O carnaval de 2019 de Curitiba não contará com um dos nomes que mais lutou por sua realização. Glauco Souza Lobo, carnavalesco conhecido em todas as rodas culturais da cidade, morreu aos 79 anos no último dia 21. Foi diretor-executivo da Fundação Cultural de Curitiba nos anos 80, agitador cultural, figura importante do movimento negro, secretário municipal do Turismo e chefe da Coordenação de Incentivo à Cultura da Secretaria de Estado da Cultura (SEEC).
Carioca de Niterói, atendeu ao chamado de Curitiba e fez da cidade o lar de seu carnaval. Nos anos 70, foi motor da septuagenária escola de samba Embaixadores da Alegria, da qual foi presidente, levando um novo ânimo tanto à escola quanto à festa de rua. “Ele era muito inteligente, se você conhecesse ele e batesse um papo durante uma tarde, você já achava que era seu melhor amigo, uma pessoa muito pra cima”, lembra o atual vice-presidente da Embaixadores, Diogo Peres Lima. Além dela, Glauco também presidiu a Não Agite.
Trabalhava não apenas pelas escolas que representou, mas pela união das escolas de samba do Paraná, para que a folia fosse respeitada e representativa no estado. Reconhecido nacionalmente pelo trabalho no Turismo e na Cultura da capital paranaense e do estado, em sua gestão na SEEC (de 2002 a 2007) foi realizada a primeira Conferência Estadual de Cultura, envolvendo os 399 municípios do Paraná.
Além disso, foi uma época de realização de diversos estudos para a Lei Estadual de Incentivo à Cultura e também de esforços para a posterior criação do Prêmio Estadual de Cinema e Vídeo. “Ele era uma pessoa extremamente ativa. Ao mesmo tempo em que cuidava do dia a dia da nossa Coordenação, fazia questão de participar e auxiliar em várias outras atividades na área cultural”, conta a produtora cultural Lia Amaral, que trabalhou com ele na coordenação.
Fundou Instituto Ilu Aye Odara e teve forte atuação na defesa da cultura afro-brasileira e do movimento negro. Também fundou o Instituto Clóvis Moura e entre 2005 e 2010 realizou um levantamento tanto sobre o número de comunidades quilombolas do Paraná, como sobre a atual situação dos quilombos. Por todo o grande e amplo trabalho em prol da cultura e do turismo, em 2005 recebeu o título de cidadão honorário de Curitiba.
Contador de casos, conselheiro, solidário com todos e bom ouvinte, sabia respeitar as diferenças, fossem elas de raça, religião, políticas ou ideológicas. Era um otimista irremediável, mas mesmo assim mantinha a postura realista para enfrentar as adversidades. Ativo até seus últimos carnavais, em vídeo gravados poucos dias antes de falecer, fala com alegria sobre o futuro do carnaval, desejando muitas felicidades para a escola Embaixadores da Alegria, que completava 71 anos. Ao final, canta o “Parabéns pra você” com sua alegria característica. Este ano, a escola sai contando a história da cidade litorânea de Paranaguá, e reforçando um conselho de Glauco: relembrar sempre e mostrar a história do povo.
Deixe sua opinião