A quadra da Rua João Negrão entre as ruas Engenheiros Rebouças e Brasílio Itiberê está mais escura: de acordo com moradores da região, a luminária de LED e os cabos de dois postes baixos que iluminavam o local foram furtados durante as madrugadas de domingo e quarta-feira da semana passada. Para isso, os ladrões recorreram a uma técnica considerada inédita no que diz respeito a furtos de materiais da iluminação pública: os postes, feitos em fibra de vidro, foram serrados.
“O primeiro foi de sábado para domingo. Serraram o poste com uma serra manual, ele caiu e eles levaram a luminária. Na quarta-feira, serraram outro. Parece uma modalidade nova de atentado ao patrimônio da cidade”, conta o comerciante Vitor Rossigneux. Segundo ele, nas duas ocasiões os postes foram encontrados deitados na calçada que deveriam iluminar. Após segundo furto, os comerciantes e trabalhadores da região resolveram denunciar a situação, já que consideraram que as falhas na iluminação deixam o local mais inseguro.
Escuridão na Rua João Negrão
“O bairro é crítico [no que diz respeito à segurança], então a iluminação faz falta. E essas luminárias têm uma iluminação ótima, um padrão muito bom”, diz Rossigneux. Lilian Cássia Arten, funcionária de uma oficina de motos na mesma quadra que já sofreu diversas tentativas de assalto na região, concorda: “A João Negrão é uma rua difícil. Muito perigosa. Ainda mais sem iluminação”, avalia. Para ela, os postes ajudam a coibir crimes, principalmente os que possam acontecer entre o fim da tarde e o início da noite quando muitos saem do trabalho - e que, de acordo com quem frequenta a região, são comuns.
“Andar na rua é perigosíssimo. Vários funcionários da loja, andando à noite para pegar ônibus, já sofreram [assaltos ou tentativas de assalto], conta Anderson Bergamo, gerente de outro comércio da rua. Segundo ele, os estabelecimentos da região não são poupados e, para evitar problemas, vários optam por contratar empresas de segurança particular e instalar alarmes e câmeras.
Além da reposição da iluminação - e da prevenção de outros furtos semelhantes, os comerciantes e trabalhadores da região pedem mais policiamento para que a situação melhore. “Mais policiamento é o mínimo. Aqui só vemos polícia em época de eleição. Do contrário, você raramente vê algum policial”, reclama Lilian.
De acordo com a Secretaria Municipal de Obras Públicas, os postes serrados e as luminárias furtadas devem ser repostos na próxima semana. A reposição vai custar cerca de R$ 10 mil.
Nova técnica, problema antigo
O uso de serras para cortar os postes de fibra de vidro e furtar os cabos e luminárias surpreendeu não apenas a população, mas também a prefeitura de Curitiba. De acordo com o diretor de iluminação pública da Secretaria Municipal de Obras Públicas, Tony Malheiros, nenhum outro caso semelhante havia sido registrado até agora, mesmo com a instalação desse tipo de poste tendo acontecido há mais de um ano.
Ele conta ainda que o material foi escolhido devido à facilidade que representa. “A fibra de vidro, na nossa visão, é um material mais moderno e também mais leve, mais fácil de transportar e de implantar. Ele também não tem valor comercial, diferentemente do [poste] de ferro ou de aço galvanizado”, diz. Já as luminárias de LED tinham por objetivo oferecer uma iluminação que proporcionasse melhor conforto visual e maior segurança.
Apesar da novidade, os furtos de equipamentos da iluminação pública são um problema antigo para a prefeitura e o item “mais levado” é o cabo de cobre. Conforme Malheiros, só neste ano mais de 6 mil metros de cabos foram furtados na Av. Marechal Floriano Peixoto, entre a passarela do Hauer e a divisa com São José dos Pinhais, e, ao todo, a prefeitura já gastou em torno de R$ 100 mil repondo cabos que foram roubados da Av. Marechal Floriano Peixoto, Praça Afonso Botelho (Praça do Atlético), Av. Iguaçu, Av. Tolado Tulio, entre outros locais onde esse tipo de crime foi registrado.
Segundo ele, para coibir esse tipo de crime, a prefeitura recoloca os cabos com um sistema antifurto. Já no caso dos postes serrados, a melhor forma para evitar que isso ocorresse seria aumentar o número de rondas da Guarda Municipal nos locais onde os postes foram instalados.
“Vamos tentar reforçar o trabalho com a Guarda para monitorar esses locais, fazer rondas. Temos também uma ação integrada com polícia: nós fazemos os boletins de ocorrência e eles fazem o trabalho investigativo”, afirma. Para isso, ele pede que a população denuncie novos casos por meio do 156 (central da prefeitura) e do 153 (Guarda Municipal).
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