxocaríase - que pode gerar nódulos no corpo, aumentar o fígado e o baço, e ainda provocar anemia e desnutrição – e também o bicho geográfico, que se aloja na criança pelo pé, mão ou quadril, fazendo uma espécie de “caminho” em sua pele e causando coceira excessiva. “Ao perceber que o filho brincou em um local onde havia fezes de cães, é necessário levá-lo ao médico o quanto antes para diagnóstico e realização de exames”, pontua o infectologista pediátrico.
Orientações para donos de cães
Já a recomendação do médico para os donos de cães é afastar os animais dos parquinhos infantis ou locais usados por crianças, levá-los com frequência ao veterinário e utilizar a medicação contra vermes. Além disso, a Secretaria de Meio Ambiente informa que, em qualquer área pública da cidade, o responsável pelo animal deve sempre carregar uma sacola para recolher os dejetos. “Há multa prevista para quem não o faz, porém, as primeiras ações fiscalizatórias são educativas e, geralmente, suficientes para a reparação”, explicou, em nota.
Enquanto os donos cuidam de seus animais, a pasta também possui uma equipe de limpeza para atender os parques e praças, recolhendo lixo e também as fezes deixadas por animais de rua, por exemplo. Na Oswaldo Cruz, a secretaria informou que essa limpeza é rotineira, mas não disse de quantos em quantos dias ela é realizada.
Cães não podem ficar soltos
Outro problema relatado pelos usuários da praça é o fato de muitos donos deixarem seus cães soltos no local, o que amedronta alguns frequentadores e já até causou brigas. “Eu entendo que a pessoa possui um laço bem forte com seu animal e acha que é ele dócil. Mas não há como garantir que nenhum acidente vá acontecer”, afirmou a estudante Ana Aparecida, 23.
Essa situação já até causou problemas para a personal stylist Daniela. “Uma vez meu bulldog atravessou a pista de caminhada pra fazer xixi e passou na frente de uma senhora. Ela se assustou com ele, deu a volta e veio brigar comigo”, recorda.
Em Curitiba, o decreto municipal nº 9.493/93 afirma que “todos os cães, independente de raça e porte, somente poderão ser conduzidos nos parques, praças e vias públicas com o uso de coleira e guia”. Além disso, animais que pesam mais de 20kg ou de raças como bull terrier, pastor alemão, rottweiler, doberman ou pitbull, também precisam de focinheira.
Para frequentadores da praça como o protetor animal Dinarte Rodrigues da Silva, 54, uma sugestão seria separar um espaço específico para os cães. Segundo ele, a porta localizada na Rua Lamenha Lins, que permanece fechada todos os dias, poderia ser aberta para isso. “Se o espaço apropriado para cães fosse ali, os cachorros não passariam por toda a praça e ainda podiam ter alguns atrativos para eles”, sugeriu.
Segundo a secretaria, nenhuma demanda como essa foi sugerida à pasta, mas o pedido pode ser feito via Central 156 ou ainda protocolado pessoalmente na própria secretaria ou nos núcleos localizados nas Ruas da Cidadania. Com a formalização, a solicitação seguirá para estudos técnicos de viabilidade e, então, de projeto e orçamento.
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