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Essa deverá ser a primeira gestação de quíntuplos bem-sucedida da história do Paraná
Essa deverá ser a primeira gestação de quíntuplos bem-sucedida da história do Paraná| Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Paraná

Se já é uma felicidade para um casal receber a notícia de um filho a caminho, imagine então com cinco chegando. Essa é a expectativa do casal Anieli Kurtel, 24 anos, e Luís Fernando Araújo, 33. O casal, morador de Chopinzinho, no Sudoeste do Paraná, precisou se mudar para a região de Curitiba para o acompanhamento médico, de tão rara que é essa gravidez. Essa deverá ser a primeira gestação de quíntuplos bem-sucedida da história do Paraná.

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Depois de alguns exames e ainda com dúvidas se estava grávida, Anieli foi fazer mais um ultrassom e aí veio a surpresa: “O médico contou cinco bebês e disse que ia verificar se todos estavam bem”. Ele contou os bebês de novo e ainda disse que, para sorte do casal, todos estavam muito saudáveis. “Cada bebê que o médico mostrava o Luís ficava mais feliz. No quarto ele ficou mudo. No quinto ele perguntou: Mas será que é possível isso?”, ri Anieli, que disse que ouvir os cinco corações batendo juntos foi emocionante demais. “Parecia uma bateria de escola de samba”.

Tomados de felicidade, os dois saíram do exame telefonando para os familiares. “Eles entendiam que a Ani estava grávida de cinco meses. Aí a gente dizia: não, não são cinco meses, são cinco bebês”, diverte-se o casal.

Anieli foi acompanhada pelos médicos de sua cidade até a 22ª semana de gestação, quando os profissionais acharam melhor que ela viesse para Curitiba. “Os bebês vão ter que ir para UTI quando nascerem, até terminarem de se desenvolver. Só que a UTI neonatal lá de Chopinzinho tem apenas 10 leitos. Os médicos ficaram preocupados que desse alguma lotação no hospital no dia do parto e não houvesse vaga para os cinco, aí teria que ficar um em cada hospital. Então decidimos em conjunto vir para um lugar com mais estrutura”, contou Araújo.

400 Km

Assim, Anieli foi direcionada pelo SUS para o Hospital Nossa Senhora do Rocio, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, onde chegou no dia 22 de julho. Ela teve que ser trazida de avião, disponibilizado pelo SUS, pois não tinha condições de seguir 400 quilômetros (cinco horas e meia) de estrada. O risco de um parto prematuro no chacoalho do carro era grande, pois apesar dela estar com 23 semanas agora (aproximadamente seis meses), seu útero já alcançou o tamanho de 40 semanas, ou seja, extremo final de gestação.

E já no primeiro exame no Hospital do Rocio, a surpresa: não eram quatro meninos e uma menina, como apontou o exame anterior. São três meninos e duas meninas. E o casal já tem os cinco nomes e sabe exatamente onde cada um está na barriga, pois nesta fase, já não mudam mais de posição.

E assim, já com todos os órgãos comprimidos e sem espaço, a jovem vai mantendo a gestação. “Meu objetivo é chegar pelo menos até 28 semanas. Depois disso, vou manter o quanto conseguir, pois cada dia na minha barriga são três dias a menos de UTI”, diz a mamãe, que já não consegue mais deitar de barriga para cima, dormir, ou achar um jeito confortável para sentar.

| Felipe Rosa / Tribuna do Paraná

Ajuda bem-vinda

Anieli Kurtel trabalhava como auxiliar de mercado. Seu esposo, Luís Fernando Araújo, é vendedor. Ela foi dispensada do trabalho e hoje vive com o auxílio do INSS, de pouco mais de R$ 1 mil. Araújo conseguiu uma licença temporária da empresa que trabalha, porém não remunerada, e por enquanto está sem renda.

“Eles entenderam a minha necessidade e me deram a licença, para poder acompanhar a Ani, pois ela não poderia ficar sozinha aqui em Curitiba. Pelo menos tenho meu emprego garantido depois que os bebês nascerem e a gente conseguir voltar para casa. E vou precisar, pois são cinco agora. Já temos o Davi”, diz o vendedor, que está preocupado que, no futuro, precisará alugar uma casa maior, para quando as crianças começarem a crescer.

“Estou tentando não pensar em nada disso agora. Eu me desliguei de vários assuntos, estou deixando o Luís cuidar de tudo, até do meu telefone, pra eu ficar tranquila, focar nos bebês, não ficar ansiosa ou preocupada nesse momento. Apesar da gente estar aqui, nossa casa continua lá em Chopinzinho. Independente se está fechada ou não, continuamos pagando o aluguel, a água, a luz, o telefone, a internet. Sorte que o meu auxílio do INSS está ajudando a manter essas contas. Sei que teremos mesmo que pensar numa casa maior. Mas nesse momento prefiro não pensar nisto”, diz a mamãe, que já sofre muito com saudades do filho mais velho, Davi Lucas.

“Nossa, foi uma mistura de felicidade e de preocupação quando descobrimos quíntuplos. Eu e a Ani sempre trabalhamos. E também não reclamamos em momento nenhum de ter sido presenteados com cinco bebês. Mas me bate um desespero às vezes, preocupação se vou conseguir manter cinco crianças. A gente já sabia da possibilidade de uma gestação múltipla, porque na família da Ani nasceram gêmeos. Mas nunca imaginamos cinco”, contou o pai, preocupado com o futuro.

O casal está hospedado numa pousada, quase em frente ao Hospital Nossa Senhora do Rocio, em Campo Largo. Por sorte, a diária, de R$ 60, está sendo custeada pela prefeitura de Chopinzinho. “Quando chegamos, a primeira noite ficamos num abrigo da prefeitura. Mas lá era movimentado o tempo todo, entra e sai de gente, um banheiro coletivo para quase 200 pessoas. Na minha situação eu não ia conseguir ficar lá, pois havia muita gente doente e eu preciso manter a minha imunidade. Aí conversamos com o pessoal e a prefeitura nos conseguiu essa pousada”, diz ela. Por sorte, o local fica perto do hospital e o casal não precisa gastar com transporte. O único gasto que estão tendo é com alimentação, almoço e jantar principalmente.

Comovidos e emocionados com a história dos quíntuplos, os moradores de Chopinzinho e cidades próximas começaram a fazer uma campanha para ajudar o casal. “Fizemos uma vaquinha online, o pessoal está engajado na campanha”, diz a mamãe.

Pelas contas do casal, serão necessárias aproximadamente 1.300 fraldas por mês. Sem contar lenços umedecidos, pomadas, produtos de higiene, leite, roupas, móveis e outros itens necessários. E mais as contas da casa que deverão aumentar, como água, luz e gás. O casal não sabe exatamente quanto tudo isso vai dar em dinheiro.

Enquanto os bebês estiverem internados na UTI neonatal (pelo menos dois meses depois que nascerem), também precisarão de fraldas tamanho RN (recém-nascido) e produtos de higiene, que não são fornecidos pelo SUS e têm que ser comprados pelos pais. Portanto, quem quiser ajudar também com fraldas, pomadas e sabonetes (mas tem que ser produtos próprios para recém-nascidos, pela fragilidade dos bebês), doações são muito bem-vindas.

A Vakinha online pode ser encontrada no site. (O número de identificação da Vakinha é o 567080). Fraldas, pomadas, produtos de higiene podem ser entregues na sede da Tribuna*. O endereço é Avenida Victor Ferreira do Amaral, 306, no bairro Tarumã, em Curitiba (Edifício Aroeira Office Park). Informações: 3321-8578 / 8579.

*Pede-se não levar as doações diretamente ao casal, pois não há espaço na pousada e a gestante necessita de repouso.

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