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Imagem ilustrativa | Pexels/
Imagem ilustrativa| Foto: Pexels/

Imagine a seguinte situação: pensando em ter um momento divertido, você decide levar seus filhos ao circo em Curitiba. Chegando nas redondezas do circo, você vê vários palhaços, e rapidamente alguns deles se aproximam tentando, insistentemente, vender fantoches e brinquedos de alto valor. Quando você se recusa a comprar, ouve grosserias, xingamentos, e é ameaçado de ter seu carro riscado ou danificado. Mais tarde, descobre que o palhaço vendedor não tinha relação nenhuma com o espetáculo que você foi assistir.

Essa foi a circunstância pela qual passou o vendedor externo Rafael Morais Carvalho, de 37 anos, quando levou sua sobrinha ao Circo Zanchettini, em dezembro de 2018. Mas não se trata de um caso isolado e tem sido muito comum no entorno de circos montados na capital. Com características de extorsão, a abordagem dos “falsos palhaços”, como eles têm sido chamados pela comunidade circense, é e especialmente prejudicial porque muitos deles se passam por integrantes do circo em questão, mas não há nenhuma relação entre os golpistas e os artistas do circo.

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No caso de Carvalho, o homem chegou a dizer que o brinquedo também seria vendido durante o espetáculo, mas por um valor muito maior. “Era um brinquedo fajuto pelo qual ele estava cobrando R$ 45”, lembra Carvalho. O falso palhaço mostrou o fantoche à sobrinha dele, de 5 anos, que insistiu muito para o tio comprar o brinquedo. “Tudo proposital, mas não me convenceu. Foi então que ele disse que se eu não levasse, eu iria ver o que aconteceria com o meu carro”, diz, recordando a ameaça.

De acordo com a administração do Circo Zanchettini, que está montado no Parque Barigui há cerca de seis meses, são pelo menos dez homens atuando em todo o parque, com as mesmas táticas agressivas. “Já chamamos a Guarda Municipal várias vezes, mas assim que os guardas chegam, esses homens fogem”, relata a locutora do circo, Erimeide Zanchettini, de 57 anos. Conforme a locutora, o grupo parece uma gangue, e está motivando alertas ao público em todos os espetáculos: “Temos que avisar às pessoas que eles não são nossos funcionários e tampouco ex-funcionários, porque o público fica furioso com a abordagem deles”.

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Essa não foi a primeira vez, porém, que os falsos palhaços rondam os circos de Curitiba. Segundo Erimeide, em outras capitais pelas quais o Zanchettini passou esse tipo de prática também acontece. A diferença é que, agora, a quantidade de abordagens está extrapolando qualquer limite razoável: “São muitos, com abordagens cada vez mais violentas, que denigrem nossa imagem e incomodam e ofendem as pessoas”, desabafa.

O próprio Rafael Morais Carvalho lembra de outra situação em que encontrou com palhaços da mesma estirpe. Por volta de julho de 2018, ele e sua esposa acompanharam um casal de amigos e seu filho a um circo que estava montado no estacionamento de um supermercado no Mossunguê. “Quando estávamos procurando lugar para estacionar, eu vi cerca de cinco desses palhaços, também vendendo brinquedos mal-acabados, mas daquela vez nós não fomos escolhidos como vítimas”, comenta.

Arte livre?

Apesar de a arte de rua ser livre e o circo não ter o direito de impedir que palhaços vendam brinquedos perto de seus estabelecimentos, o problema não é exatamente esse, afirma Erimeide. “O verdadeiro palhaço trabalha para arrancar sorrisos das pessoas, e passa o chapéu para conseguir uma contribuição. Mas nesse caso eles estão sendo truculentos, usando ameaças e técnicas duvidosas, e, além de tudo, o nome do circo”, explica. Por isso, a orientação é sempre conferir no próprio circo se os vendedores realmente trabalham em parceria com eles.

A Fundação Cultural de Curitiba (FCC) foi procurada, mas não se manifestou até a publicação da reportagem. Já a Guarda Municipal afirmou não ter encontrado registros de chamadas sobre a situação. Mas, para que possa começar a fazer rondas para inibir as vendas abusivas, é preciso que a população denuncie. Isso pode ser feito por meio do número 153, diretamente com a Guarda. Ou, ainda, pelo telefone 156, da prefeitura de Curitiba. Outra opção é acionar a Polícia Militar – por meio do telefone 190 ou do APP 190 - Emergência Paraná.

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