O Morro do Farol, um dos pontos turísticos mais importantes da Ilha do Mel, no Litoral do Paraná, está sendo consumido por incêndio desde a madrugada desta segunda-feira (31). A suspeita é de que a causa do fogo tenha sido ação humana. Um morador disse que turistas foram vistos fazendo fagulhas em pedaços de lãs de aço pouco antes de a tragédia começar . Conforme o Corpo de Bombeiros, entre 3 e 4 mil metros quadrados da vegetação já foram devastados.
Vídeo mostra chamas no Morro do Farol
No começo da tarde, o trabalho dos bombeiros continuava e não havia perspectivas para ser encerrado, já que o acesso aos focos maiores é complicado e o vento ajuda as chamas a se alastrarem o tempo todo. O Farol das Conchas, ainda ativo, não chegou a ser danificado.
Veja fotos do incêndio que atinge a Ilha do Mel
O incêndio - o segundo no mesmo dia no Litoral - começou por volta da meia-noite. Moradores da Ilha foram os primeiros a subir o morro para controlar as chamas. Eles reuniram os extintores de todas as residências e estabelecimentos comerciais de pontos próximos e conseguiram extinguir os maiores pontos de fogo. A Polícia Ambiental compareceu em seguida. O Corpo de Bombeiros chegou por último - cerca de duas horas depois - com equipes de Paranaguá, Pontal do Paraná, Morretes e Antonina.
Pela manhã, bombeiros sobrevoaram a área com um helicóptero do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA) e constataram que uma área de 3 mil metros quadrados de vegetação já havia sido devastada. No entanto, o estrago pode ser bem maior, uma vez que novos focos ressurgiram no meio da manhã.
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De acordo com o tenente Rodrigo Guilherme Malaquias da Silva, da equipe que atua no combate às chamas desde a manhã, um novo princípio de incêndio foi detectado por volta das 9h, tão logo as temperaturas começaram a subir e o vento ficou mais forte. Contudo, os focos estão em uma área muito íngreme, onde o acesso é praticamente impossível - o que tem dificultado, e muito, o trabalho dos bombeiros.
“Esses novos focos ficam bem na encosta, em uma área muito íngreme. Então, nosso trabalho tem sido praticamente só de contenção, para não deixar passar para o outro lado do morro. Como a gente não consegue chegar nos focos maiores, é só segurar para não chegar mais para cima”, relata o tenente.
Ainda segundo ele, uma nova equipe será deslocada para monitorar as chamas durante a tarde e, caso seja necessário, haverá uma escala de trabalho noturna no local.
Ao todo, seis bombeiros militares e seis policiais da Polícia Ambiental atuam na operação no morro. Moradores da Ilha também têm sido essenciais para ajudar no controle das chamas. Além de terem sido os primeiros a impedir o alastramento das chamas, são eles, por exemplo, que têm ajudado a manter abastecido o reservatório de água das bombas que estão sendo usadas pelos bombeiros.
As chamas não chegaram ao Farol das Conchas, que fica no morro. Em nota, a Capitania dos Portos do Paraná lamentou o ocorrido e confirmou que a estrutura não foi danificada. O Farol das Conchas presta serviço de auxílio à navegação nas proximidades do canal de acesso à Baía de Paranaguá.
Susto
A chamas altas assustaram turistas que estão na Ilha do Mel para as festas da virada do ano e também os moradores locais. Por causa do tempo seco e do vento forte que fazia no momento em que o incêndio começou, era grande o medo de que as chamas se espalhassem muito rápido, atingindo ainda outros pontos da Ilha.
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Dona de uma pousada próxima ao morro, Marlene Wos Gritlet, de 65 anos, foi uma das primeiras pessoas a perceber o incêndio na montanha. “Eu senti o cheiro da fumaça e levantei. Então abri a janela do meu quarto, que dá bem para o morro, e vi o fogo começando. E se espalhou muito rápido”, conta.
A proprietária disse que foram os moradores quem conseguiram diminuir a intensidade do incêndio em um primeiro momento. Com extintores das casas da região e do comércio, eles deram conta de fazer o primeiro controle das chamas até a chegada do Corpo de Bombeiros. Equipes da corporação, que ficam em sedes fora da Ilha, só chegaram por volta das 2h. “Foi bem desagradável ver tudo isso de perto, mas tenho que dizer que os moradores aqui foram bem guerreiros”.
Turistas também ficaram em alerta e com medo de que os focos se espalhassem ainda mais rápido por causa do vento. “Eu estava a mais ou menos uns 4 quilômetros do morro, mas dava para ver muito bem porque aqui é um breu, sem poste, sem luz. E foi assustador porque está tudo muito seco, muito calor e na hora estava ventando bastante também”, descreveu a estudante Phaenna Assunção, 22 anos.
Ainda segundo Assunção, os comentários na Ilha sobre as causas do fogo vão de encontro ao que o Corpo de Bombeiros evidenciou: de que pessoas possam ter dado início ao incêndio. “Tinha um rapaz perto de mim na hora e ele disse que tinha gente brincando com um negócio de fogo lá no Morro. Pelo jeito realmente foi provocado”.
Outro morador da ilha , que preferiu não se identificar, disse que turistas foram vistos brincando de fazer fagulhas em lã de aço (bombril) e que isso é que teria provocado a tragédia.
Os bombeiros informaram que, apesar da suspeita, as causas ainda estão sendo investigadas.
Vídeo mostra chamas no Morro do Farol
Veja fotos do incêndio
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