O tempo de espera para pegar uma senha na Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPPR), no Centro de Curitiba, tem sido tão grande que a população está alugando cadeiras para tornar a situação menos desconfortável. Foi essa foi a solução encontrada terça-feira (1º) pela aposentada Eny da Costa Leão, 72 anos, que pagou R$ 10 para usar a cadeira alugada pelos guardadores de carro na Alameda Dr. Muricy por três horas.
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“Sem a cadeira, meu corpo de idosa não deixaria eu ficar três horas na fila, como eu fiquei da última vez”, conta Eny, que compareceu à DPPR pela segunda vez para tentar conseguir o custeio para remédios que o SUS não dá. Além de solução para as dores de ficar em pé, o aluguel da cadeira é uma oportunidade de fazer um dinheiro extra encontrada pelos flanelinhas. Há 13 anos cuidando de veículos nos arredores da Alameda Dr. Muricy e da Rua Cruz Machado, um guardador, que não quis ser identificado, percebeu a demanda recentemente.
“A minha ideia não é ganhar muito dinheiro com isso, até por que eu só tenho duas cadeiras. Mas, se as pessoas querem e precisam, eu não vejo por que não”, esclarece o flanelinha, que começou com o serviço neste ano. Até agora, o aluguel tem sido esporádico, explica, e normalmente para senhoras idosas. Quando não estão alugados, as cadeiras são usados por ele mesmo, enquanto descansa de cuidar dos carros. As cadeiras ficam guardadas de favor em um estabelecimento da região.
Fila para pegar senha
De acordo com a Defensoria, o atendimento é feito por senhas, distribuídas a partir das 12h. A fila se forma porque a população, na tentativa de garantir uma senha, começa a chegar muito antes do órgão abrir, por volta das 9h. A DPPR entrega 50 senhas para atendimento diariamente e afirma que costuma dar conta da demanda.
Antes do sistema de senhas, porém, a fila já chegou a ter 300 pessoas. O guardador de carros da região conta já ter visto cenas como essa. “Hoje em dia é mais raro, mas eu já vi muita gente sair frustrada por ficar na fila e não conseguir atendimento. Mesmo assim, acho que eles ainda podiam pensar em um sistema melhor”, avalia.
Eny Costa concorda: “Estou tendo que vir pela segunda vez. E eu venho lá da CIC. Já não ganho muito com a aposentadoria, então ter que ficar alugando cadeira a R$10 toda vez que venho sempre não teria como”, reclama.
Justiça gratuita
A DPPR concede acesso gratuito à Justiça para casos em instâncias estaduais, atendendo pessoas com renda mensal familiar de até três salários mínimos.
É possível usar os serviços da DPPR para obter defesa judicial ou para dar início a um processo. Também é necessário que comprove que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de um advogado sem prejudicar seu próprio sustento ou de sua família.
Colaborou: Cecília Tümler
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